Caminharam por quase duas horas até chegarem ao ponto onde os leitores da Enir-7 identificaram a posição dos invasores. A vegetação era menos densa que em Ohm, dando lugar a campos com plantas rasteiras amarelas e vermelhas, e árvores menores de folhas laranjas com troncos finos e retorcidos. Era um terreno acidentado, com morros e montes. O Sol começava a nascer no horizonte e o céu já apresentava um aspecto furta-cor entre o azul e o vermelho.
— Uma bela paisagem pra se morrer — Jad comentou com os gêmeos, que o acompanhavam mais atrás do grupo. Zahra, Zétka e Paki estavam bem à frente.
Seguiram mais duzentos metros até que a Capitã fez um sinal com a mão para que parassem. Ela, então, subiu em um pequeno monte à sua frente e se deitou por alguns instantes para observar melhor. Fez outro sinal para que os outros se aproximassem. Um grande vale se estendia à frente e, lá embaixo, puderam ver o que os aguardava: uma gigantesca nave triangular, negra e sem frestas ou janelas visíveis, do tamanho de uma cidade inteira, estava pousada no centro da depressão; ao seu lado, três naves de igual formato, mas muito menores, quase do tamanho de cruzadores siônicos, repousavam sobre a grama alta.
— Vamos observar um pouco — sussurrou Zahra. — Não queremos ser pegos de surpresa.
O sol raiou após quase uma hora de tocaia. Nenhuma movimentação foi vista e também nenhum sinal de atividade das naves. Parecia que ninguém estava ali.
— As naves devem guardar o microambiente do planeta deles. Por isso nunca saem — Oli observou com toda a sua inteligência.
— Então vamos, antes que eles acordem — ordenou a Capitã.
O plano era simples: roubar uma das naves menores e tentar destruir a maior com as suas próprias armas. Ninguém estava muito confiante, mas parecia ser a melhor opção segundo Adeel, e todo mundo ali confiava no Major. Circularam o monte para ficarem em posição de vantagem sobre os cruzadores. Bastava escorregar pela grama, ainda molhada pela noite, para chegar ao destino.
— Tentem não gritar na descida — disse a Capitã antes de saltar.
A descida era realmente emocionante. Algo com um tobogã gigante. Os gêmeos tiveram que se esforçar para não gritar com a adrenalina. Zétka deslizou majestosamente de pé sobre as suas botas pretas. Parecia que já havia feito aquilo milhares de vezes. Levaram cerca de trinta segundos, e pararam bem ao lado de um dos objetos voadores. Checaram de perto o cruzador alienígena, que parecia não ter aberturas. Não estava no chão de fato. Na verdade, ele flutuava a cerca de um metro do solo. Sem propulsores ou barulho de motor. A tecnologia que fazia levitar aquela nave era desconhecida.
— Não tô enxergando uma entrada, senhora — afirmou Paki. — Acho melhor voltarmos.
— Também acho — completou Jad.
A Capitã balançou a cabeça em negação. Tinha de haver algo que pudesse fazer. Adeel confiou a ela a missão de pilotar aquela nave, e não voltaria sem uma.
— Por que a senhora não tenta tocar? — sugeriu Stin.
— O que você está falando, irmão? — questionou Oli.
— Na história que eles contaram, tinha um lance de tocar na máquina e ela funcionar — justificou o primeiro. — E se ela tocar na nave e ordenar que abra?
A ideia era constrangedora, mas não custava nada. Zahra fez cara de desdém ao encostar no casco frio e flexível da nave.
— Abra — ordenou.
Nada aconteceu.
— Viu? — virou-se e meneou a cabeça. — Era bobagem.
Todos estavam com olhos arregalados. Zahra virou-se a tempo de ver a nave pousar no chão e o casco à sua frente tornar-se translúcido.
— Acho que isso é uma entrada — sorriu para Stin antes de saltar para o interior do objeto. O resto do grupo a seguiu.
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