A neve caia suavemente pelos ares, a todos os lados flocos se formavam e enfeitavam a seca floresta branca e marrom. Era um imenso lençol de água gasosa. Jazia eu sobre um galho retorcido se uma pequena árvore, já eram 16h57min, estava um pouco afastado das casas da vila onde as pessoas pareciam felizes a esta altura. Bem, talvez eu estivesse me sentindo solitário naquele momento, no final parecia ser como se outrem não existissem e aqui eu recolhia-me refugiado do calor gélido deles. Congelava tanto que queimava, sim era um sentimento de pura contradição. E assim eu ficava pensando enquanto o nublado dia caia para dar passagem a fria noite. Finalmente ergo o corpo e começo a dar passos pela neve. Foi quando ao longe ouço um barulho, eram passos, mas não humanos. A curiosidade estava tomando conta de mim, mesmo que a noite caísse eu iria procurar o que seria tal som. De forma desengonçada sigo até uma antiga clareira de galhos retorcidos que pareciam formar uma pequena casinha, o gelo sobre os galhos formava um delicado teto. Chegando a uma entrada fito a bela criatura que então se ergueu vindo a minha frente, os enormes chifres que pareciam galhos se ergueram naquele corpo branco aveludado acompanhados de um sereno olhar caiu sobre mim. Apesar de relutante, permaneci no mesmo lugar enquanto a criatura se aproximava e estendia o rosto. Parecia amigável, talvez entendesse a dor da solidão. Estendi a mão e lhe acariciei o rosto e em seguida abracei à aquele incrível cervo branco. A noite caia e tive que voltar, porém a cada dia voltava aquele lugar e caminhava pelos imensos mares brancos de neve junto da magnífica criatura, para então num domingo do dia 25 de dezembro eu montar nele e sumir junto dele por entre os flocos de neve que caiam deleitosamente como se nunca tivéssemos existido.
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Diário de Gravuras
Proză scurtăpequenos e singelos poemas que faço apenas pelo livre arbítrio de uma degustação própria de minhas reflexões assim como demais textos. Crônicas e as vezes outrem.