Soltei um grito tentando quebrar as pesadas grilhetas dos meus pulsos. Por alguma razão, elas nem se mexiam como se a minha fantástica força sobrenatural se tivesse esfumado. Concentrei-me nas ferrugentas correntes metálicas, senti o calor circular dentro do meu corpo e projetei-o para a superfície da pele. A ideia era derreter o metal mas a energia ainda era pouca mesmo para as moldar, levando-as apenas a um aquecimento substancial que me queimou ligeiramente a epiderme. A pouca luz que entrava pelas finas aberturas, nas junções das enormes pedras graníticas manchadas pelo tempo e humidade, não permitia identificar grande coisa do lugar onde estava acorrentada. Voltei a tentar libertar-me dando um puxão seco obrigando os grampos na parede a reagir superficialmente não danificando a estrutura interna da rocha.
- Injeções de verbena. - Ouvi num murmúrio.
Mesmo desgastada e arrastada, reconheceria aquela voz em qualquer lugar, porém, era cristalino que algo se passava, parecia a voz de alguém privado de água há vários dias por isso aproximei-me do lado esquerdo daquela "caixa" empedrada para avaliar a situação.
- Alana? És tu? - Confirmei ouvindo a sua respiração entrecortada.
- Sim... - Respondeu arrastando a voz perdendo toda a garra e superioridade tão características.
- O que aconteceu Alana? - Questionei ansiosa.
- Posso responder-te a isso querida Cassandra.
- Klaus! - Cuspi.
Aquela maldita criatura pavoneou-se à minha frente, instintivamente reagi à provocação, atirando-me a ele esquecendo-me, no momento, das brutas correntes que me prendiam que logo se acusaram chicoteando-me para trás. Apercebendo-se da situação, o Klaus começou a rondar-me em silêncio com passos pesados e marcados, desfrutando do inverso da situação, irritando-me mais a cada volta dada, voltei a puxar os grampos recebendo uma dor agoniante no lado direito do pescoço.
- Ri-te enquanto podes. - Ameacei antes da escuridão me abraçar.
Um zumbido entoou-me na cabeça devolvendo-me a consciência, a minha prisão mudara, agora estava acorrentada a uma misera cadeira de madeira e não estava sozinha, conseguia sentir a presença deles mesmo sem os ver.
- Onde está a Alana? - Perguntei perscrutando com o olhar em redor.
- O que te interessa aquela bruxa? - O Klaus parecia genuinamente curioso pela anormalidade da ação.
- Escolha de palavras interessantes para quem acordou acorrentada.
- Quais deviam ser Connor? - Questionei continuando a observar em redor.
- Não tens curiosidade em saber o que aconteceu? - Questionou sentando-se na escrivaninha onde se encostara momentos antes enquanto o Klaus continuava na ronda incessante.
- Quem tem curiosidade em saber o que já sabe? - Fixei o olhar no de Connor, já observara o suficiente, conhecia bem aquela sala, aliás passara vários anos a circular nela. Estava em Goulark. - Nem o sítio me surpreende. - Constatei revirando os olhos tentando libertar-me da cadeira.
- Perspicaz, não haja dúvidas! - Ironizou o Klaus.
- Sabias que querias matar as únicas pessoas que te poderiam salvar? - Sorri fazendo-o parar com o irritante circuito. - Irónico, não achas?
- Klaus? Que conversa é esta? - Interrogou o Connor saltando da escrivaninha.
- É o que combinamos Connor, destruir a Raven para que pudéssemos viver pacificamente. - Introduziu o Klaus encarando o irmão de frente dando-me as costas.
- Para matarem em paz, queres tu dizer! - Contrapus.
- De que estás a falar Cassandra? - O Connor parecia realmente perdido e surpreso com a conversa.
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A Prisioneira Livre
VampirMais uma corrida para uma cidade nova, preferencialmente um sítio remoto onde o passado não consiga apanhar Cassandra uma vez mais e onde a sua identidade falsa não levante suspeitas. Preparada para fugir a qualquer segundo do seu destino, Cassandra...