Capítulo 8

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—Tá, e aí? - Samara perguntou enquanto olhava para o teto do quarto de Eadlyn. Estava deitada na cama de barriga para cima e as pernas cruzadas.

Eadlyn ergueu uma sobrancelha.

—Como assim?

—Por que você não disse que era você? - Ela lhe lançou um olhar quase indignado. Soltou um suspiro pesado e ergueu as suas mãos diante do rosto, para analisar o quão ruins estavam suas cutículas. Suspirou novamente, mas dessa vez foi pelo o estado lamentável em que as unhas se encontravam.

—Por quê? Bom, vamos supor que você tenha ficado quase um mês e tantos dias conversando com um cara desconhecido, e que claramente é rico. Eu não sou rica.

Samara revirou os olhos antes de a interromper.

—Querida, grande merda que você é pobre. Casa com ele e aí você fica rica.

—Dá pra me deixar continuar? Obrigada. Então, como eu estava dizendo, além dessa coisa de sermos de classes sociais diferentes, o maior motivo foi vergonha.

—Vergonha do quê? Você é linda - e mais um revirar de olhos.

—Não, não vergonha disso, da minha aparência. A questão é apenas que ele é tão bonito de olhos abertos...

—E o que que tem? Credo, vadia. Umpff.

—Nada, eu me lembrei dos olhos dele e aí me distrai. O que eu queria dizer é que eu falei muitas coisas pra ele enquanto ele estava em coma, e agora eu não tenho coragem de dizer que eu era aquela garota estranha que conversa sozinha. E tipo, o que ele deve estar pensando de mim?

A garota sentou-se num sofá rosa e puído que estava encostado na parede bege, ao lado de sua estante de livros, que tinha apenas 5 livros.

—Você nunca, never, nunquinha vai saber se não contar que você é a preguiçosa que matava serviço pra conversar com um homem em coma e que, supostamente, não era pra estar te entendendo.

Eadlyn a encarou de expressão fechada.

—Você não está fazendo ficar melhor, Samis.

Samara colocou as duas mãos atrás da nuca e abriu um sorriso maroto para Eadlyn.

—Meu dever como sua melhor amiga é dizer a verdade.

Eadlyn franziu o cenho e concordou.

—Bom, não tem necessidade de eu dizer isso pra ele. E de qualquer forma, isso não vai fazer diferença alguma na vida dele.

—Você é muito medrosa. Não acredito que sou sua amiga.

Agora foi a vez de Eadlyn revirar os olhos.

—Porque eu sou demais, talvez?

—Se você diz, eu concordo. Mas ele não voltou mais no Coffee?

—Não, foi somente daquela vez. E prefiro assim, é muito estranho ver ele acordado e se mexendo e conversando.

—Bom, você deve saber, pessoas vivas e conscientes geralmente fazem isso.

—Vai se foder - Eadlyn resmungou. - E, além do quê, não vou ficar lá por muito tempo a mais. Sou temporária por dois meses, e o dinheiro que vou receber será o suficiente pra minha viagem, e quando eu voltar nem vou mais me lembrar disso. Minha cabeça vai estar cheia de Caribe, Caribe, Caribe.... - sonhou ela, abrindo um sorriso espontâneo ao fitar pela a janela do quarto que estava aberta, deixando passar uma brisa morna de primavera.

Samara a fitou em silêncio por um minuto, analisando a expressão da amiga enquanto falava da sua tão sonhada viagem, e sentiu uma sensação esquisita dentro do peito.

Procura-se por Eadlyn Schreave!Onde histórias criam vida. Descubra agora