Mario
Era o terceiro jogo seguido que eu não pisava no gramado. Dois jogos no banco e um lesionado. Eu já deveria ter desistido de voltar a ser um jogador que um já fora.
Não queria assistir o jogo contra o Hertha do estádio. Mentira. Não queria nem sequer assistir ao jogo.
Deitei na cama e liguei a Netflix. Sabia que Babi trabalharia até tarde. Era jogo da Pokal e a mídia precisava preparar todas as artes para os próximos dias, independentemente do resultado.
Pela primeira vez na minha vida eu não queria falar sobre futebol. Não queria pensar em futebol. Não queria fazer nada.
Não sei quando adormeci, mas acordei com Babi entrando no quarto. Ela tentava não fazer nenhum barulho, mas eu já estava acostumado com seus movimentos. Era rotina nossa sempre ir dormir juntos, mesmo que às vezes um ficasse esperando o outro vendo TV.
Mexi um pouco na cama, mas o suficiente para ela perceber que eu tinha acordado.
- Oi. Não era para você ter acordado.
- Tudo bem. Tentei te esperar.
- Não precisava lindo.
Ela veio até a cama me dar um beijo e aproveitei para puxá-la para meu colo.
- Mario!
- Estava com saudades.
- Eu também.
Ficamos por um tempo apenas nos beijando. Com ela era sempre assim. Não precisava de muita coisa para me deixar feliz, mesmo que tudo lá fora estivesse dando errado fora daquelas quatro paredes.
- Você viu o jogo?
- Não...
Ela franziu o cenho, sem acreditar no que havia falado.
- Como assim você não viu o jogo? Sabe que amanhã o Tuchel vai pedir suas análises.
- Eu procuro uma reprise depois. Não estava afim de pensar em futebol hoje. - Ela se aninhou um pouco mais nos meus braços. - Mas qual foi o resultado?
- Depois de um jogo extremamente dramático, graças ao Bürki, ganhamos nos pênaltis.
- Santo Roman Bürki!
Ela riu com minha comemoração. Porque eu poderia querer distância do futebol, mas no final do dia ainda era minha profissão. Ainda era o que eu amava. E o Borussia Dortmund ainda era meu time.
Meu time. Isso soava bem.
- Você deve estar cansada. Quer que eu prepare algo para comer enquanto você toma banho?
- Não precisa lindo, eu lanchei com a Elena antes do jogo.
- Bom, se você não quer, eu vou fazer um cappuccino.
- Isso eu não recuso!
Fui até a cozinha dando espaço para ela tomar seu banho.
Babi
Mario poderia não admitir, mas eu sabia que ele não estava bem. Até porque, que jogador de futebol que fala que cansou do futebol?
Alguns jogos no banco e a mídia já começava a especular. Um jogador que não iria para frente. Sabia que ele estava com medo de repetir o feito no Bayern, mas agora ele estava em casa.
Estava em casa e se esforçando, sem se importar com o que a mídia dizia.
E eu lia os comentários dos torcedores. Parte deles estavam felizes com a volta de Mario Götze. A volta do menino prodígio. Era uma questão de tempo.
O problema era que já estava tomando tempo demais e Thomas Tuchel havia esquecido como escalava e substituía um time.
Estava preocupada com o Mario. Planejar nosso casamento ainda não estava consumindo nossos tempos e fora ir aos treinos, ele não estava fazendo muita coisa.
Parara de sair com o Marco, mesmo quando Louise estava fora da cidade e eu precisava trabalhar até tarde. Só queria ficar sozinho mesmo com seu tradicional sorriso tendo voltado ao rosto.
O sorriso do sunny Mario havia voltado. Era claro que ele estava feliz com o time. Jogando novamente com os melhores amigos, um bom relacionamento com Thomas Tuchel. Nosso relacionamento estava na melhor fase que poderíamos ter. Um rotina que encaixava, noites de amor e um casamento para ser planejado.
Mas ainda assim parecia faltar algo para ele, mesmo que ele não admitisse.
Antes de chegar na cozinha já consegui sentir o cheiro do cappuccino tradicional de Mario Götze. Aquele era o cheiro de eu estava em casa. Ele havia se tornado a minha família, e a cada dia que passava eu tinha mais certeza que não queria outra pessoa além dele.
Ali era o meu lugar.
- Um cappuccino especial para minha namorada trabalhadora.
- Falando assim até parece que é sério.
- É claro que é sério. Ei. - Olhei para ele já esperando o que ele iria falar. Sempre que olhava nos meus olhos eu sabia que o tom de brincadeira iria embora em seguida. - ich liebe dich.
- Também te amo.
- Babi, posso conversar com você.
- Espero que sim. Se você não puder falar comigo vai significar que temos algo errado. E eu não quero que tenhamos nada de errado.
- Não tem nada de errado com a gente liebe, o problema é comigo.
Ele encarou a xícara na sua frente, brincando com o líquido dentro.
- Eu acho que nunca mais serei um bom jogador.
Busquei suas mãos o encorajando a continuar.
- Pensei que ao voltar para o BVB conseguiria meu estilo de jogar de volta. E em alguns jogos as coisas realmente funcionam, mas é como se eu tivesse esquecido como joga. Mesmo me empenhando as coisas não dão certo. Confio no Tuchel e, apesar de pedir para entrar em alguns jogos, sei que é preciso rodar o time. É característica do clube e temos excelente meio de campo. Mas eu estou começando a sentir falta de mim mesmo. É ruim estar feliz com tudo ao redor menos com si mesmo. E eu não sei o que fazer Babi. Não sei o que está acontecendo só que, tem alguma coisa de errado comigo.
- Lindo, se você está se sentindo assim, apenas você vai conseguir descobrir o que é. Talvez seja isso que esteja te impedindo de dar o melhor em campo. E sabemos que não é a mesma coisa que foi com o Bayern. Temos reportagens elogiando o seu desempenho em campo, porém o time inteiro está com algum problema e vocês estão tentando de tudo para arrumar. É um questionamento que apenas o tempo vai responder. E, infelizmente, com o tempo não podemos ter certeza de nada. Apenas é preciso de paciência. Mas, se serve de ajuda, para mim, você é o melhor jogador do mundo.
- Não precisa exagerar Babi.
E ali estava. Aquele sorriso torto que me matava um pouquinho todas as vezes que eu via. Parecia que a cada dia que passava eu me apaixonava mais por ele.
- Sim Mario, para mim você é o melhor jogador do mundo. Afinal, quem mais dedica gols para mim? Quem mais chega todo suado na área vip para comemorar uma vitória comigo? Quem mais fica enchendo o saco para eu não ir ao estádio sem uma camiseta com seu nome, mesmo quando eu vou a trabalho? Eu te amo, e pra mim, você é o melhor do mundo.
E naquela noite fomos apenas um do outro como deveríamos ser. Aquela noite era apenas nossa. E que o resto dos nossos problemas ficasse da porta para fora. Para o dia seguinte ser resolvido.
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Echte Liebe | Mario Götze
FanfictionUm ano depois de viajar para a Alemanha, Babi já se sente em casa morando em Dortmund. Ela se encontrou naquela cidade que por um acaso é movida a paixão por um time de futebol. Mario Götze voltou para casa. Ele está de volta ao Borussia Dortmund e...