E agora, destino?

Estranhas Perfeitas

( Pedro -  Rod. Presidente Dutra -  3 meses antes)

Passo a viagem toda cantando umas músicas que achei em um pendrive antigo, meu gosto musical realmente evoluiu bastante e quando o cansaço bate paro em uma parada de ônibus que fica numa cidade chamada Resende. Agradeço mentalmente as dicas que Hugo me deu e o GPS também. Passo pela catraca do restaurante e resolvo comer comida de verdade ao invés de lanchar, pego salada e um frango grelhado, um pouco de arroz. Peso e deixo que a moça registre em uma plaquinha que ganhei na catraca. Como com calma e aproveito para ver as minhas mensagens, tem duas do Hugo, uma de Sandra e uma do meu tio me desejando boa viagem.
Termino de comer, pego um suco e um pacote de doce, pago e vou embora tenho cerca de duas horas e meia de viagem pela frente.
Quando chego no Rio, ligo para meu tio e ele me passa o endereço, coloco no GPS e sigo o caminho indicado, o prédio onde meu tio mora é grande e bem bonito. Chego na portaria e ligo avisando que cheguei, em menos de dois minutos ele já libera minha passagem e eu estaciono na vaga que o porteiro me mostra.

- Pedro meu sobrinho, como tu tá grande rapaz. - diz meu tio me abraçando. - Foi bem de viagem?

- Tô cansado mas correu tudo tranquilo.

-Vêm vamos subir que Maria fez um jantar bem gostoso para você.

- Oh Tio eu agradeço mais comi agora pouco na estrada.

- Então venha tomar um banho e descansar. Mais tarde comemos.

Ele me ajuda a subir minha mala e guardo minhas roupas no guarda roupa, coloco meu note sobre a escrivaninha junto com alguns pertences e meu violão no canto do quarto. Mas coloco a foto da minha mãe no criado mudo e junto coloco um passarinho branco que comprei na parada em Resende, minha mãe adorava passarinhos. Quando acabo de guardar tudo, pego uma toalha que Maria deixou para mim e vou para o banheiro, tomo um banho demorado para tirar tudo de ruim do meu corpo e vou me deitar.
No dia seguinte acordo cedo porque vou ao trabalho do meu tio que fica na Barra da Tijuca fazer a inscrição do pré vestibular,  vamos em carros separados por que ele precisa dar aula em outra unidade um pouco distante e eu preciso comprar umas coisas e ver uns apartamentos. Quando paro no estacionamento, vejo que meu tio já estacionou e está conversando com uma mulher, de longe não consigo enxergar muito bem mas seus cabelos ruivos me chamam a atenção, ela está com um vestido preto de bolinhas e sua pele parece branca demais para quem mora no Rio. Meu tio a abraça e  a direciona até a entrada do Shopping e eu a perco de vista. Acho uma vaga e estaciono, vou em direção a entrada em busca de meu tio e a ruiva que estava com ele. Mas só o encontro parado conversando com um cara alto de terno. Chego perto dele e meu tio o apresenta como Getúlio, um advogado que tem um escritório no terceiro andar. Olho a minha volta e nada da ruiva, penso em perguntar a ele mas não acho certo.
Faço a inscrição e deixo tudo pago,  passo na sala para me despedir do meu tio.

- Pedro, hoje parece que vai ter uma chopada da galera de medicina, eu vou dar uma passadinha lá se quiser me acompanhar eu te busco.

- Opa, to precisando sair um pouco mesmo. Tá vou dar uma andada para ver uns apartamentos e comprar umas coisas e quando você tiver acabando me avisa que eu me arrumo e te espero.

- Tudo bem então, cuidado ai na rua. Isso não é São Paulo.

Me despeço dele e vou em direção ao meu carro, olho mais uma vez a procura da ruiva e nada. Vejo uns três apartamentos e nada parece me interessar. Então resolvo passar no Shopping para almoçar e ir comprar umas roupas mais leves que com esse calor me obriga a usar.
Depois de quase duas horas vou para casa e resolvo dormir um pouco, por volta das sete da noite meu tio me busca e vamos para essa tal chopada.

O evento é em uma casa grande, com um gramadão e uma piscina grande, quando chegamos vamos nos juntar a uma turma de professores e alunos que estão perto da área do bar.

- Fala professor, achei que você não viria. -  diz um cara loiro

- Eu disse que viria, só fui buscar meu sobrinho que chegou ontem de São Paulo. -  ele responde apertando a mão do tal cara. -  Pedro esse daqui é um dos meus alunos da unidade de Jacarepaguá. Jorge esse é o meu sobrinho, ele vai estudar comigo na Barra.

- Pô cara, bem vindo ai espero que goste do Rio.

- Já estou gostando. - digo o comprimentando

- Curte a festa ai, fica a vontade.

Agradeço e vou andar um pouco, quando chego perto da pista de dança improvisada eu escuto uma das músicas que Hugo sempre me obriga a escutar milhões de vezes seguidas no som do carro, Perfect Strangers do Jonas Blue. Quando olho para a pista, vejo a ruiva dançando junto com uma outra garota, ela parece tão linda com um shorts jeans curto e uma blusa larguinha que deixa a lateral do seu sutiã a mostra, ela dança com um sorriso que eu não consigo parar de olhar. Suas mãos deslizam pela lateral do seu corpo até a cabeça e ela faz biquinho quando faz isso, depois vai virando e rebolando. Para qualquer outra pessoa aquela dança não é nada além de amigas se divertindo, mas para mim...  Ah ela parece estar dançando dentro de mim e quando ela morde os lábios mexendo os ombros para frente e para trás meu coração parece sair do peito. Minha vontade é ir até ela e a arrastar até uma parede mais próxima e beijar ela na frente de todo mundo. Fico tão hipnotizado que não vejo meu tio se aproximar, me assusto quando ele coloca sua mão em meu ombro.

- Tá fazendo o que ai paradão?

-Nada só tava vendo a galera se divertir. -  ele me olha desconfiado e depois olha em direção a ruiva e sorri.

- A galera que você está olhando se chama Julia e é uma das minhas alunas de Jacarepaguá também. Linda né?! - sem nem perceber o que ele fala eu respondo sem pensar.

-Linda demais. -  ele me dá dois tapinhas no ombro

- Talvez ela estude na mesma faculdade que você. Até na mesma turma. -  ele fala e sai me deixando ali parado babando, ela já tá dançando outra música que eu não reconheço.

Julia,  o nome é tão lindo quanto a dona!