Três

22.9K 1.7K 75
                                    

Caio Mkaby

Meu dia se inicia um verdadeiro caos, cheguei atrasado no tribunal, meu primeiro atraso em anos de trabalho, culpa do meu sono que anda totalmente atrasado ultimamente.

Estou tentando organizar os inúmeros papéis distribuídos em cima da minha mesa quando ouço meu celular tocar, estico meu abraço alcançando-o e atendo sem sequer conferir quem é.

- E aí, gato sumido. – Grita a pessoa do outro lado e já sei quem é o idiota falando.

- Théo, fala logo o que quer, não tenho tempo para suas palhaçadas. – Sou ríspido.

- Calma, gatinho feroz. – Gargalha e bufo. – Tenho alguns assunto para tratar com você. – Continua.

- Pode ser depois? Estou ocupado agora - Digo.

- Vamos em algum lugar depois do trabalho, é importante, Sr não posso fazer nada. – Propõe e concordo, finalizando a chamada.

Volto o olhar para mesa e retorno a atenção para meus papéis, ou melhor, tento.

----

Escolhemos parar no primeiro local que aparecesse, e logo no caminho avistamos uma pequena e chamativa cafeteria.

Sentamos em uma mesa próxima a saída e logo que olho para o lado vejo o ser que anda povoando meus pensamentos. O porquê ainda não sei.

Realmente é ela, e está linda usando uma blusa social azul com algumas listras e seus cabelos soltos, seu olhar se choca com o meu como se um ímã atraísse, sua expressão serena dá lugar à uma surpresa.

Parando em nossa frente, bate levemente a caneta no pequeno caderno em sua mão, chamando nossa atenção.

- Olá, o que vocês desejam? – Pergunta com a voz trêmula me fazendo sorrir.

- Você. – Solta meu irmão lhe lançando uma piscadela e a vejo corar instantaneamente.

- Ah, sério que vai usar essa? Me poupe. – Alfineta.

- Théo. – Lhe repreendo.

- Desculpe, não pense que sou um otário assediador, pode me bater se quiser, eu mereço. – O riso baixo parece ser música aos... Música? Que porra é essa, Caio?

- Sorte a sua que não estou no ramo da violência hoje. – Brinca.

Terminamos de fazer nossos pedidos e ela sai praticamente correndo de nossa mesa.

- Jesus, acho que me apaixonei. – Diz Théo mexendo nos guardanapos.

- Deixe ela em paz! – Resmungo.

- Aí nossa, que foi, amor? Não me diga que se apaixonou também. – Debocha rindo e jogando uma bolinha de papel em mim.

- Qual era o assunto tão importante?

- Não era nada, só queria comer a suas custas mesmo, fim de mês, sabe como é. – Ri.

- Idiota. – Não aguento o acompanhando

Nosso pedido logo chega, que por sinal foi entregue por outra garçonete, e suspeito que a doidinha da pulseira não quis continuar nos atendendo.

Estou no caixa esperando o troco quando a vejo parada perto do balcão, e como se minhas pernas tivessem vida própria caminho até lá.

- Ei, Lilian? – Ela se vira para mim em um salto. – É bom encontrá-la novamente, em outra situação. – Sorrio lhe estendendo a mão.

- Digo o mesmo. – Me cumprimenta de volta.

- Poderia me passar seu número? – Sou direto quando vejo Théo caminhar em nossa direção e ela cora no mesmo instante. Éum número caramba.

- Ee...- Gagueja.

- Te achei, gatinho. – Chega meu irmão cortando sua fala. – Oi – Sorri para ela que retribui. – Droga Théo, por que tinha que chegar justo agora?

- Vamos. – Chamo e ele assente vindo atrás de mim, saindo do estabelecimento.

Estamos entrando no carro quando escuto passos rápidos atrás e me viro.

- Toma. – Me estende um papel.

Sorrio olhando para o pequeno papel em minha mão enquanto observo-a correr para dentro.

- Que galanteador, me passa também. – Théo fuxica.

- Cala essa boca e vamos logo. – Digo já sem paciência. 

Meu JuizOnde histórias criam vida. Descubra agora