Visitante indesejado

8 1 7
                                    

Depois de dois dias, me sinto confortável pra voltar a minha vida normal, trabalhando no centro médico e treinando com Rick, mesmo que ele não ache uma boa ideia.

- Está bom por hoje. – ele me interrompi durante o cooper, ofegante.

- Mas já? – não escondo minha objeção.

- Meu amor, você acabou de sair do centro médico, não quero que volte pra lá novamente. – justifica ele.

- Eu estou bem. – falo com carinho, tentando fazer com que a aula continue.

- Não dá Annie, olha sua perna, ela nem cicatrizou por completo. – a voz do garoto ganha um ar sério.

Abro a boca para argumentar, mas desisto, vendo que não surtirá efeito.

- O.k., você ganhou. – digo.

- Eu sempre ganho. – ele brinca.

O encaro desaprovando seu comentário, em seguida pego nossas coisas.

Corremos até o pomar do vilarejo, Rick coleta duas maçãs. Descansamos deitados na grama, observando as nuvens.

- Não é estranho? – fala ele de forma despretensiosa.

- O que? – indago.

- Pessoas estão morrendo por todo o país nesse exato momento e nós aqui, quase indetectáveis. – explana.

- Destino ou sorte, talvez. – suponho. – Poderíamos não ter saído de Clivintown e mesmo assim, a floresta é gigantesca, tem milhares de possibilidades para onde ir.

- Não costumo acreditar em coincidências, mas nesse caso, eu concordo. – ele admite, depois come um pedaço da fruta. – Lembro que no momento que estava próximo ao local onde nos encontramos pela primeira vez, havia dois caminhos, e meus instintos simplesmente me levaram a escolher o que permitiria estar aqui hoje.

Refletimos em silêncio por alguns segundos, de repente vejo um vulto que vai para trás do muro lateral. Ergo-me imediatamente.

- Algo se escondeu no muro. – aponto na direção.

Meu namorado procura atentamente.

- Não há nada Annie. – afirma ele.

- Eu juro que vi. – insisto.

Ele se levanta e vai até o local, olha em volta e retorna.

- Está vendo, não há nada. – confirma.

Ainda desconfiada, volto ao que estava fazendo.

- Você se importaria se fossemos embora? – digo depois de alguns minutos.

- Annie, relaxa, já disse que não tem nada lá. – ele demonstra impaciência.

- Sei que não tem, mas eu ficaria melhor se a gente saísse daqui. – me assusto no momento que o vento bagunça uma pequena pilha de folhas secas.

- Se você prefere assim, então vamos. – Rick levanta chateado.

- O que foi? – pergunto.

- É porque esse é um dos poucos momentos que temos para ficar juntos, a sós, queria muito aproveita-lo ao máximo. – fala parecendo uma criança fofa que quer muito um brinquedo.

- Não fica assim. – o abraço, repousando minha cabeça em seu tórax. – Estar com você já é suficiente, não importa quanto tempo dure. – nos beijamos.

Capuz de Sangue - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora