Não sei por quanto tempo ficamos nos encarando, mas um barulho me trás de volta a realidade.
- O que foi que ela disse que te fez rir tanto? - não disfarço a minha curiosidade.
- Nada demais. - se ele me encarar com esse sorriso por mais um minuto não sei o que vou fazer. - Ela é engraçada. Na verdade a Kelly também é.
- É elas são duas bobocas. Mas são as melhores amigas que alguém poderia ter. - digo com tanto carinho que meu coração chega a aquecer.
- Vocês são bem protetoras umas com as outras né?! - deve ter aparecido uma interrogação no meio da minha testa porque ele começa a explicar. - elas me fizeram quase a mesma ameaça.
- Oi? Como assim?
- A Kelly disse para eu não te irritar e a Bruna disse que me caparia de algo acontecesse com você. - coloco minhas mãos no rosto para tentar esconder minha vergonha.
- Não acredito que elas falaram isso para você!
- Eu não me impotei, na verdade achei bem bonito a amizade de vocês.
- Desculpa Pedro, elas são loucas. - vi que ele realmente não se impotou porque seu sorriso ainda estava ali. - É somos bem unidas.
- Vocês se conhecem a muito tempo?
- Eu e a Bruna somos amigas desde meus 11 anos, viemos estudar no Rio juntas e conhecemos a Kell e a Fê aqui no pré.
- E foi amizade a primeira vista?
- Bem, não a primeira vista. Tá mais para amizade a primeira briga.
- Briga? - ele finalmente para de sorrir e me olha intrigado.
- Sim, assim que chegamos no Rio fomos a uma chopada que a turma de Fisio fez e a Bruna esbarrou na Kelly que estava bêbada e as duas brigaram, eu e a Fê separamos. Mas depois elas acabaram bebendo juntas e viraram super amigas. Agora somos um quarteto.
- Nossa! Diferente!
- Loucas você quis dizer.
- Verdade...
- E você? Algum amigo louco?
- Não sou de ter muitos amigos, sempre fui muito na minha. Mas eu tenho um amigo que assim como você e a Bruna, foi criado comigo mas ele é mais centrado. Ou demonstra ser.
- Entendi... - pela segunda vez fico tentada a perguntar mais sobre sua vida, mas ele parece determinado a não falar sobre isso.
- Eita, acabamos de perder a primeira aula. - ele diz mudando de assunto.
- Nossa! Nem senti o tempo passar. Bem já começamos a tutoria com o pé esquerdo.
- Então você aceita? - faço que sim com a cabeça - Eu estava pensando em começar amanhã por volta das 9 da manhã, pode ser?
- Amanhã as nove tenho aula de dança, pode ser as 11h?
- Você dança o que?
- Bem, eu faço ballet a muito tempo, mas comecei uma aula de fitdance hoje.
- Não conheço isso.
- São coreografias que um professor monta para ajudar a malhar o corpo, é bem legal, hoje dançamos funk mas não daquele jeito que dançam em festas.
- Eu posso assistir? - eu olho assustada para ele. - Eu ia gostar muito de te ver dançar, ai depois te dou uma carona e estudamos até a hora da aula.
- Porque quer me ver dançar?
- Eu gosto de dança e por que não conheço esse estilo, mas me pareceu legal.
- Não sei Pedro.
- Ei para, deixa eu ir assistir! - ele me olha piscando os cílios rapidamente. - O que tem demais nisso?
- Nada, mas sei lá.
- Fala sério, eu não tenho nada para fazer em casa e ficar aqui sentado sozinho te esperando não me parece uma boa opção. Então vou te ver dançar e depois te dou uma carona pra cá ou se quiser podemos ir estudar na praça ali do início da rua. É sempre fresquinho lá. - eu fico encarando ele falar e penso em como vou sair dessa situação. Qual o motivo dele querer me ver dançar? E por que estou tão nervosa com isso? Já me apresentei na frente de muitas pessoas e nunca fiquei tão nervosa com a idéia de alguem me ver dançar como estou agora.
- Tá, tudo bem mas você não pode rir. Vai ser minha segunda aula. - ele beija os dedos num sinal de juramento.
- Juro!
- Me passa seu número que vou mandar o endereço certinho para você. - ele digita o número no meu celular e o devolve para mim.
- Você tem aula agora?
- Tenho uma de inglês agora, mas... - ele me interrompe com um gesto.
- Você topa ir num lugar comigo?
- O que agora?
- É, agora!
- Onde? - olho curiosa para ele.
- Quero te mostrar um lugar.
- Pedro eu tenho aula daqui a pouco, acho melhor não.
- Aaah vai Ju, vamos. - ele passa a mão sobre a minha, sinto meu corpo todo reagir ao seu toque.
- Eu acho melhor não Pedro, eu tenho namorado e não fica legal eu sair por ai assim com você.
- Julia, eu não estou te pedindo em namoro, não te agarrei e nem pretendo ferir sua imagem. Eu já fui avisado do seu relacionamento...- ele fala essa palavra com um certo desconforto ao mesmo tempo que faz uma cara estranha. -... Só estou pedindo para me acompanhar num lugar onde eu tenho que ir. Não é longe daqui e acho que você ia gostar de lá.
- Não é longe? - ele me olha com aquele sorriso de tirar o fôlego de novo, levanta e estica a mão para que eu possa levantar.
- Vêm!
Eu seguro sua mão mesmo nós dois sabendo que eu não preciso dela para levantar, mas o gesto me faz sorrir. Ele entrelaça os dedos nos meus e me arrasta para o estacionamento do Shopping. Caminhamos até seu carro de mãos dadas e eu não consigo parar de olhar para nossas mãos juntas. Meu braço está todo arrepiado.
Quando chegamos no seu carro ele olha para nossas mãos por uns estante e depois me solta e abre a porta do carro para que eu possa entrar. Ele dá a volta no carro entra e liga o som, coloca o sinto e sai com o carro. Em uma manobra perfeita ele tira o carro da vaga e dirige pelo estacionamento em direção a saída.
Uma música conhecida começa a tocar e eu sem perceber acabo cantarolando uma parte. Quando saímos do Shopping, Pedro dirige em direção ao centro da cidade. A música acaba e começa a tocar uma música pela qual eu estou completamente apaixonada esses últimos meses Mercy do Shawn Mendes, não resisto e acabo cantando junto todas as partes e acabo pensando em como ela diz sobre o momento que estou vivendo, na hora do refrão eu acabo fechando os olhos me perdendo de vez na música.I'm saying...
Baby, please have mercy on me
Take it easy on my heart
Even though you don't mean to hurt me
You keep tearing me apart
Won't you please have mercy, mercy on my heart?
Won't you please have mercy, mercy on my heart?Quando abro os olhos, sinto que estamos parados olho para Pedro que me encara com muita intensidade. E o calor de seus olhos faz com que meu coração pareça que vai sair pela boca, ele parece incomodado também, sua respiração está forte e pesada. Quando escutamos um barulho de buzina, Pedro volta a olhar a estrada e arranca com o carro. Só depois percebo que estávamos parados no sinal vermelho de um cruzamento. Pedro segue o caminho atento a estrada e não olha mais para mim.
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E agora, destino?
Roman d'amourDestino é o nome que damos para os acontecimentos que não temos controle em nossas vidas. Mas para Julia, destino é um cara que está sentado atrás de uma mesa olhando para o painel de sua vida e fazendo com que ela mude totalmente os seus planos. A...