Capítulo 6

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Narração mulher:

Saio correndo do quarto e vou em direção ao portão.

-- A carta do Leon está com você? -- Falo quase sem respirar pelo fato de ter corrido.

-- Então... não é isso -- Vejo ela falar nervosa -- Não tem carta.

-- Aconteceu alguma coisa? -- Falo -- Aconteceu alguma coisa com o Leon?

-- Eu não sei direito o que aconteceu -- Ela diz -- Ele está machucado e o trouxeram para algum hospital da cidade.

-- Como assim machucado? -- Falo tremendo

Narração homem:

Flashback on

Eu estava em mais um dia de guerra, lutando para não morrer. Antes eu não estava nem ai para os outros só se importava comigo, mas a Nilce me fez ter outra visão e eu não conseguia ver os meus colegas sofrerem ou em perigo. 

De todos, o que mais era meu colega era o Eduardo ( não é o BRKS ), sempre que dava batia um papo com ele. 

Nesse dia de guerra, logo no começo da manhã os inimigos começaram a dar vários tiros, seguidos de uma bomba. O Eduardo estava mancando e com dificuldade pra andar, quando eu vi que ele não conseguiria sair a tempo fui correndo até ele para o carregar. Não deu tempo... senti uma explosão grande e apaguei.

Flashback off

Narração mulher:

Fui correndo para o hospital que ficava mais próximo da minha casa, mas não sabia se o encontraria lá. Existem outros dois hospitais na cidade e eu fui contando com a sorte de o encontrar logo no primeiro.

Pra chegar lá eu não precisei pegar ônibus, porém demorei uns 18 minutos para chegar, e foram os minutos mais demorados da minha vida.

Cheguei ao hospital toda afobada e desesperada, entrei pela porta gritando o nome do Leon para a recepcionista. Eu sei, nunca tinha visto o Leon pessoalmente, mas me importava com ele.

-- Um momento senhora, vou ver se encontro o nome dele aqui -- A recepcionista fala -- Ele é o que dá senhora ?

-- É... é um amigo -- falo -- Procura logo moça, pelo amor de Deus.

-- Calma moça -- Ela diz -- Estou procurando, calma.

Fiquei batendo os dedos impaciente em cima do balcão, até que depois de olhar os registros finalmente a moça falou:

-- Não encontro o nome dele aqui -- Ela diz

-- Tem certeza moça ? -- Falo impaciente

-- Calma, vou subir lá em cima -- Ela diz se levantando -- Vai ver ele chegou faz pouco tempo e não deu tempo de registrar o nome ainda.

Fiquei ali na recepção à esperando voltar e torcendo para que ele estivesse ali. Não tinha dinheiro para pegar o trem até os outros hospitais e muito menos sabia dirigir para pegar o carro do meu pai, que estava no trabalho e não poderia me levar.

-- Moça? -- A recepcionista fala tirando-me dos meus pensamentos -- O senhor Leon Oliveira Martins encontra-se aqui. Chegou faz pouco tempo.

-- E como ele está? -- Falo desesperada

-- Não sei informar com precisão, mas ele está em coma. -- Ela diz voltando para onde estava sentada e escrevendo o nome do Leon no papel.

-- Em coma? -- Falo espantada -- Quero vê-lo.

-- Moça, agora você não pode ele acabou de chegar -- Ela diz -- Quando puder a gente avisa. Parece que a família dele também esta vindo para cá. 

...

Já fazia 1 hora que estava ali impaciente, percebo duas mulheres entrarem desesperadas pelo hospital perguntando pelo Leon.

-- Precisa ficar calma moça -- Ouço a recepcionista falar depois de já ter ditos outras coisas -- Aquela moça ali também esta esperando por noticias dele.

Percebo a mulher mais velha ficar me encarando como quem não estava entendo nada.

-- Bom dia senhora -- Falo -- Você é parente do Leon.

-- Sou mãe dele, prazer Regina -- Ela diz esticando a mão para cumprimentar -- E essa aqui é minha filha Maíra ( não sei como escreve o nome da irmã do Leon ), e você quem é?

-- Meu nome é Nilce, Nilce Moretto -- Falo -- Eu escrevia cartas para ele enquanto estava na guerra.

-- Ah, eu fiquei sabendo daquele programa -- Dona Regina diz -- Cheguei a escrever uma carta para ele também.

-- A gente ia escrever outra carta -- Maíra diz -- Mas ai aconteceu tudo isso. Ele vai ficar bem mamãe?

-- Vai sim meu amor, eu espero -- Dona Regina fala.

Ficamos ali por pelo menos umas duas horas, até que finalmente um medico chegou para nos dar noticias.

-- Boa tarde -- Ele diz -- Fizemos vários exames no Leon. Ele esta com queimaduras pelo corpo, mas nenhuma tão forte. E esta com problemas no pulmão mediate a fumaça.

-- Mas ele não esta mais em coma? -- Falo.

-- Ainda esta -- Ele diz -- E sem previsão para sair.

Depois de falar tudo o que tinha para falar, ele permitiu a mãe e a irmã dele subirem para vê-lo e eu fiquei esperando para ir depois.

Elas voltaram depois de um tempo e eu subi muito nervosa e apreensiva. Entrei pela sala de UTI e o vi na cama. Por conta de queimaduras ele estava com algumas faixas no rosto não me permitindo vê-lo direito. 

-- Leon -- Falo segurando sua mão -- Leon Martins...

Era incrível como mesmo vendo ele pela primeira vez pessoalmente, é como se eu já o conhece-se faz tempo. Eu senti uma sensação diferente que não sabia explicar.

-- Vai ficar tudo bem com você -- Falo -- Eu orava por você e vou continuar orando. 

A carta e o soldadoWhere stories live. Discover now