Morte part. II

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Capítulo XXII: Morte part. II

Apocalipse 6:8: "Olhei, e vi um cavalo amarelo. O seu cavaleiro chamava-se Morte, e o Inferno o seguia. Foi-lhes dado poder sobre a quarta parte da terra para matar com a espada, com a fome, com a peste e com as feras da terra".

Quanto tempo mais demoraria para que continuasse caindo, as contas eram perdidas em meio a suposições, Elizabeth Caterin tinha sido lançada em um buraco direto para o Tártaro, uma parte do Mundo Inferior além dos domínios de Hades, ela desistiu de contar depois que chegou ao cem pela quinta vez e então decidiu se distrair e pensar no que fazer quando chegar no fim, se houvesse fim é claro. Seu corpo deixou de sentir a pressão para baixo e ela sentia que estava descendo em um longo tobogã.

— Espero que tenha comida lá embaixo, a quanto tempo será que estou caindo, será que isso é só impressão, tipo se eu penso muito o tempo parece passar devagar? — ela pergunta ao nada. — Acho que sim, então vou parar de pensar.

Ellie diz e começa a cantarolar uma canção japonesa para crianças chamada Aka Tombo, sua voz ganha vários ecos vindo de diversas partes e ela não tem certeza de onde estão as paredes se é que existem paredes estão, ela continua cantando por muito tempo lembrando-se de ser a única canção japonesa que ela aprendeu a tocar em quase todos os instrumentos musicais e ela não é tão boa assim com música.

Depois que a canção sobre o dragão vermelho voador acaba ela começa outra música infantil japonesa, porque elas sempre a fazem sentir-se melhor.

— Eu nunca fui ao Japão, sabia? — Ellie questiona. — Eu gostaria, eu sempre quis ir ao Japão, meu sonho é entrar em um vulcão deve ser bem legal.

Ellie respira fundo.

— Estou falando com quem?

A pressão e umidade começam a aumentar e ela sente seu corpo agora sendo empurrado para baixo, sua pele sente um formigamento e depois a sensação de estar sendo queimada a invade, Ellie tenta manter os braços e pernas juntas do corpo com a impressão de que seus membros serão arrancados a qualquer momento, a escuridão tem um fim quando abaixo de seus pés surge uma abertura brilhando como se fosse fogo, Ellie balança os pés compulsivamente como se tentasse voltar para cima ao pensar que estava caindo no fogo, seu peito alivia quando ela enxerga se aproximando um rio com águas negras.

— EU NÃO SEI NADAR, MORTE, VOCÊ ESTÁ ME ESCUTANDO? — ela grita se aproximando do rio chegando cada vez mais perto. — Quando eu sair daqui eu vou matar você, não sei se isso é possível, mas eu vou!

Sua queda tem o impacto de uma bomba pela velocidade que ela chega ao atingir a água, seu corpo afunda na direção do fundo do rio e ela começa a ouvir vozes dentro de sua cabeça: "esquisita"; "bruxa"; "desista deles ninguém nunca vai amar você"; "eles estão te usando, quando não for necessária irão queimá-la como fizeram com as outras"; "seus pais não a amavam, sua irmã não te ama".

— S-socor... — ela tenta gritar batendo os braços na água e tentando abafar a fala das pessoas em sua mente, eles continuam falando coisas que machucam seu coração e deixando a garota desesperada.

"Você não tem mais ninguém"; "sua família a abandonou, está sozinha"; "você não é forte o suficiente, só finge ser".

Ellie engole água ao sentir o pulmão arder pela falta de ar, seus pés parecem pesados e seu corpo é constantemente puxado para baixo, seu peito é inteiramente comprimido e ela está pronta a desistir e parar de se debater, as frases entopem seus ouvidos e cabeça de pensamentos ruins e todas suas tristezas e incertezas surgem de uma só vez.

Mate seus demônios | SobrenaturalOnde histórias criam vida. Descubra agora