Breno acabou aceitando ir à praia, mas estava agoniado e incerto de sua decisão. Quando voltou do trabalho naquele dia, seu pai o esperava na porta de casa.
- Vi que chegou de carona. -disse o homem de cabelos grisalhos, alto, vestindo calça jeans e uma jaqueta.
- Pai, já chegou? -Breno o cumprimentou e foi abrir a porta.
- Sim, ultimamente tem sido difícil meu único filho atender o telefone. -eles entraram na casa e foram recebidos por Duque.
- Desculpe, tenho andado meio distraído... -Samuel se sentou na mesa da cozinha.
- Sei... até imagino o que é essa distração.
- Como assim? -perguntou Breno colocando algumas panelas no fogo.
- Nada... Quem veio te trazer naquele carro?
- Era o Isaac, aquele que eu falei.
- Hum... fale mais.
- Eu fui jantar na casa dele ontem, ele me apresentou a irmã, Ágata, uma garotinha linda e esperta, Isaac cuida dela desde que os pais morreram.
- Sozinho?
- Sim, eles se dão bem, quando não estão discutindo, eles me convidaram para ir a praia, mas não acho uma boa idéia.
- Como não? Você deve ir, já faz muito tempo desde a última vez que foi ver o mar, vai ser bom.
- Mas... -Breno se sentou na frente do pai e o encarou. - Não quero me aproximar ainda mais dele.
- Tarde demais!
- Não entendi...
- Olha para você, totalmente preocupado, lhe conheço muito bem, não quer se afastar e sim criar mais intimidade.
- Não posso, Isaac é um cara tão legal, seria cruel de minha parte permitir que ele se aproxime de alguém como eu.
- Para com isso filho, sua doença não pode continuar te impedindo de ser feliz e está na cara que você sente algo a mais por esse tal de Isaac.
- Não! sabe o que eu sofri, é impossível gostar de outro homem depois daquilo!
- Mas eu sei que você sempre gostou. -Breno encarou Samuel espantado. - Você rejeitava todas as garotas e ficava abraçando seus amigos, estou errado?
- Não... percebeu que eu gostava de garotos e não fez nada?
- O que poderia fazer? Você é meu filho, te amo de qualquer jeito, só quero que seja feliz.
- Mas não é estranho eu continuar gostando, depois de tudo?
- A pessoa que te fez mal não era um homem e sim um monstro terrível, até onde sei nunca te fiz mal e o cara que te salvou era um homem, não se sinta mal por gostar do Isaac, você é perfeitamente normal. -Breno e Samuel conterão algumas lágrimas durante aquela conversa.
- Pai... Você é incrível, obrigado por ter ficado ao meu lado com a mamãe, vocês são tudo para mim. -Breno abraçou o pai.
- Eu que agradeço, ainda vai ficar com essa idéia de afastar o Isaac?
- Sim, desculpa, mas estou fazendo isso por gostar dele.
- Ah! -suplicou o homem. - Ok, você que sabe. -Samuel se levantou e foi para porta.
- Não vai ficar para jantar?
- Já comi um monte de besteira que aqueles ambulantes vendem no caminho para cá, posso até ficar mais um pouco.
- Melhor não é perigoso andar sozinho essa hora, vou te levar para o ponto.
Breno desligou o fogo, pegou seu casaco e foi com Samuel até um ponto de ônibus perto de sua casa, eles se despediram após alguns conselhos paternos, depois Breno voltou para casa e ficou pensando no que fazer, sem chegar a nenhuma solução ele foi dormir.
O resto da semana passou bem rápido, no sábado de manhã, o sol brilhava, o dia estava lindo e perfeito para ir a praia, mas o despertador de Breno não tocou e ele dormia feito criança. Foi quando Isaac e Ágata chegaram, vendo que Breno ainda não estava pronto foram bater na porta, o cachorro começou a latir e ele enfim acordou, com o cabelo todo bagunçado, a cara pálida e usando pijama ele foi atender a porta.
- Nossa, já amanheceu, desculpem eu me arrumo em um segundo! -Breno abriu a porta meio desnorteado, Ágata e Isaac o encararam surpresos, enquanto Duque começou a cheirar e pular neles.
- Tudo bem. -disse Isaac entrando na casa.
- Qual o nome do cachorro? -perguntou Ágata brincando com ele.
- Esse é o Duque! -Breno correu para o quarto, alguns barulhos de coisas caindo foi ouvido da sala.
- Vocês está bem? -Isaac se aproximou da porta do quarto preocupado com os barulhos.
- Sim! -Breno rapidamente colocou uma roupa e foi para o banheiro fazer suas higiene e tomar remédios.
- Oi Duque! ele é bem brincalhão. -afirmou passando a mão no cachorro enquanto Ágata o abraçava.
- Eu quero um cachorro!
- No meu apartamento? de jeito nenhum.
- Então eu vou vir morar com o Breno e o Duque!
- Eles não vão te aguentar por uma semana! -Ágata mostrou a língua para o irmão.
- Estou pronto. -Breno veio correndo para a sala segurando uma mochila.
- Ótimo, podemos ir!
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Realidade e Pesadelos.
RandomUm homem que ainda vive os pesadelos de seu passado terrível, encontra alguém que o faz se sentir vivo de novo, após sofrer por tantos anos. Quando Breno tinha treze anos, seus pais se separaram, ele foi morar com sua mãe Antônia, ela começou a tr...