11 - Choque

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Talvez, pela primeira vez neste século, tenha ficado longos minutos sem qualquer reação. As palavras da Diana percorriam a minha mente como se fossem uma serpente evitando bater nas paredes afastando e aproximando a informação, processando-a em pequenos fragmentos. Sentia-me em transe, uma sensação inóspita e distante, alternei o olhar entre a Diana, que me olhava com uma expressão desconcertada, e um ponto longínquo na parede.

- Já chega Cassandra! - A voz dela percorreu um corredor infindável até encontrar o único ponto de acesso. Apenas o estalar de dedos, como se de uma hipnose me despertasse, fez-me sacudir a cabeça e verbalizar meia dúzia de palavras atabalhoadas.

- Não faz qualquer sentido.

- Cassandra é o único "sentido" plausível para a tua mãe te ter mandado para este fim do mundo concretamente.

- Porque é que nenhuma delas mo disse diretamente? - Gritei mostrando as presas.

- Acalma-te Cassandra. - Pediu enquanto se desviava de uma cadeira voadora.

Respirei fundo tentando acalmar a elevada concentração energética que me fluía pelo corpo e movimentava os objetos à minha volta.

- A Brianna odeia-me por ser vampira.

- Permite-me que te corrija, a Brianna odeia vampiros em geral.

- Aparentemente é um fator comum aos poucos habitantes desta cidade. – Protestei.

- O melhor é confrontá-la. É a maneira mais rápida de obtermos as respostas que precisamos e não me estou a referir à tua nova missão. Não te esqueças do teu objetivo.

- Sim, tens razão. O que descobriste acerca da Raven?

- A única coisa que consegui descobrir, entre os livros antigos na biblioteca secreta de Goulark, foram meras referências sobre uma caçadora criada para atormentar vampiros ao longo dos séculos. - Revirou os olhos confusa e algo desiludida.

- Ou seja, não sabemos quem nem quando mas alguém criou a Raven.

- Sim Cassandra temo que tenha sido exatamente assim e uma vez mais a pergunta de 1 milhão é: Quem?

- Aposto que a Brianna sabe a resposta a essa pergunta.

Abri a porta com um deslizar de dedo indicando-lhe que se levantasse do sofá, o tempo era escasso, a qualquer momento a Raven poderia descobrir o meu rasto e quando esse momento chegasse teria de estar pronta para enfrentá-la senão poderia não ter a sorte de escapar outra vez.

Mal a porta se abriu um braço suspenso pronto a bater apareceu, a Afrodite soltou um gritinho, apesar de saber que existe um outro mundo oculto nas sombras iria demorar a encará-lo como hábito. A Afrodite não era muito morena mas estava particularmente pálida e desorientada.

- O que aconteceu Afrodite?

- Ah... Eu... - Inspirou repetidamente. - Sou capaz de ter queimado alguém... com as minhas próprias mãos.

Tanto eu como a Diana nos olhamos intensamente, a surpresa estava presente mas não totalmente, aliás aquela revelação atava algumas pontas soltas.

- Faz sentido. - Afirmou a Diana.

- O que é que faz sentido? - Perguntou assustada.

- Leva-nos ao corpo. - Ordenei.

- Corpo Cassandra? Eu disse queimei, não matei. - Disse estremecendo.

- Veremos. - Afirmei desprovida de emoção fazendo a Diana soltar um riso.

A Prisioneira LivreOnde histórias criam vida. Descubra agora