Capítulo 13

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Alguns meses depois...

Narração mulher:

Já havia se passado alguns meses desde que o Leon voltou para a guerra. A minha gravidez já estava praticamente no fim, 8 meses. Os pensamentos que rondavam a minha cabeça sempre eram: Será que o Leon esta bem? Será que ele ira conhecer a sua filha?

Sim, eu estava gravida de uma menina. O nome dela seria Stella, era um nome que o Leon gostava muito, descobri isso em uma conversa que tivemos sobre filhos.

-- Será que um dia papai vai ver o seu rostinho? -- Falava passando a mão sobre minha barriga -- é o que eu mais quero -- Senti ela se mexer dentro de mim, era o que ela queria também.

-- Fica tranquila meu amor -- Ouço minha mãe falar entrando pelo quarto que já estava enfeitado para receber a Stella -- Ouvi boatos que a guerra pode acabar logo, ele vai voltar.

-- É o que eu mais quero -- Falo olhando para a minha barriga -- Não quero que ela cresça sem o pai.

-- Isso não vai acontecer -- Minha mãe fala beijando o topo da minha cabeça -- Vem jantar, vem.

2 semana depois...

Os sinais de que a Stella estava para nascer só aumentavam, já não aguentava ficar 2 minutos de pé. A dor nas costas eram grandes e o inchaço nem falo. A cada semana que passava ela se mexia mais, como um sinal de que queria sair logo para fora. Eu não sabia se ficava feliz por saber que logo veria o rostinho dela, ou se ficava triste porque o Leon não estaria lá comigo.

Narração Joice

Ouvi no radio que a guerra estava para acabar (e desse vez não eram só boatos ) e que por conta disso iriam começar a liberar alguns soldados, a Nilce estava tão preocupada com o fim da gravidez que nem ficou sabendo disso. O problema é que iriam começar a liberar eles alguns poucos dias depois que a Stella nascesse, mas o que eu mais queria era que o Leon estivesse nesse momento tão especial que é o nascimento da filha dele.

Foi ai que a Maíra, irmã do Leon, me contou uma coisa que me deu uma grande ideia. Ela havia me dito que o vizinho dela iria prestar auxilio nesse fim de guerra e que ele partiria logo no outro dia. Revirei as coisas da Nilce até encontrar a carta que ela havia escrito para o leon dizendo que estava gravida, mas que nunca conseguiu entregar. A reli pra ver se era aquela mesma e acrescentei ao final a data na qual a criança iria nascer. Corri até a casa da Maíra e expliquei pra ela que queria que essa carta chegasse até o Leon.

-- Será que o seu vizinho leva? -- Falei

-- Creio que sim, o problema é ele encontrar o Leon em um lugar lotado de soldados -- Maíra falou

-- Mas o que vale é a tentativa -- Falei

-- Mas o que você quer com isso? Que o Leon consiga sair antes dos outros soldados pra vim ver a menina nascer? É impossível, aquele lugar é cheio de regras.

-- Sei lá, eu só queria que ele ficasse sabendo que vai ser pai... Ah não sei... Mas eu não aguento ver minha irmã pra baixo.

-- Te entendo... Vamos falar com ele, vem cá -- Maíra fala me puxando.

1 semana depois...

Narração homem: 

Até a semana que havia se passado rolavam boatos de que a guerra estava no fim, realmente dava para perceber. No começo daquela semana eles confirmaram de fato, porém nós só iriamos ser liberados aos poucos e dali duas semanas. Não dava para liberar todos de uma vez, porque o inimigo podia aproveitar e atacar. Então teríamos que sair aos poucos assim como eles também fariam. O que eu mais queria é que eu fosse um dos primeiros para poder ir logo embora pra casa. 

Estava sentado em uma muretinha, já era a noite eu havia acabado de jantar. Senti alguém me cutucar pra trás.

-- Boa noite, o senhor é o Leon?

-- Boa noite, sou.

-- Pediram pra entregar isso aqui pra você -- Ele fala jogando o papel no meu colo -- Mais um pouquinho e eu desistia de te achar.

-- Obrigado -- Falo sem entender muito.

Abro o papel e logo reconheço a letra da Nilce, meu olhos brilham e eu não perco nem um segundo para começar a ler.

Me chamou a atenção que a data era de meses atrás, porém ignorei esse fato e comecei a lê-la.

Oi Leon, tudo bem com você? Comigo não muito, queria que você estivesse aqui para partilhar desse momento comigo. ( Momento?? ) Semana passada eu passei muito mal e fui com a minha irmã até o hospital, o medico fez alguns exames e... bem, você vai ser papai. ( PAPAI???, Meu coração gelou naquele momento ) Eu não queria que isso tivesse acontecido agora, já que você está na guerra. Espero que você volte a tempo de me ver gravida ou pelo menos ver a criança nascer. Já contei para sua família sobre isso e prometo que vou me cuidar. Um abraço , Nilce.

Fiquei paralisado por um tempo sem saber que reação ter, só ali entendi as sensações estranhas que eu estava tendo de que a Nilce tinha algo para me contar. 

No movimento de colocar a carta de lado, percebi que havia algo a mais escrito.

A criança vai nascer dia tal.

Três dias, meu filho ia nascer dali três dias. Um desespero tomou conta de mim. Eu não podia sair dali, eu não podia... mas eu queria.

-- Se eu conversar com eles, será que eles deixam eu ir? -- Pensei -- Acho que não...

Eu precisava sair dali no máximo até o outro dia de manhã para chegar a tempo. Não consegui me controlar e fui em direção a coordenação.

-- Não. Você não pode sair.

-- Mas o meu filho vai nascer moço.

-- O filho de um monte de gente aqui também vai nascer, vai se formar, vai fazer 15 anos. Se fossemos dar ouvidos a todos que querem sair, ficávamos sem soldado algum aqui.

-- Mas moço...

-- Não é não.

Fiquei nervoso, comecei a chutar as pedras pequenas que via pelo caminho. Aquilo pra mim era o fim, até que eu me lembrei que um trem partiria no outro dia bem cedo com alguns soldados feridos e algumas pessoas da administração.

-- E se eu entrar escondido no trem? -- Pensei

Era arriscado, se me vissem logo no começo da viagem me expulsavam do trem para que eu voltasse. Se me vissem bem longe do local ou não me vissem eu ia sofrer alguma punição por ter abandonado o lugar. Mas eu estava disposto a sofrer qualquer tipo de consequência para estar junto com a Nilce no nascimento do nosso filho.

A carta e o soldadoWhere stories live. Discover now