O menino e as bolhas

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Era final de tarde. O sol se derramava pelos arredores dos campos como uma bela cachoeira caindo contra sua foz.
Uma doce e delicada voz se propagava sutilmente pelos corredores arbóreos despindo a relva que agora mais parecia como uma lisa superficie de clorofila rígida.
Seguindo os dançantes sabores de vento rumei adiante pelos mares verdes sendo puxado pelas delicadas mãos das brisas. A primore apenas pude ver um arco iris de cores se espalhando em esferas pelo ar e sumindo logo em seguida, mas a medida que aproximava-me o discernimento da imagem aumentava.
Um menino de singela aparência e corpo franzino dançava com bolhas que se espalhavam pelos mares de vento subindo e descendo num turbilhão de reflexos que formavam dezenas de tons.
Lumes meus encantar-se-ei acabaram por ficar. De ternura encheu-se minh'alma quando então nada mais restava a frente além das poucas e teimosas bolhas. Observando o tubo de sabão que jazia em minhas mãos retornei a soltar as bolhas.

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