CORAGEM- A Ordem Dos Escolhidos Vol.1

O EXPRESSO DO SALGUEIRO LUTADOR

"Conte-me seus segredos,
Faça-me suas perguntas
Oh, vamos voltar para o começo Correndo em círculos,
Acertando coroa ao jogar uma moeda Enquanto a cara se foca numa ciência à parte"
(The Scientist- Coldplay)

SILENA

       Os outros dois dias que passamos na Toca foram regados de brincadeiras e noites viradas. Os primos Weasley não pareceram se importar com Scorpius na casa, o que foi realmente bom, já que tio Rony não parecia nem um pouco feliz com a presença dele lá. Scorpius, por outro lado, nem se importava. Dominique fingiu que nada havia acontecido na tarde do natal e eu fiz o mesmo. Não havia sido minha intenção despertar memórias desagradáveis nela. Meus pais e meus irmãos voltaram para casa e resolveram que seria melhor eu ficar com os Potter, para voltar mais facilmente para Hogwarts. Mamãe e papai não pareciam muito felizes ao partir, mas não havia outro jeito. Bella se abraçou a mim e deu bastante trabalho soltá-la, mas Tiago interviu e disse que nós mandaríamos doces para ela. Minha irmã se soltou, relutante, caminhando com Charles para longe. Minha despedida com ele foi breve, mas foi mais longa que a de Sally, que apenas lançou um cumprimento com a cabeça e um sorriso meio forçado e foi embora. Não seria eu que iria forçá-la a ter educação.

      Acabei ficando no quarto de hóspedes na casa dos Potter, ao lado do quarto de Lilian. A casa era aconchegante, mas barulhenta e o jantar era uma verdadeira algazarra. Ríamos bastante e a comida de tio Harry era uma delícia. No terceiro dia que ficamos lá, Tiago trouxe o jantar usando um avental rosa cheio de babados e florzinhas, fazendo todos nós cair na gargalhada. Tirei uma foto com meu celular, fazendo-o ficar levemente vermelho. Apesar de meus pais terem suas limitações com relação à tecnologia, graças aos deuses eu e meus irmãos éramos imunes a isto, de forma que nós três- menos Bella, claro- tínhamos celular, computador e tudo mais. Como tio Harry fora criado por trouxas- o primo de Tiago e Alvo era particularmente desprezível- ele não era alheio aos meios tecnológicos, nem os filhos deles, o que facilitava nossa convivência enquanto eu estava do outro lado do Atlântico. Claro, Hogwarts precisa urgentemente fazer umas modificações em suas magias para que possamos usar celular dentro da escola, mas quem sou eu para julgar? A Diretora Mcgonagall é que deve fazer algo, não eu.

      Na manhã do fim do feriado, depois do ano novo, voltamos para Hogwarts, animados. Fomos no Noitebus Andante e devo admitir que o ônibus roxo e extremamente alto não aparenta ter a velocidade que realmente tem, de forma que quase coloquei para fora os ovos e as torradas que eu comi naquela manhã.

- Se isso fosse mais devagar eu agradeceria- Resmungou Alvo, sentado ao meu lado- Estou quase pondo meu estômago para fora aqui.

       Tiago riu da cara esverdeada de Alvo. Como era que Tiago conseguia ficar tão normal com aquele ônibus querendo por a prova a lei da inércia da pior forma possível?

- Acho que eu já coloquei o meu para fora a duas paradas atrás- Respondi.

      Tio Harry seguia o caminho lendo ao jornal calmamente, com um sorriso nos lábios. Ele parece Tiago. Logo, chegamos aos portões de Hogwarts e descemos com nossas bagagens. Tio Harry olhou para cada um de nós e sorriu.

- Bem, tenham boas aulas. Qualquer coisa, só mandar uma coruja que estarei aqui em um piscar de olhos. Tiago, cuide do seu irmão e da Lena, Alvo, cuide da Lena também e preste atenção às aulas- Disse Harry, sem perder o sorriso. Ele suspirou e colocou uma mão no meu ombro e a outra no de Tiago- Tomem conta uns dos outros. Nada de passeios pela escola à noite. Entenderam?  

      Afirmamos com a cabeça e nos despedimos de tio Harry. Carregamos nossas bagagens pelas escadas escorregadias da entrada com muito custo, resmungando todo tipo de coisa. Tiago amaldiçoou até a décima sétima geração de quem havia construído aquela escada. Apesar do esforço mortal a cena não deixou de ser engraçada. Quando chegamos, Rose já estava na sala comunal, sentada em uma das poltronas conversando com Myrella, que quando nos viu veio abraçar a mim e a Alvo. Tiago se despediu e seguiu para o dormitório dos meninos, para guardar suas coisas.