Capítulo 1

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A porta do escritório se abriu e de lá saiu mais um candidato ao emprego. O rosto, quase sem expressão, deixava claro que o homem não fazia a menor ideia do resultado da entrevista.

Anastásia Steele sentiu o seu nervosismo aumentar, enquanto a secretária examinava a lista com os nomes dos candidatos, sobre a sua mesa. Além dela, havia mais três pessoas esperando. E como os nomes não estavam sendo chamados por ordem de chegada, nenhum deles sabia quem seria o próximo.

A um sinal do intercomunicador, a secretária falou, com um sorriso profissional:

- Srta. Drumond, pode entrar agora.

A tensão de Anastásia só aumentou ainda mais ao analisar a senhora que se levantava do sofá. Aparentava ter uns quarenta e tantos anos e tinha o ar seguro dos profissionais eficientes. Segurou um suspiro. O homem de óculos, sentado ao seu lado,puxou conversa.

- É como se estivéssemos prestes a ir para o matadouro.

- É verdade - concordou.

- Meu nome é Robert Camp.

Anastásia baixou os olhos e considerou a inutilidade da delicadeza dele. O sujeito que estava se esforçando para ser simpático devia estar perto dos quarenta anos. E, pelo jeito, era qualificadíssimo para o cargo. Não importava quem conseguisse o emprego, era quase certo que os dois jamais se veriam novamente. E como não era de dar trela a desconhecidos.

- Muito prazer.- respondeu com voz delicada e um tanto distante. Estava disposta a fazer o máximo para ficar com aquele emprego e não queria parecer desleal, fingindo que não estava numa competição séria.

A secretária continuou a digitar em seu computador, durante longos minutos, só o tlec-tlec quebrou o silêncio da sala. Mas Robert Camp não conseguiu ficar calado até o novo chamado.

- Esta vai ser a minha terceira entrevista - falou, com o jeito de quem está falando apenas por falar. - E você?

- Eu também - respondeu, ajeitando a saia para cobrir melhor as pernas bem-feitas.

- Eles já selecionaram uma grande quantidade de gente para o lugar. Temos sorte por ainda estarmos na corrida, nós cinco.

- É, mas isso não paga o aluguel - Anastásia respondeu. Era muito realista. Se os outros consideravam o fato de ainda estarem ali como uma espécie de vitória, isso para ela não queria dizer nada. Ser um dos últimos cinco não era bom. Bom seria ser a única.

- Tem razão - admitiu ele.

A porta do escritório se abriu e a senhora, que entrara apenas alguns minutos antes, saía sem olhar para os lados.

Anastásia ficou tensa à espera do intercomunicador.

- Pode entrar agora, Srta Steele - informou a secretária, sem parar de digitar.

Anastásia sentia o coração descompassado, mas exteriormente nada demonstrava. Levantou-se do sofá, aparentando calma e ignorando as contrações de seu estômago. Essas entrevistas sempre abalavam a sua autoconfiança. Mas há muito tempo ela havia aprendido a manter o ar seguro e indiferente, necessário nessas ocasiões.

- Boa sorte - disse o rival, sorrindo.

Entrou no amplo escritório e fechou a porta atrás de si. Pisando leve no tapete macio, aproximou-se da mesa colocada no centro da sala, sem fazer o menor ruído. Olhou com atenção para o homem que, muito compenetrado, examinava o seu currículo. Ele não levantou os olhos, mas Anastásia teve a certeza de que sabia muito bem que ela estava ali.

50 Tons - Dança ComigoOnde histórias criam vida. Descubra agora