Eu queria poder voar, poderia ser com asas ou sem elas. Poderia também chamar de flutuar se quisesse, apenas queria poder tirar os pés do chão. Todos os dias, sentado sob a penumbra de uma velha árvore, minha companheira de solidão ao relento, observava ao céu, aqueles horizontes anis que sonhava em tocar.
Entre suspiros eu invejava os pássaros que podem entrar naquele paraíso. Sorrio a mim mesmo, eu posso voar, já havia decidido. Não preciso de nada além da minha imaginação, ela vai me jogar onde eu quiser. Levanto-me e sigo correndo pelo campo aberto e salto ao alto, mas o impulso me joga para o alto, estava subindo, o chão estava ficando para trás. O vento batia forte contra meu rosto, estava subindo mais e mais e mais ainda, estava com o coração palpitando com força, a ansiedade e adrenalina subiam pelo corpo ericando meus pelos e abrindo um sorriso exuberante em meu rosto.
A frente, pude ver que se derramavam mares de morros com formações de corais feitas pelos numerosos prédios, os moluscos rastejavam pela areia ao fundo na forma de carros e outros veículos, as pessoas nada mais eram que camarões aleatórios.
Era uma visão bela, meu corpo estava leve como nunca havia estado sentia quase como se aquele fosse um segundo oceano.
Retorno a subida, ainda faltava muito para que pudesse alcançar as nuvens, a cada segundo ficava mais ansioso, não importava o quanto agora estava feliz do sonho ter acontecido, queria mais e mais. Assim como o pequeno Ícaro que acabou morrendo no mar por sua teimosia quando voou perto demais do sol, porém eu não tinha esse perigo para me preocupar.
Estava alçando vôo em vertical observando as oscilações das ondas marrons e as florestas de algas de eucalipto que se erguiam ao fundo, esse era um belo oceano realmente.
Faltava pouco, até que finalmente chego as nuvens e paro para contemplar aquela camada branca, aquelas nuvens de algodão, repouso a mão em meu coração e observo no final do horizente o sol que estava se prostrando para finalmente dormir, era algo de tirar o fôlego, pude ver enquanto passeava pelas nuvens, os pássaros nadando nas brisas assim como eu. Avancei um pouco e desci num leve mergulho, ficando parado no ar em seguida. Imaginando que não pode ser um segundo oceano sem bolhas. Com um sorriso sapeca retiro do bolso um tubinho de bolhas e delicadamente vou soltando dezenas de bolhas que refletiam um arco iris nos últimos suspiros que o sol dava, e assim elas se espalharam pelos correntezas aquele mar de ar.
Eu estava bastante alegre, porém fiquei sonolento sem aviso, logo acabei adormecendo, ainda no ar. Abro os olhos agora, estava sob a árvore ainda, pelo visto tudo aquilo fora um sonho, um belo sonho. Eu havia conseguido voar de verdade ao menos. Com um último suspiro levanto-me e saio andando observando o céu que agora mostrava suas estrelas, com um interno sorriso eu segui sendo banhado pelas águas invisíveis dos corredores de cachoeiras de estrelas
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Diário de Gravuras
Contopequenos e singelos poemas que faço apenas pelo livre arbítrio de uma degustação própria de minhas reflexões assim como demais textos. Crônicas e as vezes outrem.