Capítulo 4

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Esse capitulo vai em especial pra Senhorita Nádila que está fazendo aniversario hoje. <3

Narração mulher:

Acordei era por volta de umas 8 horas da manhã com a minha irmã me chamando.

-- Nilce, Nilce acorda -- Ela fala me cutucando

-- Que foi? -- Falo abrindo os olhos

-- Não se lembra? -- Ela diz animada -- Hoje eu tenho apresentação de dança na escola.

-- Ah, mas esta cedo -- Falo olhando para o relógio 

-- Deixa disso -- Ela diz me puxando pra fora da cama -- Você esta acostumada a acordar essa hora.

-- O que você quer? -- Falo 

-- Que você vá comigo até a loja pra mim pegar meu vestido -- Ela diz -- Mamãe acha perigoso eu ir sozinha, deve ser a guerra.

-- Ta maluca -- Falo, a guerra está acontecendo do outro lado do nosso país. Do que ela e o papai tem medo é dos mal encarados.

-- Seja como for, você tem que ir comigo -- Ela diz ainda me puxando

-- Já vou, preciso tomar café primeiro -- Falo me levantando.

Vou até a janela e a abro deixando o sol ainda fraco bater em meu rosto. 

-- Bom dia -- Falo percebendo o quanto estou mais alegre naquele dia.

Narração homem:

Era por volta de umas 8 horas quando acordei com o sol batendo na barraca e o barulho do tenente gritando para que levantássemos. Olhei para o lado e vi a carta que havia recebido. Fiquei pensando nela por um bom tempo e sem perceber acabei dormindo.

Peguei-a novamente e a reli. Sem perceber um pequeno sorriso tomou conta do meu rosto.

-- Bom dia -- falei saindo da barraca

-- Bom dia soldado -- O tenente fala -- Se é que você vai ter um bom dia.

-- Não sei porque tanta alegria -- Um soldado fala olhando para o meu sorriso que se desfez lentamente depois das palavras do tenente. 

Narração mulher:

-- Chegamos Nilce -- Minha irmã fala entrando na loja

-- Ah era aqui que você encomendou o vestido com a mamãe? - Falo

-- Sim Nil -- Ela diz -- Bom dia moça, vim buscar meu vestido.

--Ah sim, ele esta aqui -- A moça fala 

Ficamos lá na loja por cerca de uns 15 minutos e saímos em direção a nossa casa. No caminho passamos em frente um local onde tinha uma radio, minha irmã parou para conversar com uma amiga da escola e eu comecei a prestar atenção no que diziam na radio.

-- Esses últimos dias de guerra tem sido bem intensos, tivemos vários soldados mortos e a nossa esperança são os reforços que foram chamados. -- A moça da radio fala. 

-- Será que está tudo bem com o Leon? Será que minha carta chegou? -- Eram os pensamentos que rondavam a minha cabeça.

-- Nilce? Ta pensando na morte da bezerra? -- Minha irmã fala interrompendo meus pensamentos -- Vamos pra casa.

-- Ah... vamos -- Falo

Narração homem: 

Aquele dia na guerra foi igual a todos os outros mas eu não conseguia parar de pensar na carta e aquilo me ajudava a ter mais animo.

-- Você está mais alegre hoje -- Um soldado fala -- Recebeu carta da namorada?

-- Eu não tenho namorada -- Falo

-- Hum -- Ele diz -- Então o que foi?

-- Recebi carta, mas não conheço a pessoa que mandou -- Falo -- Só fiquei feliz porque... porque... Ah sei lá. Foca no trabalho.

-- Ta ok então -- Ele diz.

Narração mulher:

-- Pega o pente pra mim -- Minha irmã fala.

-- Ta bom -- Falo.

Minha irmã ia apresentar uma dança na escola, ela sempre gostou muito disso. Se vocês vissem o brilho nos olhos dela e a ansiedade que ela está. Queria poder dar 100% de atenção á ela, mas vira e mexe me pego pensando no Leon. Na verdade eu estava ansiosa pra receber a carta de volta dele, mas a verdade é que o que mais rondava a minha cabeça é que ele não ia me responder.

-- Você está linda -- Falo para minha irmã.

-- Você acha mesmo? -- Ela diz.

-- Você sempre está linda -- Falo com um sorriso e a abraçando. -- Você vai arrasar hoje.

...

Já era de noite e estávamos na escola da minha irmã para a apresentação. Antes de começar a coordenadora pediu para que rezássemos pelos soldados na guerra.

-- Vamos tirar um tempo para pedirmos a Deus que cuide deles -- A moça fala -- Alguém aqui tem algum parente ou conhecido lá?

Resisti um pouco em levantar a mão já que eu nunca havia visto o Leon, mas no meu coração é como se eu já o conhecesse faz tempo. 

Levantei a mão discretamente  e depois fizemos a oração.

Narração homem:

Havia acabado de tomar banho e estava junto de alguns soldados comendo o macarrão de sempre, variado por alguns dias que se tinha outra coisa para comer. 

-- Ei -- Um soldado que vinha em nossa direção fala -- Pediram pra avisar que amanhã cedo vão passar aqui recolhendo ás cartas, se alguém tiver alguma pra mandar.

Terminei de comer e fui correndo para a minha barraca.

-- Preciso escrever uma carta pra ela -- Falei em voz alta.

Peguei a caneta e fiquei cerca de uns 10 minutos olhando para a folha sem saber o que escrever. E só ,finalmente, depois de muito pensar começo a escrever.

Oi Nilce, não sou muito bom com cartas e com agradecimentos mas não poderia deixar de te responder. Queria agradecer pelas palavras que você escreveu pra mim, eu estava muito mal e sem vontade pra mais nada. A sua carta veio na hora certa, porque mais um dia eu tinha me matado. 

Bom eu também tenho 19 anos, muito novo para essa guerra tão cruel. Mas eu prometo que vou dar o meu melhor, pela minha família e por você. Obrigado pelas orações e por favor continue com elas.

Com amor, Leon Martins.

ps: Eu falei que não sou muito bom com agradecimentos, mas precisava te responder. Fique com Deus.

A carta e o soldadoWhere stories live. Discover now