New Year's Eve

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Mario

A pausa de inverno chegou. O último jogo não havia sido o ideal, mas pelo menos não havíamos perdido. Agora, o jeito era acalmar, reorganizar o time e encarar a segunda parte da Bundesliga. Mais Champions League. Mais Pokal. Isso aí.

Convenci a Babi que seria uma boa ideia irmos para o Brasil. Já fazia alguns meses que ela não ia em casa, fora que seria uma oportunidade de conhecer a família dela.

Mas as coisas não deram tão certo como imaginávamos.

O plano inicial era virar o ano em Belo Horizonte, em sua cidade natal. Mas seu irmão, Gustavo, já havia alugado um apartamento no Rio de Janeiro, onde iria com a esposa e melhor amiga da Babi, a Duda.

Ela quis desistir. Não iria ver toda a sua família, principalmente porque não poderíamos ficar muito tempo. Logo na primeira semana de Janeiro eu teria que estar de volta à Alemanha.

Então, depois de o que deve ter sido umas três horas no telefone, sua mãe lhe convenceu a ir para o Rio. A sobrinha dela ficaria com os avós, dando tempo para que pudéssemos curtir a praia.

Assim que compramos nossas passagens, ela virou outra pessoa. Única coisa que conseguia pensar era no voo e em todas as coisas que iria rever.

-A gente pode ir no Cristo. E fazer uma aula de surf. Com certeza podemos ir a até Cabo Frio e conhecer as dunas.

Ela só sabia pensar na viagem. Seria a primeira vez que iria com ela para o Brasil. Uma viagem de 7 dias mas que parecia ser de um mês. E talvez ela realmente fosse colocar um mês dentro daqueles poucos dias.

O dia da viagem finalmente chegou. E o mais estranho foi colocar uma bermuda para trocar no avião enquanto saia de casa a uma temperatura de -2º.

Estava ansioso para conhecer o Brasil. Tínhamos ganhado uma Copa do Mundo no país mas não poderia dizer que conhecia.

Pular de estádio em estádio não era a mesma coisa do que sentar na beira da praia com uma água de coco e fingir que não existe amanhã.

A mala da Babi estava enorme. Fiquei com medo de pagarmos excesso de bagagem, mas por algum milagre ela tinha conseguido deixar tudo no limite. Os famosos 32 kg para uma viagem internacional.

Chegar no Rio de Janeiro foi um choque térmico. A cidade fazia 40º e antes de sair da imigração, apesar do ar condicionado, eu já estava suando.

Ela vinha conversando com uma brasileira que achara no voo. Entendia algumas poucas palavras mas nada que fizesse sentido. Era incrível como que brasileiros se identificava e rapidamente faziam amizade. Com poucos minutos um já sabia a vida toda do outro.

Gustavo, irmão da Babi já nos esperava na porta de desembarque com uma plaquinha escrita em inglês "Minha irmã e o namorado judas dela - ainda não te perdoei. ass: Duda". Isso tinha sido obra da minha cunhada, que apesar de já me tratar como alguém da família, fazia questão de também ser a torcedora do BVB que era.

-Finalmente vocês chegaram!

- Uai Guga, tava esperando um voo rápido? A Alemanha não é ali não.

Babi abraçou o irmão que me cumprimentou com um aperto de mãos.

-Dessa vez você não planeja fazer um 7 a 1 não né?

Dei um sorriso amarelo e apenas acenei com a cabeça. Não era uma coisa que falávamos o tempo inteiro, mas os brasileiros pareciam sempre lembrar. Muito mais como uma forma de zoar com eles mesmos do que de fato um ressentimento.

-O que vamos fazer primeiro?

-Casa. Preciso de um banho. Aliás, cadê a Duda?

-Ficou no apartamento. Disse que queria fazer um almoço especial.

Echte Liebe | Mario GötzeOnde histórias criam vida. Descubra agora