Ao chegar na porta de casa, Breno avistou Isaac sentado na varanda usando terno, correu na direção dele que se surpreendeu.
- Você fugiu do hospital?!
- Sim...
- Como se sente?
- Cansado e precisando de um banho... Cadê a Ágata?
- Com a babá.
- Ótimo, tenho uma história longa e triste para lhe contar, vou precisar de tempo, mas primeiro vamos entrar.
Breno abriu a porta e foi para o banheiro, enquanto Isaac ficou sentado na sala, alguns minutos depois ele voltou com o cabelo molhado, uma blusa e bermuda, se sentou ao lado de Isaac e começou a o encarar.
- Breno, não ligo para a doença, nós podemos nos proteger, vai dar tudo certo, você nunca me fará mal.
- Agora eu sei disso, obrigado por me aceitar, isso significa muito para mim.
- Então podemos ficar juntos? -Isaac se aproximou para o beijar, mas Breno desviou.
- Primeiro você precisa saber como eu adquiri essa doença... e o motivo de não me aproximar de ninguém, é mais complicado do que parece.
- Foi algum namorado idiota, ou namorada?
- Não, pior que isso... apenas escute, é difícil para mim falar sobre isso.
- Estou pronto para ouvir. -Isaac segurou as mãos dele e respirou fundo.
- Ok... a alguns anos atrás meus pais se separaram, eu tinha só treze anos e fui morar com minha mãe... -Breno começou a ter vontade de chorar, mas continuou. - Ela teve que trabalhar pois não queria depender de meu pai, enquanto eu teria de voltar da escola sozinho e ficar em casa até ela voltar, o que não parecia tão difícil... nós tínhamos um vizinho que vendia doces... -Ele começou a chorar. - Parecia um senhor inofensivo, mas poucos dias depois de nos mudarmos, eu estava voltando da escola... e ele me atraiu para dentro da loja... -Isaac também começou a chorar.
- Não precisar dizer mais nada eu já entendi... -ambos choravam descontroladamente.
- Eu vou contar até o fim... Depois de ser violentado por aquele monstro e ainda por cima ameaçado, fui para casa, tive que fingir...
Breno começou a contar cada detalhe dos piores dias de sua vida, Isaac o abraçava e chorava, como se pudesse sentir aquela dor.
- Mas depois de tanto sofrer eu encontrei um homem incrível, que junto de sua irmã, me mostraram que eu ainda posso ser feliz.
- E eu tenho certeza que esse homem quer te fazer feliz mais do que qualquer coisa no mundo. -ele colocou as mãos no rosto de Breno.
- Por favor, tenha paciência comigo, eu nunca me relacionei com ninguém nem antes e depois pior ainda...
- Eu vou ter, agora posso te entender melhor, só vou te tocar quando você estiver pronto, serei paciente. -Isaac beijou a testa de Breno e o ficou encarando.
- Vou me esforçar para perder o medo... -devagar Breno aproximou seus rostos. - Quero fazer dar certo. -ele encostou seus lábios, Isaac não resistiu e colocou a língua dentro da boca dele, devagar porém de forma ousada.
- Desculpa, esperei tanto por isso que não resisti. -disse saindo do beijo, Breno estava vermelho, quase não se mexia e olhava fixamente para Isaac. -Você está bem?
- Sim... consegui! dei meu primeiro beijo... pensei que nunca ia acontecer...
- Acho que demos um importante passo hoje.
- Sim. -Breno o abraçou. - Ainda bem que foi com você...
Eles ficaram abraçados no sofá, até Breno adormecer de cansaço, já que não dormia a dois dias, Isaac o levou para cama e se deitou ao lado dele, depois de mandar uma mensagem para Ágata, perguntando se a babá ainda estava com ela, depois de saber da irmã, Isaac abraçou Breno e dormiu.
De manhã ele acordou primeiro, deu comida para o cachorro e preparou um belo café da manhã para Breno, levou para o quarto e devagar o acordou.
- Amor acorda... eu cozinhei e pela primeira vez acho que minha comida ficou boa. -lentamente Breno abriu os olhos e o encarou. - Bom dia!
- Bom dia... não voltou para casa ontem?
- Não, aproveitei que a babá ainda estava com a Ágata e decidi ficar aqui, fiz o café da manhã, aposto que está faminto.
- Pior que estou. -Isaac colocou a bandeja no colo dele. - Parece gostoso, obrigado.
- Não é nada... eu tenho que ir trabalhar daqui a pouco, mas volto a noite.
- Eu também vou e você não pode deixar a Ágata sozinha por minha causa.
- Mas você está melhor?
- Ótimo, só com um pouco de sono e o próprio médico disse que eu estava bem.
- Então a noite vai para minha casa, ok?
- Ok, agora vamos comer.
Após o café da manhã, Breno foi tomar seus remédios e se arrumar. Eles passaram no apartamento de Isaac para ver se Ágata estava bem e depois foram para o trabalho, Breno se sentia bem revigorado, nunca havia se sentido tão feliz desde antes da separação de seus pais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Realidade e Pesadelos.
AcakUm homem que ainda vive os pesadelos de seu passado terrível, encontra alguém que o faz se sentir vivo de novo, após sofrer por tantos anos. Quando Breno tinha treze anos, seus pais se separaram, ele foi morar com sua mãe Antônia, ela começou a tr...