Instinto primitivo

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Espero um tempo, pois não quero que Rick me veja.

Na escuridão da noite, meu lar é um ponto luminoso de fácil localização. Aproximo-me da entrada, sempre sendo cautelosa e olhando ao redor. De repente, ao me aproximar das primeiras casas a minha frente, sou rendida. Sinto uma arma de fogo encostada a minha cabeça.

- Parece que você esqueceu de alguém. – diz uma voz masculina ao meu ouvido.

Viro levemente o rosto e identifico que se trata do soldado da capital.

- O que você está fazendo Clark? – pergunto, confusa.

- Preste atenção docinho, eu vou te perguntar uma coisa, você me responde ou eu aperto o gatilho.

- Pare de brincadeira Clark, não tem graça. – tento me desvencilhar dele.

- Não é brincadeira, responda a minha pergunta e você viverá, por enquanto.

Noto o tom sério em sua voz e começo a ficar com medo.

- O.k., o que você quer saber? – tento me acalmar.

- Eu e minha equipe possuíamos rádios de comunicação quando fomos atacados, quero saber onde eles estão.

- Não sei do que você está falando.

- Pense bem Annie. – ele bate levemente o cano da arma em minha cabeça.

Vasculho minhas memórias e lembro do momento que Rick me mostrou os aparelhos dentro de um baú velho, no seu quarto.

- Os rádios estão na casa de um homem chamado Carter.

- Me leve até lá. – manda.

Começamos a caminhar. Clark me empurra com a pistola. A todo momento penso numa forma de escapar. Cogito gritar, mas sei que serei baleada logo em seguida. Enquanto passamos por detrás das casas, a oportunidade perfeita parece surgir.

- Fique calmo o.k. – tento desviar sua atenção.

- Eu estou calmo garota, agora cala a boca e anda.

Nesse momento, giro e lhe dou um chute na barriga, o soldado dá alguns passos para trás. Aproveito para correr o mais rápido que consigo, mas ele me puxa pelo cabelo, me levando ao chão.

- Se você tentar isso de novo eu estouro sua cabeça. – ele diz, irritado.

O soldado me ergue pelos cabelos e continuamos a caminhar.

Chegamos a janela do quarto do meu namorado. Clark a arromba, mandando que eu entre, ele vem logo atrás. A porta do cômodo está aberta, logo avisto o baú.

- Está aí o que você quer. – abro a peça de mobília.

- Boa garota. – seus olhos brilham ao ver os rádios.

- Pra que você quer essas coisas?

- Eu vou chamar reforços, quero ver esse vilarejo destruído e toda essa gente presa.

- Porque?

- Porque vocês são rebeldes.

Fico surpresa com sua afirmação.

- Não somos rebeldes.

- Não queira me enganar agora, Annie. – ele ri. – Vocês vivem no lugar onde os rebeldes costumavam se organizar, foi aqui que todo esse motim começou.

Capuz de Sangue - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora