Capítulo 4

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Quando finalmente pude entrar para vê-la ela estava dormindo, ao menos sua pele estava mais rosada, seus lábios estavam num tom mais suave, pois quando a encontrei estava roxo. Puxei uma cadeira para perto da cama, me sentei na mesma e segurei uma das mãos dela. Estava cansada e morrendo de fome, mas eu queria esperar ela acordar para conversar um pouco com ela.

Os minutos foram se passando e quando vi já havia adormecido, mantinha minhas mãos segurando a dela, estava com a cabeça baixa e a testa encostada na cama. Só percebi que havia dormido quando senti alguém passar a mão suavemente nas minhas costas, pois foi assim que despertei. Hillary ainda estava dormindo por conta do calmante que deram para ela.

- Será que posso falar com você? - perguntou o pai dela baixinho para não acordá-la. Apenas assenti, acariciei a mão dela com o dedão suavemente e me levantei indo em direção a porta com ele.

Fomos até o jardim do hospital enquanto a mãe dela foi lhe fazer companhia. Ao chegar no jardim sentamos em um dos bancos, fiquei encarando minhas mãos já sabendo o que viria a seguir, já sabendo sobre o que ele iria querer conversar. Porém não sabia se contava, apesar de ser o certo, pois talvez ajudaria Hillary a sair dessa.

- Como sabia que minha filha estava com problemas? - perguntou me fazendo engolir em seco.

- Ela tem um canal no YouTube... - respirei fundo antes de continuar.- Assista aos vídeos, assista e vai encontrar todas as respostas para o que está acontecendo. Temos que ajudá-la, antes que ela tente se suicidar de novo.

- É tão grave assim? - questionou confuso.

- Mais do que imagina. - sussurrei desviando os olhos e colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

O pai de Hillary assistiu aos vídeos pelo celular, ele não sabia da existência deles, passava tanto tempo trabalhando que sequer sabia que ela passava maior parte gravando vídeos. Era impossível não notar as lágrimas que corriam pelos olhos dele, só assim ele ficou por dentro do sofrimento que ela estava passando, por algo tão inútil. Me assustei quando a polícia chegou ao hospital, a pedido dele que pretendia colocar atrás das grades o culpado por isso, por espalhar fotos nuas de sua filha por aí.

Enquanto ele conversava com os policiais eu fui novamente vê-la, e para minha surpresa ela estava acordada conversando com sua mãe. Fiquei meio sem jeito ao chegar na porta e os olhares caírem sobre mim, sua mãe olhava com um olhar de agradecimento, já Hillary me olhava com um olhar confuso.

- Eu vou ver se o seu pai está bem. - disse beijando a testa dela e se retirando, na verdade era de se notar que ela só queria nos deixar a sós.

- Como está? - tentei dizer outras coisas, mas essa fora a única coisa que consegui pronunciar.

- Mais ou menos... Eu estou mais ou menos. - respondeu quase num sussurro, seus olhos agora estavam em suas mãos.

- Já é uma boa notícia. - indaguei caminhando até a cama de hospital e sentando na beirada.

- Por que fez isso Yasmim? Por que me salvou? Como sabia que eu iria fazer aquilo? - questionou agora olhando fundo em meus olhos a procura das respostas.

- Fiz porque achei que era o certo, estava totalmente errada em tirar sua vida por causa deles. E não foi difícil saber já que você mesma deu indícios em seus vídeos. - expliquei olhando para ela, automaticamente meus olhos seguiram para seus lábios, eu não sabia o porquê disso, mas me lembrava do gosto que senti quando meus lábios tocaram os dela enquanto fazia respiração boca a boca. Estavam gelados. Como seria agora que estão rosados e provavelmente quentes? Balancei a cabeça para espantar esses pensamentos malucos, por que diabos estava pensando nisso?

Me Recuso a Desistir (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora