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-Lauren? Oi...eu estou tentando conseguir um vôo, mas ninguém quer decolar por causa do mau tempo aí!

-Ah, por favor.... São apenas... chuviscos- Ela disse, e eu ouvi o som de um trovão do outro lado da linha, me fazendo arregala os olhos -Ligue para Donatella, pegue o jatinho dela!

-M-Mas, Lauren, eu não...

-Ligue pra todo mundo! Isso é responsabilidade sua, é trabalho seu! -Aumentou o tom de voz no telefone. Eu já conseguia ver a morte chegando - Apenas me leve para casa.

-Ai meu deus! Ela vai me matar!- desliguei o celular, quase chorando nos braços da minha mãe, mas me segurei.

-O que ela quer que você faça ? Que ligue pra guarda nacional e peça o jatinho deles?

-Oras, claro que não! - Respondi secamente - Espera, dá pra fazer isso?

-Deixe isso! Vamos ver o musical de chicago! Estamos bem perto!- Ela disse, puxando meu braço.

-Droga! Por que ela não ligou para Verônica? Ela conhece mais gente do que eu!- Bufei, andando cabisbaixa ao lado de sinu.

-Porque ela quis que VOCÊ fizesse isso... Trabalhos funcionaram assim, bem-vindo ao mundo profissional!

Eu concordei e cedi. Fui ver o musical com minha mãe, porém, com a certeza de que iria levar uma surra verbal na manhã seguinte.

-X-

-Sabe, Cabello, o recital das minhas filhas foi absolutamente maravilhoso ontem!- Ela dizia na minha frente, de braços cruzados, quase sentada na mesa de vidro -Todos amaram.... Menos eu! Sabe por que ? Porque eu não estava lá!

Ela travou o maxilar enquanto praticamente queimava minha alma com seu olhar. Eu mantinha a cabeça abaixada, com medo de encara-lá por muito tempo.

-Lauren, eu... Me desculpe.

-Calada. Você sabe por que te contratei?

Neguei com a cabeça, e ela descruzou os braços, colocando as mãos no bolso da calça preta que vestia.

-Eu sempre contrato o mesmo tipo de pessoa... Elegante, magra, que gostam da revista... Mas com o tempo, elas se tornaram decepcionantes e estupidas. - Ergueu uma sobrancelha, indo em direção à sua cadeira e se sentando na mesma , ainda me olhando - E, então, você aparece com aquele currículo impressionante e com um discurso meio ridículo, porém, convincente.

-Obrigada, eu....

-Ainda não terminei- Me cortou, relaxando na cadeira preta - Cabello, eu achei que você seria diferente. Eu disse a mim mesma: vá em frente! Corra o risco! Contrate a garota inteligente e brega! Sabe... Eu tinha esperanças. Você me decepcionou muito, mais do que todos os babacas que já passaram por aqui!

Eu ergui a cabeça, com uma vontade enorme de chorar. Certamente as lágrimas já jaziam em meus olhos, mas eu as engoli, ainda sem coragem para olhar em seu rosto.

-E-Eu fiz tudo que pude....

-Isso é tudo, já pode sair.

Com suas últimas palavras, eu sai de sua sala. Completamente derrotada, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Eu preferia ser demitida do que ter sido machucada dessa maneira.

O Diabo Veste Prada • Camren • Onde histórias criam vida. Descubra agora