Medicine

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Babi

O cheiro de hospital nunca me agradou. Era irritante, azedo e frio. Frio demais.

Mas não o teria deixado ir sozinho mesmo se implorasse.

Mario não estava treinando. Depois de um check up das lesões no departamento médico, resolveram que era hora de investigar a fundo todos os problemas de saúde que estava tendo.

Pela primeira vez em meses ele sentiu que um clube estava prestando atenção nele. O vendo além de uma máquina de fazer gols. E o criticando por não fazê-lo.

Sabia que não era a mesma coisa que acontecia no Bayern. Sabia que tinha algo a mais. O time poderia não perceber, e até mesmo Mario não percebia. Mas meu passatempo preferido era observar Mario Götze. E era óbvio que tinha algo de errado.

As mudanças de humor denunciavam isso. Seus hábitos alimentares, sua rotina de exercícios. Aquilo tudo estava muito intenso para estar normal.

E sabia que se eu não puxasse na razão, ninguém mais o faria.

E era por esse motivo que estava ali naquela sala de espera de hospital. Eu odiava o lugar, mas amava Mario Götze e não sairia dali enquanto não dessem uma resposta do que estava acontecendo com ele.

Conversava com Duda no celular. Não havia contado o que estava acontecendo apesar dela questionar diversas vezes onde estava  Mario.

Eu não poderia dar uma resposta diferente da oficial. Mesmo para a minha melhor amiga.

Ela me contou que a Carolzinha já estava começando a falar frases com mais de três palavras e que daqui a pouco ninguém ia segurar minha sobrinha. Conseguia imaginar a pequena andando para lá e pra cá e meu irmão surtando.

Sentia falta da família. Mas agora eu também tinha uma família aqui. Mesmo que fosse a família de um membro só.

Mario saiu da sala do médico cabisbaixo. Ele havia me pedido para entrar sozinho. Sentia como se estivéssemos morando naquele hospital. Já fazia quase um mês que ele estava sendo submetido a todos os exames possíveis.

Depois de diversas lesões musculares, resolveram pesquisar para saber se tinha algo a mais. Logo meus pensamentos começaram a pensar em tudo de grave que poderia estar relacionado àqueles sintomas. Mas eu havia feito comunicação e não medicina. Não saberia muita coisa.

Mario sentou ao meu lado com um papel na mão. Ele havia passado as últimas duas horas no consultório de um especialista. Alguma conclusão eles precisavam chegar.

Ele não falou uma palavra. Apenas olhou para o chão. Mordi o lábio para conter o impulso de sacudi-lo e gritar. Só queria que ele falasse alguma coisa. Qualquer coisa.

Por fim, me entregou um papel.

Escrito com as letras corridas de médico estavam as palavras que nenhum jogador queria ler.

"Afastado dos treinos por tempo indeterminado".

Abaixo teriam diversos outros papéis falando do diagnóstico, mas eu não queria ler. A única coisa que eu sabia era que precisava tirar ele dali. 

- Vem. - Me levantei e o puxei pela mão.

- Para onde?

- Não sei. Só vamos sair daqui.

O médico o havia liberado por hoje. Pelas descrições do pedido de exame, eles teriam uma reunião com a equipe médica do Borussia Dortmund e só então iriam determinar qual o melhor tratamento a se fazer.

Echte Liebe | Mario GötzeOnde histórias criam vida. Descubra agora