- Sentem-se os dois! - Ordenei a Alex e Clarice. - Agora.
Com um impulso apenas a empurrei na direção do Alex e foi engraçado vê-la tropeçando nas próprias pernas, na débil tentativa de equilibrar-se. Alex me encarava com a perplexidade estampada no rosto, mas acabou obedecendo à minha instrução assim que cruzei os braços na frente do peito, mantendo-me irredutível, e arqueei a sobrancelha. Ele finalmente percebeu que eu não estava para brincadeiras.
- Todo mundo já disse o que quis, gritou, xingou e esperneou à vontade. - Falei quando os dois finalmente sentaram no sofá. - Agora vocês vão me ouvir.
- Eu não sou obrigada a aturar nada que venha de você. - Clarice disse de forma petulante e começou a levantar-se do sofá, aparentemente recuperada da surpresa que sentiu quando a interceptei a caminho da saída momentos antes.
- Senta aí! - Gritei e me aproximei dela ainda encarando-a com uma expressão irritada no rosto. - Agora!
- Ana... - Alex tentou apaziguar minha explosão. - Se acalma.
- Você também! - Apontei para ele. - Cala a boca e escuta!
Ele coçou a cabeça e desistiu do que pretendia dizer.
- Você vai sentar por conta própria ou eu vou ter que te obrigar? - Perguntei a Clarice com um sorriso irônico no rosto.
A loira folgada estremeceu visivelmente e sentou-se no sofá muito à contragosto.
- Vamos deixar uma coisa muito clara aqui. - Comecei a falar tranquilamente. - Conheci o Alex muito antes de você sequer sonhar que ele existia. Naquela época ele estava namorando sério com uma garota e nunca, nunca, fiz absolutamente nada para atrapalhar o relacionamento deles. Muito pelo contrário! Quem incentivou o Alex a morar junto com a Marcela fui eu, quem o ouvia ou dava conselhos, quem apaziguava quando tinha problemas também era eu.
Puxei uma poltrona de um lugar e sentei-me de frente para os dois.
- Se dependesse da minha amizade, talvez o Alex nunca tivesse terminado com a Marcela. - Constatei tanto para eles quanto para mim. - Depois que terminaram eu sempre cuidei os interesses dele na condição de amiga.
Clarice bufou e revirou os olhos, dando sinais de que não acreditava em mim. Fiz questão de ignorar.
- Ele nunca escondeu de mim com quantas mulheres saía, e eu sempre procurei ajudá-lo a se encontrar. - O olhar do Alex encontrou-se com o meu e ele parecia agradecido, pois tudo que eu disse era verdade. - Jamais concordei com o que ele fazia, mesmo que contigo e ele sabe disso. Minha posição era que ele devia tomar uma atitude e ser transparente com você ou com qualquer outra mulher.
Clarice olhou para o chão, tentando esconder o rosto de mim. Senti pena dela novamente.
- Na noite em que nós ficamos juntos pela primeira vez, tudo que sabia era que ele não estava mais saindo com uma garota que eu conhecia. - Pontuei. - Eu sabia que vocês ficavam às vezes, mas até onde sei vocês não eram exclusivos ou namorados.
- Você engravidou dele de propósito! - Clarice cuspiu as palavras.
- Sim. - Respondi com sinceridade.
- Você assume? - Ela ficou chocada. - É muita cara de pau!
- Cara de pau é você querer me julgar. - Rebati sem me alterar. - Eu queria um filho do Alex sim, e na ocasião eu nem tinha ciência dos meus sentimentos por ele. E além do mais ele não era seu namorado.
- Ela está certa. - Ele disse e pegou a mão de Clarice. - Nós dois só começamos a namorar muito tempo depois.
- Mas você me trouxe aqui!
- Como uma pessoa que eu gostava, na condição de minha amiga. - Ele esclareceu.
- Amiga que transava contigo?
- Eu já transei com algumas amigas. - Alex respondeu e piscou para mim.
- Com essa daí teve até um filho. - Ela choramingou.
- Eu não quero perder mais tempo com esse assunto. - Tomei as rédeas da situação. - Não fiz nada para estragar o seu namoro com Alex. Respeitei essa decisão da mesma forma que respeitei todas as outras, mesmo discordando de muitas delas.
- Você não sabe o que eu sofri. - Ela argumentou.
- Imagino o quanto você sofreu, mas não tenho culpa das atitudes do Alex. - Respondi. - Você sabia, com certeza, que ele estava passando por um momento de indecisão, mas quis tentar a sorte e pagar pra ver.
- Se você não tivesse engravidado nada disso teria acontecido. - Ela me olhou com ressentimento.
- Mas eu engravidei e não há nada que você possa fazer pra mudar isso. - Devolvi. - Eu não enganei você, não te devo nada. Sou mãe do filho dele, mas em nenhum momento condicionei essa condição à de namorada.
- Quer dizer que vocês não estão juntos?
- Nós estamos juntos sim. - Alex apressou-se em dizer. - A gente vai ficar junto em todos os sentidos, em todos os níveis.
- Está vendo? - Ela voltou-se para mim.
- Clarice... - Suspirei antes de continuar. - Sou completamente apaixonada pelo Alex. Não preciso dar nenhuma explicação a você, mas acho que você merece ter uma visão clara das coisas.
- Eu vejo claramente você roubando meu homem.
- Você é temperamental, né? - Revirei os olhos. - Eu também sou. O que quero dizer é que se o Alex quisesse de verdade, ele não estaria comigo, mas com você.
- Você não vai dizer nada?? - Ela encarou Alex com raiva. - Está ouvindo a quantidade de absurdos que essa sua amiga maluca está falando?
- Ela só disse a verdade.
- Verdade? - Clarice quase gritou. - E quanto a nossa verdade, Alex?
- Só tem uma verdade.
- Não quero ouvir. - Ela tampou os ouvidos feito uma menina mimada. - Você vai terminar comigo, mas eu não posso aceitar. Ninguém termina comigo.
Ajoelhei de frente para ela e segurei suas mãos, colocando-as sobre o colo dela.
- Me perdoa se por minha culpa você está sofrendo desse jeito. - Falei com sinceridade no olhar. - Sei que minha atitude impensada desencadeou muita confusão, dor e ressentimento. Mas não posso me arrepender do que fiz, pois todo dia olho para meu filho e descubro que ele é meu maior prêmio. Eu me arrependo por ter feito você sofrer de alguma forma, mesmo que indireta, mas não me arrependo de ter engravidado do Alex.
- Não precisa fazer isso. - Alex interveio, visivelmente incomodado por eu ter ajoelhado diante de Clarice.
- Eu sei, mas eu quero. - Voltei a olhar para ela. - Ficar grávida do Alex mostrou o quanto preciso dele, o quanto eu sinto em relação a ele. O bebê que você conheceu fez com que a venda que eu trazia nos olhos caísse de uma vez só, e passei a enxergar o quanto ele é importante para mim.
As lágrimas rolavam grossas pelo rosto dela.
- Eu o amo, não vou desistir dele. - Avisei. - Se quiser competir tudo bem, mas nunca mais me insulte como fez naquela noite.
- Quero saber que história é essa. - Alex pontuou. - Levanta do chão Kika.
- Eu vou te explicar tudo depois. - Confortei Alex e olhei para o fundo dos olhos de Clarice. - Agora você pode ir, saiba que não sou uma oponente fácil de derrotar.
- Eu sei... - Ela sussurrou e foi embora.
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O bebê do meu melhor amigo (Livro 1)
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