Segredos do passado

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Com ajuda de duas pessoas, levamos o homem ao centro médico cuidadosamente. Ele é moreno e forte. Vejo que possui cortes por todo o rosto, suas roupas estão parcialmente queimadas e sangue escorre pela coxa. O homem não diz uma palavra, a cada passo a dor é mais perceptível em sua expressão.

Depois que os enfermeiros o levam, Rick demonstra agitação.

- Aquele era mesmo seu tio? – pergunto.

- Sim. – ele diz um pouco perturbado.

- Mas como ele sobreviveu a guerra? – falo confusa.

- Ele está vivo, ele está vivo. – meu namorado repete incrédulo, para si mesmo.

- Eu preciso ir para casa, mas daqui a pouco volto, você vai ficar bem? – informo.

Rick faz sinal positivo. Vou para casa.

- O que está havendo filha? – Grace pergunta quando termino de tomar banho.

- O tio de Rick apareceu no vilarejo, e está muito machucado.

- Que coisa horrível, já o levaram para o centro médico?

- Sim. Posso demorar a voltar, mas não se preocupe, estarei na companhia de Rick. – aviso.

- Leve o casaco. – manda ela.

Visto a peça e antes de eu sair ela me beija a testa. Ao me aproximar do meu local de trabalho, encontro meu namorado sentado no chão apreensivo.

- Você tem ir para casa tomar um banho e relaxar um pouco. – sugiro.

- Não vou sair daqui antes de poder falar com ele. – fala Rick teimoso.

Minutos depois, um médico passa próximo a nós.

- Senhor, eu queria visitar o homem que entrou aqui a pouco tempo. – pede ele.

- Infelizmente não serão permitidas visitas hoje, a situação do paciente é muito grave, ele ficará em observação durante toda a noite. – explica o médico.

- Mas ele ficará vivo, não é? – indaga meu namorado.

- Também estamos torcendo por isso, mas não vou te esconder que são pequenas as chances. – fala o homem, depois nos deixa, indo em direção a tenda de medicamentos.

O garoto fica desolado, o acompanho até a casa de Carter. Nos direcionamos ao seu quarto.

- Willian ficará bem, Rick. – tento consola-lo.

Ele descarrega sua frustração derrubando tudo que está em cima da cômoda e chutando as coisas caídas, depois senta recostado ao móvel e começa a chorar. Nunca vi Rick tão abalado dessa forma. Acomodo-me ao seu lado.

- Nessas horas você tem que ser perseverante, não pode desistir de tudo assim. – digo erguendo seu rosto e o encarando.

- Eu não quero perdê-lo novamente. – seus olhos lacrimejam.

- Você não vai. – falo confiante.

- Porque essas coisas têm que acontecer? – diz ele indignado. - Eu já estava triste por tê-lo deixado para morrer. Quando o vi, uma ponta de esperança surgiu em mim, mas ela foi simplesmente arrancada e destruída de uma hora pra outra.

- Não diga isso, ainda há solução. – respondo compartilhando da sua tristeza.

Com a cabeça abaixada, ele reflete por segundos.

Capuz de Sangue - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora