Capítulo 1

250 18 66
                                    

Narração homem:

Era o ano de 1918, estava acontecendo à primeira guerra mundial. Já estava no ultimo ano e aquilo me enchia de esperanças de não ter que ir pra lá lutar, porém recebi ordens para ir representando o meu país e tive que partir apenas dois dias depois de ficar sabendo disso. Eu estava aflito e com medo, mas ao mesmo tempo orgulhoso de poder ajudar o meu país em uma guerra tão cruel.

Enquanto terminava de arrumar minha mala via lagrimas caírem no rosto da minha mãe e da minha irmã.

-- Você tem mesmo que ir? -- Minha mãe disse em lagrimas .

-- Infelizmente sim, mas eu vou voltar -- Falo tentando convence-la e me convencer de que tudo ficaria bem.

-- Leon -- Minha irmã fala com a voz embargada -- Não vai não, não vai.

-- Eu preciso ir -- falo a abraçando -- Mas eu volto.

-- Você promete? -- Ela fala.

-- Prometo -- Falo sem saber se vou conseguir cumprir essa promessa.

...

Enquanto ia em direção ao campo de batalha, ouvia pelo rádio as noticias da guerra, países aumentando seu armamento, civis sendo mortos, soldados feridos. Nenhuma noticia boa se ouvia por ali, além de um menino ferido que foi levado ao hospital e felizmente passava bem. Por um momento passei a nem mais prestar atenção no que diziam, até alguém falar sobre cartas que eram enviadas aos soldados, por pessoas comuns, com o intuito de os deixarem melhor. Foi a ultima coisa que ouvi antes de chegar ao local.

Narração mulher:

A guerra é uma coisa muito cruel, não entendo porque ela tem de acontecer. Eu não tenho irmão, apenas uma irmã, mas meu primo teve de ir lutar na guerra. Ele foi em direção a esse show de horrores e não voltou vivo, minha tia ficou desolada. Todos estamos desolados.

Sou uma menina bem sonhadora, tenho apenas 19 anos, adoro escrever e deposito aí os meus objetivos de vida, meus sonhos, o que desejo para esse mundo cruel, entre outras coisas. Minha mãe sempre me disse que um dia me veria dando entrevistas sobre algum livro que escrevi e fez sucesso.

Um dos meus maiores sonhos é encontrar um grande amor, assim como minha mãe encontrou meu pai. Alguém para amar, para compartilhar os meus sonhos malucos, meus poemas e textos, enfim, o meu Príncipe encantado. Sei que nenhum homem é perfeito, mas pra mim ele será.

-- Está escrevendo de novo maninha? -- Minha irmã fala.

-- É. Preciso passar o tempo - falo .

-- Poemas românticos de novo? -- Ela fala se aproximando.

-- Talvez -- falo.

-- Você sabe que eu torço muito pra que você encontre um grande amor, desde que não me abandone. -- ela fala me abraçando pro trás.

-- Eu nunca vou te abandonar -- falo olhando para ela.

Narração homem:

O meu primeiro dia na guerra foi bem tenso, ainda não havia pegado as manhas e não sabia direito o que fazer. Quase levei um tiro e aquilo me assustou muito, se eu não morre-se por tiro ou desnutrição, a depressão ou o nervosismo me matariam.

O dia acabou e fui até o acampamento. Todos os soldados tinham um companheiro para dormir consigo na barraca, alguém pra conversar e tentar esquecer um pouco disso. Mas por algum motivo do acaso, eu estava sozinho naquela barraca olhando para uma foto da minha mãe e da minha irmã. 

-- Eu amo muito vocês -- Disse enquanto beijava a foto e me preparava para dormir.

Eu tinha apenas 19 anos com muito o que viver ainda, se acontecesse alguma coisa comigo eu não sei o que seria da minha mãe e da minha irmã. Eu era o único homem da casa, meu pai havia morrido um pouco depois da minha irmã nascer e eu não queria deixar elas desamparadas.

Narração mulher:

Em um desses dias ouvi na rádio sobre um programa, na qual você escreve cartas para algum soldado. Fiquei super animada em saber que poderia deixar um soldado mais alegre em meio à esse caos. Além do mais eu adoro escrever e isso iria fazer bem pra mim.

Não perdi tempo e fui até o local descrito na rádio, cheguei lá com uns 15 minutos apenas, porque felizmente o local não era muito longe de onde morava. Fiquei esperando ser atendida em uma imensa fila de mulheres que tiveram a mesma ideia que eu.

Quando chegou minha vez, à mulher que estava organizando tudo pediu alguns poucos minutos para resolver algumas coisas. Fiquei olhando para o caderno com o nome dos soldados.

-- Eduardo Marques... Joaquim Batista... Carlos Oliveira -- falava folheando as paginas -- Paulo Monteu... Leon Martins... Hum, Leon Martins.

 Fiquei olhando para a foto dele do lado do nome. A foto era pequena e não dava para ver direito, ele estava já com a roupa de soldado e eu fiquei à observando até a moça voltar.

Perguntei-a se eu poderia escolher o soldado ou teria que ser ela, vi ela pensar um pouco e logo depois me perguntar se eu já tinha algum em mente. Estava certa de que era pra ele que iria mandar as cartas, não sei o porquê, mas tinha que ser ele.

-- Leon Martins -- falo -- Pode ser ele?

-- Pode ser -- a balconista fala com um sorriso -- vou registrar aqui.

Voltei pra casa feliz e animada, no caminho passei para comprar alguns pães, a pedido de minha mãe. Cheguei em casa e não queria perder um minuto sequer para começar a escrever a carta, fui interrompida pela minha mãe pedindo para que a ajudasse á limpar a casa. Prontamente á atendi, porém certa de que na primeira oportunidade escreveria aquela carta.

A carta e o soldadoWhere stories live. Discover now