Talvez, pela primeira vez neste século, tenha ficado longos minutos sem qualquer reação. As palavras da Diana percorriam a minha mente como se fossem uma serpente evitando bater nas paredes afastando e aproximando a informação, processando-a em pequenos fragmentos. Sentia-me em transe, uma sensação inóspita e distante, alternei o olhar entre a Diana, que me olhava com uma expressão desconcertada, e um ponto longínquo na parede.
- Já chega Cassandra! - A voz dela percorreu um corredor infindável até encontrar o único ponto de acesso. Apenas o estalar de dedos, como se de uma hipnose me despertasse, fez-me sacudir a cabeça e verbalizar meia dúzia de palavras atabalhoadas.
- Não faz qualquer sentido.
- Cassandra é o único "sentido" plausível para a tua mãe te ter mandado para este fim do mundo concretamente.
- Porque é que nenhuma delas mo disse diretamente? - Gritei mostrando as presas.
- Acalma-te Cassandra. - Pediu enquanto se desviava de uma cadeira voadora.
Respirei fundo tentando acalmar a elevada concentração energética que me fluía pelo corpo e movimentava os objetos à minha volta.
- A Brianna odeia-me por ser vampira.
- Permite-me que te corrija, a Brianna odeia vampiros em geral.
- Aparentemente é um fator comum aos poucos habitantes desta cidade. – Protestei.
- O melhor é confrontá-la. É a maneira mais rápida de obtermos as respostas que precisamos e não me estou a referir à tua nova missão. Não te esqueças do teu objetivo.
- Sim, tens razão. O que descobriste acerca da Raven?
- A única coisa que consegui descobrir, entre os livros antigos na biblioteca secreta de Goulark, foram meras referências sobre uma caçadora criada para atormentar vampiros ao longo dos séculos. - Revirou os olhos confusa e algo desiludida.
- Ou seja, não sabemos quem nem quando mas alguém criou a Raven.
- Sim Cassandra temo que tenha sido exatamente assim e uma vez mais a pergunta de 1 milhão é: Quem?
- Aposto que a Brianna sabe a resposta a essa pergunta.
Abri a porta com um deslizar de dedo indicando-lhe que se levantasse do sofá, o tempo era escasso, a qualquer momento a Raven poderia descobrir o meu rasto e quando esse momento chegasse teria de estar pronta para enfrentá-la senão poderia não ter a sorte de escapar outra vez.
Mal a porta se abriu um braço suspenso pronto a bater apareceu, a Afrodite soltou um gritinho, apesar de saber que existe um outro mundo oculto nas sombras iria demorar a encará-lo como hábito. A Afrodite não era muito morena mas estava particularmente pálida e desorientada.
- O que aconteceu Afrodite?
- Ah... Eu... - Inspirou repetidamente. - Sou capaz de ter queimado alguém... com as minhas próprias mãos.
Tanto eu como a Diana nos olhamos intensamente, a surpresa estava presente mas não totalmente, aliás aquela revelação atava algumas pontas soltas.
- Faz sentido. - Afirmou a Diana.
- O que é que faz sentido? - Perguntou assustada.
- Leva-nos ao corpo. - Ordenei.
- Corpo Cassandra? Eu disse queimei, não matei. - Disse estremecendo.
- Veremos. - Afirmei desprovida de emoção fazendo a Diana soltar um riso.
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A Prisioneira Livre
VampirosMais uma corrida para uma cidade nova, preferencialmente um sítio remoto onde o passado não consiga apanhar Cassandra uma vez mais e onde a sua identidade falsa não levante suspeitas. Preparada para fugir a qualquer segundo do seu destino, Cassandra...