Capítulo 12.3

180 17 23
                                    

–Temos escolha? - Samara retrucou ao lançar um olhar furioso à Eadlyn. A morena de olhos verdes suspirou, chateada consigo mesma. "Estúpida, estúpida", repetia em sua mente.  -Onde está o seu carro?

Kile ainda as olhava de forma divertida, controlando-se para não acabar dando risada e, com isso, acabar sendo assassinado pelas garotas. Ele realmente considerava essa possibilidade. Fez um gesto com uma das mãos e então seguiu para a área traseira do Bardoom. O lugar tinha cheiro de bebida alcoólica e xixi de bêbado e mendigos. Samara, exageradamente, apertou o nariz com seu dedo indicador e polegar, abrindo os lábios de leve para poder respirar sem morrer intoxicada. Jared estava pensativo; nem mesmo olhou para Samara, e perguntava-se se por acaso, por ironia do destino, Samara viesse a ser sua namorada... O que sua família pensaria sobre isso?

Com certeza ele sabia que não daria certo. Imaginou sua mãe, uma beata à moda antiga. Vivia de cabelos presos, saias longas e, embora fosse uma mulher bonita, era muito humilde. Seu pai, crente mas nem tanto, também certamente reprovaria a relação. Ambos são rígidos, tanto com as pessoas de fora, mas principalmente com o seus filhos; fizeram de tudo para que se tornassem adultos de bem e, até então, os esforços haviam sido satisfatórios. Jared é de classe alta, estudou em escolas particulares sua vida toda e esta no último semestre de Direito. Não que ele tivesse escolhido, mas seu pai... Por meio sutis, lhe obrigou a seguir seus passos. Depois de 4 anos e meio, Jared aprendera a gostar de sua futura profissão. Às vezes se achava fraco demais para lidar com pessoas enérgicas, como Samara e seus pais, mas estava focado a mudar isso e tomar as rédeas de sua própria vida. Chegou a pensar que a mulata diante de si, que caminhava de forma segura, requebrando seu traseiro como se tivesse dançando alguma dança silenciosa, lhe poderia ajudar.

Mas a ela, lhe faltava algo que Jared necessitava para se dar bem com qualquer pessoa, e se chamava: compreensão das necessidades alheias. Ele a fitou mais uma vez, incapaz de esconder o quanto ficara desapontado com o desfecho da noite. Afinal, não fora o seu coração que lhe havia dito que Samara era o amor da sua vida?

Kile dentre os três, era o único que permanecia relativamente relaxado, tanto que quase tirou um cigarro da carteira para fumá-lo. Só não o fez, porque as meninas pareciam apressadas, e seria perigoso contrariar mulheres nervosas. O seu carro era vermelho sangue, bastante chamativo e, com toda a certeza, se fosse escolher um carro hoje em dia, ele seria mais discreto. Abriu a porta do motorista. Entrou. Samara foi para o banco de trás, Jared a seguiu automaticamente; ainda estava pensativo. Eadlyn, a última do grupo, ponderou sentar-se atrás também, mas Samara apontou para a frente com a expressão de poucos amigos e a morena entendeu o recado. Emburrada, sentou-se no banco do carona e fechou a porta com um estrondo.

–Nossa, garotinha, poderia ser um pouco mais delicada? - Kile quis saber, as sobrancelhas juntas. Deu dois tapinhas no vidro do carro, como se tivesse acalmando um cachorrinho de estimação. - Ele é sensível.

Eadlyn o fitou sem expressão.

–Mas ele não é um ser vivo -, ela disse, fazendo pouco caso.

Kile a olhou de cara feia.

–Ai, ai, Helena. - Repreendeu, suspirando. - Não vai pedir desculpas?

Eadlyn riu e depois juntou os fios de seu cabelo, colocando-os no ombro esquerdo. Ela ergueu uma sobrancelha em seguida.

–Está falando sério?

Kile deu a partida no carro.

–Claro, tô com cara de quem está brincando? - Retrucou de volta, sabendo que ela não gostaria da resposta que ele lhe dera. Mas fazer o quê se ele pegou gosto em implicar com a menina?!

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 09, 2017 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Procura-se por Eadlyn Schreave!Onde histórias criam vida. Descubra agora