O JOGO DE QUADRIBOL

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"É verdade o que dizem de você
Que você não é como eu
Que sempre sabe onde ir e que nunca se perdeu
Diga uma palavra pra me acalmar
Me convença que, um dia, tudo vai melhorar
Abra os seus braços pra me refugiar"
(Capital Inicial- Eu quero ser como você)

SILENA

      Eu estava parada na frente de uma janela, observando o lado de fora do castelo. Por que eu estava usando aquele vestido? Que estranho. Havia algo sobre ele que eu deveria me lembrar. Ouço um barulho e me viro. No início do corredor, Mex Dermott vem correndo, descabelado e ofegante.

- O que você está fazendo aqui?- Perguntei, olhando para ele.

      Ele vem até mim e me segura pelos ombros, me jogando na parede mão próxima. O rosto está perto do meu.

- Pare de me atormentar- Implora, quase chorando- Eu faço o que quiser, mas faça isso parar. Eu não aguento mais.

- Fazer o que parar?- Perguntou, mas Mex cai no chão, chorando.

      Meu coração se aperta. Que está acontecendo?

- Tudo isso! Não quero mais ver você. Eu não posso mais suportar! Não sei o que tenho que fazer.

      Me abaixo ao seu lado, sentindo de repente uma súbita vontade de chorar. Toco seu ombro e o aliso.

- Não faça nada. Não precisa fazer nada.

- Mas eu tenho que fazer- Gritar Mex, mais inconsolável do que zangado- Eu sinto.

       Franzi as sobrancelhas.

- Mas por quê?- Pergunto, olhando para ele atentamente.

- Porque se eu não descobrir, você morre.

          Acordei em minha cama com um sobressalto. Que droga de sonho foi esse? Só eu mesma para ter pena de Dermott. Ainda estava escuro, então fiquei olhando para as cortinas da minha cama, enrolada em meus lençóis e mexendo distraidamente na esfera presa ao meu pescoço. O que aquele sonho significa? Era como se fosse uma sequência de fatos. Sempre as mesmas roupas, os mesmos lugares, mas acontecimentos diferentes. Eram como várias peças de um quebra-cabeças que não se encaixam de jeito nenhum.

      O dia foi amanhecendo lentamente, de mansinho, e eu me levantei, exausta. Parecia que eu havia sido atropelada por um caminhão tanque. Me olhei no espelho com o canto do olhou e me tive vontade de voltar para a cama e me esconder do mundo. Meu cabelo parecia um ninho de ratos, meus olhos estavam fundos, vermelhos e inchados, com grandes olheiras roxas. Bocejei e encarei meu reflexo, desanimado.

- A maconha era de qualidade, pelo menos?- Perguntou Leila, ao se levantar- A brisa foi boa?

      Lancei para ela o que chegou mais perto de um olhar de "vou te matar", mas pareceu mais um "eu estou morrendo, me deixa".

- Se você não conversou com duendes não valeu a pena, posso garantir- Riu Leila, se jogando ao lado de Anne, que resmungou no sono- Ei, Anne, você já fumou maconha?

- Hum- Resmungou Anne, cobrindo a cabeça com o travesseiro.

- Viu?- Disse Leila- Temos aqui uma especialista no assunto.

      Anne levantou a cabeça, os olhos semicerrados e cheios de sono.

- Leila, vai pro inferno- Disse e caiu de volta no travesseiro, adormecendo outra vez.

- Por que a agressividade tão cedo?- Perguntou Myrella, ainda deitada.

       Leila riu, puxando os lençóis de Anne, que fez um barulho esquisito.

CORAGEM- A Ordem Dos Escolhidos Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora