Capítulo 12

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Na manhã seguinte, bandejas com o café completo chegaram à suíte, quinze minutos depois dos três hospedes terem acordado. Anastásia carregou a sua para o quarto,pretendia tomar café e ao mesmo tempo, arrumar sua bagagem.

Christian e Travis ficaram na mesa da sala, mas ela não estava com ânimo de enfrentá-los ainda. Ao se olhar no espelho reparou nas fundas olheiras. Desejou que o café ajudasse a melhorar sua aparência.

Tomou o suco de laranja enquanto colocava os cosméticos na bolsa. O café ainda estava muito quente e ela ficou mastigando um pãozinho. Dobrava as roupas com cuidado e as colocava na mala, bem devagar. Queria prolongar ao máximo a tarefa. Nisso, alguém bateu à porta.

- Quem é? - indagou, sentindo um aperto no estômago.

- Travis. Posso entrar?

Ela hesitou antes de responder, meio sem jeito, e continuou de costas para a porta.

- Claro, entre. -disse por fim.

- Já chamei o carregador - avisou, entrando no quarto.

- Minhas malas já estão quase prontas, demoro só um minuto —-disse, enquanto ajeitava melhor a saia que acabava de dobrar.

- Anastásia.

Algo na voz de Travis fez com que ela se preparasse para uma discussão. Prendeu o fôlego ao sentir uma pontada no coração, e desejou que ele saísse do quarto.

- O que é? - Tentava desesperadamente aparentar calma ao olhar para ele por cima do ombro, sem parar de colocar suas roupas na mala, ele limpou a garganta, nervoso.

- Olhe, eu não costumo me meter na vida dos outros -disse, com voz encabulada. - Desta vez é diferente. O caso envolve duas pessoas muito queridas para mim.

- Travis, por favor, não. -parou de fingir e apertou com força a peça de roupa que segurava nas mãos.

- O que vou dizer vai parecer coisa de filme antigo, mas se eu tivesse uma irmã, acho que ela seria parecida com você. E eu não seria um irmão legal se não a avisasse ao ver que ela ia se meter em encrenca.

Movendo a cabeça de um lado para outro, falou:

- Travis, escute... Honestamente, sei que você quer me ajudar, e fico contente por se preocupar comigo, mas não preciso de um irmão mais velho. Eu...

- Não se apaixone por Christian, por favor.

As palavras surpreendentes fizeram com que ela se virasse para ele de repente.

- Não estou apaixonada por Christian.

- Ele nunca vai deixar Elena. Nem por você, nem por ninguém mais. - A tristeza dos seus olhos provava que estava sendo sincero.

Sentiu-se gelada por dentro, conseguia apenas sussurrar:

- Acho que já desconfiava disso.

- Não se envolva com ele - avisou outra vez. - O casamento dele vai arrasar com vocês dois e ambos ficarão pior do que agora, pode acreditar.

- Eu sei. - Ela tentava engolir o nó que sentia na garganta. -Acho que também já desconfiava disso.

Alguém batia na porta do corredor e ouviu-se a voz de Christian que chamava de seu quarto:

- Travis, deve ser o carregador, abra a porta.

- Já vou! - gritou, mas parou para olhar para Anastásia. - Você está bem?

- Estou ótima - disse ela. - Já sou bem grandinha e estou acostumada a enfrentar situações piores do que essa, não se preocupe.

- Coragem - ele ainda disse, antes de sair do quarto, com um sorriso triste no rosto.

O jatinho particular cruzava o céu, rumo a Seattle, Anastásia encarava as nuvens, pensando em algo para ficar longe de Christian, pedir demissão seria a solução, mas não podia ficar sem emprego e afinal já fizera isso antes, e não foi uma boa ideia.

- Cansada? - Christian indagou, parando ao lado dela.

Ela levantou a cabeça, mas não chegou a encara-lo.

- Um pouco.

- A eficiente Srta. Steele, com seus cabelos presos, sua voz firme e sua aparência segura - disse, encarando-a com uma expressão indefinida no rosto.

De fato, Anastásia havia tido o cuidado de prender os cabelos num severo coque e estava se esforçando para manter o tom seco de sua voz. Normalmente, nada daquilo teria nenhum significado especial, mas naquele dia todas as suas atitudes tinham a intenção de manter Christian a distância.

- Uso o cabelo deste jeito para que ele não fique caindo no rosto enquanto trabalho.

- Fica melhor solto. - comentou, com simplicidade.

Céus, ela não queria saber disso. Respirou fundo e levantou os olhos para ele, que havia dobrado o corpo para frente, ficando bem mais perto dela. Ela apenas levantou um pouco o olhar e quando o viu de camisa branca sem o costumeiro terno, e deixando a mostra um pouco do seu peitoral e pescoço, ela abaixou a cabeça novamente.

- Quanto à minha voz, falo do jeito que achar melhor. E me visto do modo como acho mais prático - disse firme, mas de olhos baixos.

- Anastásia - disse, a voz carregada de um pedido silencioso, mas ainda assim exasperada.

Ela continuou firme, disposta a não se deixar levar pelo coração. Não queria ser uma boneca nas mãos dele. Estava decidida a impedir que a emoção aparecesse em seu rosto. Por fim, ele deixou escapar um suspiro. Anastásia, ainda de olhos baixos, viu que ele abria e fechava as mãos e depois entrelaçava os dedos.

- Travis teve uma conversa de irmão para irmã com você, não foi? - Ele parecia esperar uma resposta afirmativa. Talvez Travis já tivesse contado a ele e ela viu que não adiantava negar.

- É, foi isso - disse, tentando encerrar a conversa.

- Travis é um homem inteligente e cheio de percepção, e os conselhos dele são sempre baseados em boas razões. Quase nunca se engana e nunca dá um conselho sem saber muito bem o que está fazendo.

- Tenho certeza de que sim.

Continuou sem encará-lo, desejando ardentemente que ele dissesse de uma vez o que queria e parasse de torturá-la com toda aquela conversa.

Como se lesse os pensamentos dela, indagou, meio rouco:

- Você vai aceitar o conselho dele?

Surpreendida pela franqueza da pergunta, levantou os olhos, mas, ao encarar Christian, não conseguiu deixar passar resposta alguma pela garganta apertada. O rosto à sua frente, ficou tenso no esforço de se controlar.

- Anastásia, fique longe de mim... por nós dois.

Antes que Anastásia pudesse dar qualquer resposta, ele se levantou e se afastou, deixando-a cheia de ressentimento. Como é que se atrevia a pôr a culpa toda sobre ela? Ela que nunca fizera nada, não tomara iniciativa nenhuma, nem o convidara a liberdades. Por que teria que ser sua a responsabilidade de não deixar que alguma coisa acontecesse novamente?

Travis de sua poltrona, interceptou o olhar zangado dela e a olhou com interrogação, mas ela fingiu não reparar e fixou o olhar para fora novamente, se controlando para não chorar.


50 Tons - Dança ComigoOnde histórias criam vida. Descubra agora