Especial: Pokal

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Mario

O cenário Bayern de Munique x Borussia Dortmund era conhecido. Era sempre um jogaço, sempre emocionante, e era um dos poucos momentos pelos quais eu sentia falta de estar em campo.

Esse confronto sempre foi importante para mim. Meu último jogo pelo time de vermelho havia sido na última final da Pokal. Jogo no qual os bávaros venceram os aurinegros e eu havia me despedido da torcida sem nenhuma palavra.

Quase um ano depois, o confronto se repetia. Desta fez, era um semifinal. Mas sem dúvidas o gosto era de final. Eu não estaria em campo. Fazia meses que estava longe do futebol e ainda não fazia ideia de quando voltaria. Ou se voltaria.

Mas é claro que não deixaria meus companheiros de time sozinhos. Estava tão nervoso como tinha certeza que todos eles estariam no vestiário.

Ali, era nossa chance de provar que não exista um time apenas na Alemanha. O Borussia Dortmund poderia sem vencer.

Babi havia saído cedo para o clube. Geralmente ela viajava com o time, mas hoje pediram para que ela ficasse em Dortmund. Tinha certeza que ela apareceria em casa na hora do jogo com alguma comida gorda e fazendo muita festa.

Ela havia aprendido a amar o time tanto quanto eu. E todos nós estávamos nervosos.

Mais cedo mandara uma mensagem para o Marco. A única resposta que tive foi "era para você estar aqui seu estúpido". Ele estava me dando todo o apoio que precisava, mas sabia que eu sentia falta.

Dos jogos, do campo, do time, da torcida. É claro que o clube havia oferecido para eu ir assistir aos jogos e até mesmo participar das campanhas do time. Mas havia optado me afastar. Era hora de cuidar de mim mesmo e ficar perto de algo que representava o futebol, seria muito cruel.

Babi chegou em casa com poucos minutos de jogo. Ainda estava 0 a 0. Como previsto, ela trazia um pacote com hambúrguer.

- Você sabe que eu não posso comer isso ai né?

- Hoje você pode porque nós vamos ver o time ir para a final.

- Você está muito otimista.

- E você pessimista! Confie em seus amigos.

No segundo seguinte Marco Reus abriu o placar. Marco havia voltado melhor do que antes nessa temporada, se é que ele ainda poderia ficar melhor. Ele era um monstro. E eu confiava nele cegamente.

Eu e Babi nos abraçamos e começamos a gritar na sala. Ela vestia uma camiseta do time com o símbolo da Pokal em uma das mangas.

- Essa camisa é nova?

- Sim. Mikael fez todo mundo vestir hoje. Segundo ele é para dar sorte.

Mikael era o chefe de comunicação do BVB e um dos caras mais legais que conhecia. Ele havia adotado a Babi e os dois se davam muito bem. Profissionalmente ela estava mais feliz impossível. E isso também me deixava feliz. Ver que ao menos um de nós poderia trabalhar com o que ama.

Logo em seguida o Bayern marcou. Estava 1 a 1. Ainda era possível acreditar. Alguns minutos depois a Lei do ex aconteceu e Mats Hummels marcou. Tinha tempos que não conversava com o Hummels. Havíamos nos afastado bastante. Era até engraçado pensar que ele havia sido o primeiro pelo qual contara sobre a Babi. Sobre Dortmund. Sobre todos os planos que vieram depois.

A garota ao meu lado estava com os olhos fixos na TV. Não perdia um lance sequer do jogo. Já tinha quase um ano que estávamos namorando. Era estranho pensar que essa mulher havia entrado na minha vida a tão pouco tempo e já passamos por tantas coisas.

Echte Liebe | Mario GötzeOnde histórias criam vida. Descubra agora