Anastásia desperta e encara o calendário imaginário estampado no teto do seu quarto. Esse é o sexagésimo dia Pós Christian. Sessenta dias sem vê-lo, nem sequer saber onde ele está. Ele simplesmente mandou uma mensagem a todos dizendo que ficaria bem, menos para ela, deixou a empresa a cargo de Travis, para desfazer das ações dele, vendeu a casa dele e desapareceu literalmente. Nem Travis, seu melhor amigo sabia onde ele estava só se falavam por e-mails e nenhuma das vezes ele perguntou por ela. Ela não tinha esperança que ele voltasse para ela, pois ele mesmo havia dito que não a queria na vida dele, mas só queria poder esquecer tudo o que viverá ao lado dele, tudo o que se permitiu sonhar, todas as promessas de dias felizes e uma vida juntos, esquecer-se de tudo isso já seria o suficiente.
Ela havia pedido demissão da empresa e Travis também. Travis estava trabalhando como consultor financeiro de uma das empresas que Christian se desfizera e estava em Seattle, ela havia se mudado para Portland para a casa da mãe, que estava realmente namorando firme com Travis. Sua mãe não queria deixa-la sozinha, e ela mesma não queria ficar em lugar recheado de lembranças dele.
Ela se vira para o lado e faz como toda manhã: Tenta achar forças para se levantar e encarar a vida. Desde que ele se foi, ela se sente perdida, vê sua vida passar a frente dela como um borrão. Não consegue sair de casa, sequer para procurar emprego, está se sustentando com a rescisão do seu trabalho, sabe que uma hora vai acabar, mas ela não consegue reagir.
Até seu próprio carro se não fosse Travis teria sido recolhido pela financeira.
Ela queria achar um caminho, um jeito de sair daquela depressão, mas não sabe como. Cada vez que se lembra dele, da voz dele, seu corpo reage a isso, parece clamar pelo toque dele, pelo beijo dele.
Os primeiros dias foram os piores, por vezes sua mãe teve que coloca-la embaixo do chuveiro, não conseguia sequer levantar da cama. Comer também havia se tornado uma tarefa árdua, sua garganta parecia travada, não conseguia engolir nada, sua mãe que com toda a calma do mundo a obrigava a comer. Seu corpo chegava a doer cada centímetro devido a tanto estresse, só chorava e as poucas horas que dormia, acordava gritando por ele. Sua mãe insistia que ela tomasse alguma coisa para se acalmar, mas ela resistia, não queria viver dopada, precisava pelo ao menos estar alerta, para ter a certeza que ainda estava viva.
Por vezes sonhava com ele, com os dois, que estavam juntos e felizes e construindo uma família, depois desses sonhos ao acordar e encarar a realidade, ela chorava. Seu coração parecia ter uma ferida aberta e que não cicatrizava.
Não pensava que amar alguém doeria tanto e mais a ausência dessa pessoa na sua vida fosse tão forte ao ponto de derruba-la e não achar vontade de se levantar.
Ela se levanta, vai ao banheiro, evita de proposito o espelho, toma um banho rápido se veste e vai para a cozinha.
Passa pela sala e sua mãe está falando ao telefone. Ela a escuta falar o nome de Travis. Serve-se de uma xícara de café e se senta.
- Bom dia.- sua mãe fala entrando na cozinha.
- Bom dia. – ela responde.
- Estava falando com Travis.
- É eu ouvi.
- Você sabia que um dos acionistas para quem ele presta consultoria tem uma casa em uma ilha particular no Havaí?- ela balança a cabeça em negativo tomando o café. Sua mãe pega uma xícara de café e se senta também.- ele nos convidou para passarmos alguns dias lá.
- Que bom, vão adorar o Havaí.- ela fala simplesmente.
- O convite se estende a você e a Beth.
- Não, mãe, não quero viajar.
- Você não acha que já está na hora de você reagir? Ele está vivendo em algum lugar e você o que tem feito? Somente vegetando.
- Mãe por favor, se estiver incomodando, dou um jeito.
- Como filha, nem procurar um trabalho você consegue, sua vida parou naquele dia.- ela segura a mão da filha.- talvez essa viagem te desse um animo, você se encontrasse novamente.
- Quando é essa viagem?
- Daqui a quatro dias, Travis tem umas folgas quer aproveitar, Beth já está de férias e eu vou ver se se consigo tirar alguns dias.
Anastásia pensa por um instante. Realmente quer voltar ao que era, mas não vê como, disse que iria lutar todos os dias para esquecê-lo, e é o que vem fazendo, mas sem sucesso.
- Mãe, não tenho dinheiro, você sabe.
- Eu sei, mas Travis falou que o amigo dele possui um Jatinho particular, vai empresta-lo também.
- Generoso, esse amigo.
- Por favor, filha vem conosco.
- Certo, tenho que partir de um ponto, talvez seja esse.
- Isso mesmo.- ela olha o relógio.- vou até o Hotel, resolver minhas folgas, vou passar no salão e marcar cabeleireiro e manicure pra você.
- Mãe, não precisa.
- Como não filha, faz tempo que você não se arruma, dá um jeito nesse cabelo e como você vai usar um biquíni com a depilação atrasada.
- Mãe!- ela não resiste e sorri, realmente ela se descuidou dessa área e está horrível.- está bem, marque e me avise.
- Te amo, filha, não imagina como é bom ver esse sorriso no seu rosto.- Carla se aproxima e beija a filha.
- Também te amo e sou grata por tudo o que tem feito por mim.
- Faço o que toda mãe faria, cuidar da sua cria, mas deixa-me ir, quanto mais cedo resolver isso melhor.
E sai da cozinha, Anastásia ainda fica lá, olhando para o nada.
Ela olha para o celular que ele deu para ela, não teve coragem de se desfazer, procura uma foto que tiraram no Chalé, um pouco antes daquela tragédia toda, acaricia o rosto dele na foto.
- Eu vou te esquecer, Christian Grey, eu juro.- e seca uma lágrima solitária que insiste em cair dos seus olhos.
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50 Tons - Dança Comigo
FanfictionEle vivia preso ao passado, ela lhe oferecia um presente lindo e um futuro maravilhoso, mas por que era tão difícil para esse homem se libertar e ser feliz ao lado dela?