Capítulo 9

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Anastásia despertou e ficou alguns minutos espreguiçando-se na cama e, de repente, levou um susto. Já passava das sete e meia, pegou o celular e constatou que não ouviu o alarme.

- Droga! - exclamou baixinho, antes de correr para o banheiro. Não teria tempo para tomar café, nem para fazer seu coque. Escovou os dentes rapidamente, passou um pente nos cabelos e enfiou um vestido solto pela cabeça. Saiu do apartamento afivelando o cinto com uma das mãos enquanto com a outra segurava os sapatos e a bolsa. O pior era que havia uma reunião importante marcada para as nove horas.

Ela não estava acostumada a enfrentar aquele trânsito. Por causa do excesso de trabalho, sempre saía cedo e voltava tarde para casa. Sem perceber, evitava a hora do rush. Mas naquela manhã, que pelo visto havia começado errada, ali estava ela: roendo as unhas de nervosismo por se ver parada no meio daqueles carros, quando precisava andar e bem depressa.

No cruzamento à sua frente, o luminoso ficou amarelo e ela pensou em avançar assim mesmo, mas como estava perto de uma escola achou melhor esperar. Depois de um tempo enorme o sinal passou do vermelho novamente para o amarelo. Ela engrenou a marcha. Assim que o sinal ficou verde, deu a partida, sem reparar no carro que vinha pela rua da esquerda, querendo aproveitar o sinal.

Escutou o ruído da brecada e a buzina soando forte. O instinto a fez jogar o carro para a direita; com o braço, tentava proteger seu rosto dos estilhaços de vidro, quando o outro carro chocou-se contra a porta do dela. O impacto quase a jogou no assento ao lado, junto com os sapatos e a bolsa que ela colocara ali.

O carro deu uma volta vagarosa e parou no meio do cruzamento. Tonta e sem saber bem o que tinha acontecido, sentou-se e reparou na mancha vermelha no vestido. Depois notou que havia outras em seu braço. Escutou portas de carros batendo e um estranho enfiou a cabeça pela janela.

- Está se sentindo bem, senhora? - Viu o sangue no braço dela e gritou para alguém lá fora:- Esta moça também está ferida!

Também? Demorou um segundo para perceber que ele devia estar se referindo ao motorista do outro carro. Isso fez com que caísse na realidade. O vidro do carro tinha cortado seu braço.Tentou sair pelo lado do volante, mas o estranho avisou:

- Este lado está amassado, vai ter que sair pela outra porta.

Escorregou para o outro lado e saiu com facilidade. Os objetos caíram no chão e alguém os apanhou para ela.

Olhou em volta e viu que o outro carro ainda havia batido de frente com um terceiro e que estava parado. Eram as pessoas deste último veículo que estavam feridas, e não o motorista culpado por avançar o sinal. Ela podia escutar os gemidos de dor, que logo foram abafados pelas sirenes da ambulância e do carro de polícia.

Logo em seguida se viu entrando na ambulância, um guarda lhe estendeu os sapatos e a bolsa. Um dos feridos mais sérios vinha numa maca.

Quando as portas se fecharam, ouviu-se perguntando:

- Que horas são?

- Já passa das oito - respondeu o atendente.

- Preciso chegar ao escritório, já estou atrasada.- ela fala receosa.

- E vai ficar mais ainda - disse ele, sorrindo com pena. - É preciso dar uma olhada nesse corte. Seu chefe vai entender.

- Você não conhece meu chefe. - murmurou. Ela até podia imaginar a cena; provavelmente Christian ainda a acusaria de motorista incompetente. Ela procurou seu celular na bolsa e quase xingou um palavrão ao perceber que o tinha esquecido em casa, sobre a cama.

50 Tons - Dança ComigoOnde histórias criam vida. Descubra agora