Eram onze da noite e Anastásia estava deitada no sofá da sala. Havia se trocado , deu uma desculpa para a mãe, dizendo que iria dormir dali a pouco, precisava rever uns e-mails, e se deitou no sofá, onde se permitiu chorar baixinho para não chamar a atenção da mãe, mesmo achando que ela não iria acordar tão cedo, a viu tomar um daquele calmantes, tem que se lembrar de falar com ela sobre isso.
Seu coração estava machucado, seu orgulho ferido. Não conseguiu vê-lo nos braços de outra mulher e pior, ela não podia sequer reclamar, ela não existia para ninguém ,ela era simplesmente a assistente dele, nada mais.
Seu celular toca e ela sabe que é ele, ela atende de mau gosto.
- Terminou tarde esse jantar, não?- Ela o escuta bufar do outro lado da linha.
- Preciso falar com você.
- Eu não quero.
- Por favor , Ana senão vou subir aí e tocar a sua campainha até acordar seu prédio todo.
Ela se xinga por não conseguir dizer não a ele e fala:
- Já desço.
- Coloque algo quente está frio aqui fora.- e desliga, ela fica encarando o celular pensando que mesmo em meio a uma briga ele consegue ser tão mandão.
Ela se troca colocando uma calça jeans e camiseta, coloca uma jaqueta e um tênis e desce, passa pela portaria e vê o carro dele, parado do outro lado da rua. Ele a vendo desce do carro e atravessa a rua, parando em frente a ela.
- Sua mãe está dormindo?- ela faz que sim, tem vontade de xinga-lo ali mesmo, mas se contem.- vamos dar uma volta, trouxe seu celular? -Ela assenti com a cabeça, eles atravessam a rua, ele abre a porta do carro para ela e ela entra, o encarando de cara feia.
Ele assume a direção e em silencio rodam pelas ruas de Seattle, Anastásia olha para fora, tem vontade de perguntar para onde estão indo, mas quando ela vê que ele esta pegando a ponte que leva a Bellevue, algo passa na cabeça dela.
- Eu não vou para sua casa.- ela fala.
Ele olha para ela frio, mas não fala nada.
Ele para em frente ao grande portão de ferro, digita um código e entra com o carro. A visão da casa lhe tira o fôlego, é enorme, imponente, mas ele passa pela casa e vai para os fundos da casa, pega uma ruazinha estreita, circuncidada por pequenos arbustos, até parar em frente a uma casa menor, tipo um chalé, daqueles que se encontram em casas de campo.
Christian desce do carro e abre a porta para ela descer. Pega a mão dela e param na soleira da porta.
- Antes que tire conclusões precipitadas, quero que saiba que você é a única mulher que pisou aqui, além de Julie, minha faxineira, e Gail, nem Elena conhece isso.
Ela faz que sim com a cabeça, seu coração a mil, não sabe o que vai achar lá dentro.
Ele abre a porta e acende a luz para ela. Ele segura o cotovelo dela a obrigando- a entrar e fecha a porta.
Anastásia olha ao redor, a casa consiste em uma sala acoplada a um quarto com uma cama e um guarda roupas, em um canto da sala, uma mesa de escritório com Pc e um arquivo ao lado. Ela repara que há uma lareira elétrica em um canto em frente a um sofá de dois lugares, pode ver do outro lado um mini cozinha com Frigobar e um pequeno fogão. Ela pensa se ele o usa e se lembra do dia do seu acidente, que ele lhe preparou o café. Ela caminha mais para dentro e vê que uma parede do quarto está repleta de miniaturas de aviões e barcos, e a outra toda revestida de fotos dele jovem, com um homem que muito se parece com ele, ela imagina ser o pai dele e algumas com uma mulher muito bonita, com a mesma cor de cabelos que ele, sua mãe com certeza. Todas as fotos transmitem uma alegria e descontração que ela não se lembra de ter visto nele, desde que se conheceram.
Ela limpa uma lágrima que rola de seus olhos, percebe que ele está querendo desvendar sua alma para ela, a trazer de um certo modo para a vida dele, a vida normal que ele vivia antes de se casar com Elena. A vida de um Christian jovem que adorava construir aeromodelos e barcos.
- Aqui é meu refugio.- ele fala se aproximando dela. -foi o que consegui salvar da fúria de Elena.- ele faz um gesto ao redor. – quando preciso trabalhar, descansar, me concentrar em algo, venho pra cá. Ela não sabe disso.
Ele pega a mão dela e a puxa para um canto da sala, pega um controle remoto e liga um monitor na parede. A cena deprime Anastásia. Elena está deitada em uma cama, parece dormir, há uma mulher sentada em uma poltrona a observando e lendo um livro. Ele aumenta um pouco o volume e ela pode ouvir o choro sentido que ela emite, apesar de baixo.
Ela olha para Christian, ele assiste a tudo como se estivesse acostumado a isso. Fosse sua rotina diária.
- É sempre assim, se ela bebe, faz escândalos, ofende e agride todo mundo, se fica a base de calmantes chora e chama Susan o tempo todo. Eu posso não existir para ela, nesses momentos, mas ela existe para mim, quando a conheci ela era uma moça normal, simpática, apesar de ciumenta e um pouco possessiva, mas eu gostava dela. Não me casei apenas pelo dinheiro, me casei com o intuito de fazê-la feliz, de um dia me apaixonar por ela, de cuidar dela, já que ela não tinha mais ninguém.- ele passa a mão pelo rosto, abalado.- nunca pensei que uma fatalidade nos levasse a isso.
- Não sei o que falar...- ela diz baixinho, se sente péssima pela cena de ciúmes que o fez passar no restaurante.
- Eu quase fiquei louco quando cheguei à mesa e não te vi, minutos depois daquela louca me puxar para dançar. Dei uma desculpa e viemos embora, deixei Travis em casa e vim para cá, - ele se vira para olhar para ela, Anastásia vê raiva no olhar dele.- Fiquei puto da vida com você, por você ter sido tão fraca e se deixar levar por isso. Cogitei em não te procurar, mas percebi que você estava certa, você me aceitou com a bagagem da Elena não tinha o direito de te impor outra pessoa, mesmo que só houvesse interesse da parte da outra pessoa.- ele passa a mão pelos cabelos nervoso.- fui te buscar para te pedir que não desista de mim, de nós.
Ela não fala nada, apenas pula nos braços dele, ele a ampara segurando forte contra si, beijando os cabelos dela, ela procura a boca dele e o beija com toda a sua alma, com todo o seu coração, se entrega a ele nesse beijo, como nunca se entregou a ninguém.
- Acho que aconteceu o que eu mais temia.- ela fala largando a boca dele, com a testa colada na dele..- me apaixonei por você.
Ele dá um sorriso triste e a beija carinhoso.
- E eu vou corresponder a esse amor. Vou tentar fazer tudo que estiver ao meu alcance para te fazer feliz e você não se arrepender de ter dado uma chance a nós.
Ela o abraça ainda mais forte, desejando de todo coração estar fazendo a coisa certa, de não se arrepender mesmo de ter se entregado a ele, de ter sonhado tão alto.
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50 Tons - Dança Comigo
FanfictionEle vivia preso ao passado, ela lhe oferecia um presente lindo e um futuro maravilhoso, mas por que era tão difícil para esse homem se libertar e ser feliz ao lado dela?