Me Recuso a Desistir (Romance Lésbico)

Capítulo 22

Após o meu pai ir embora era hora de conversarmos, Hillary não quis se envolver no assunto da família, então ficou na sala vendo TV. Fabrício, Mamãe e Eu, estávamos na cozinha sentados à mesa, nossos olhos estavam sobre Ela esperando uma explicação para tudo o que o papai havia dito ali. Não íamos força-la a contar, estávamos esperando o tempo dela, só não podia passar de hoje.

- Seu pai me viu aos beijos com outro homem... - Revelou Ela disparando tudo de uma só vez e sem rodeios. Tão rápido que a gente demorou para processar o que Ela havia dito. - Por isso o nosso casamento estava indo de mal a pior... - Continuou ao ver que não dizíamos nada.- Eu quis morrer quando Ele foi embora com outra, sabia que era por minha culpa, mas queria atingí-lo de alguma forma por isso, então apenas disse a vocês que Ele partiu, fazendo soar que Ele me traia porque era um cachorro mesmo e fazendo vocês acreditarem que Ele foi o único que errou. Assim não iriam querer vê-lo nem pintado de ouro, e essa era a minha vingança por Ele ter partido, coloca-los contra o pai de vocês. - Finalizou chorando.

Meu irmão e Eu olhamos um para o outro e respiramos fundo com tal informação, Fabrício apoiou os cotovelos sobre a mesa e passava as mãos no rosto como quem estivesse sem ação, nervoso. E Eu baixei meus olhos e fitei minhas mãos sobre a mesa. O choro dela era de desespero e medo, medo de ficarmos com raiva e dessa vez não querer vê-la nem pintada de ouro ao invés do Papai. Mas Eu não estava aguentando mais isso, lágrimas, dores, lamentações... Não aguentava mais ver tudo isso nos rodeando, por mais que tentássemos driblar a tristeza, sempre havia algo à atraindo para nós de alguma forma.

Não disse nada de princípio, apenas estiquei um pouco mais os braços para perto dela e segurei suas mãos sobre a mesa. Não sei qual motivo levou Ela a fazer isso, mas algum Ela deve ter tido, carência talvez por meu pai passar mais tempo fora de casa do que com a gente. E quando podia ficar com a gente, Ele saia para beber com os amigos. Bom, independente de qual tenha sido o motivo, acredito que por mais que sejam os nossos pais, isso não me convém saber. Convém apenas aos dois resolverem, já somos gradinhos e não precisamos de explicações. Apenas saber que Ele também teve os motivos dele para nos deixar, já basta. Já bastava saber que os dois erraram e estão tentando consertar as coisas.

Em seguida levantamos os dois e a abraçamos, agora era nossa vez de acolhe-la em nossos braços. Não sei se meu pai ganha pontos pelo simples fato da minha mãe ter traido Ele, afinal Ele quem deu indícios certo? Passava maior parte do tempo fora de casa e quando podia ficar com a gente simplesmente saia para beber com os amigos. Não que minha mãe esteja certa em ter feito isso também. Eu só decidi que não vou me meter, Eles já são grandes o suficiente para se resolverem, desde que não interfira na minha vida e na do Fabrício, e desde que não tente nos colocar um contra o outro novamente.

- Você está bem? - Perguntou Hillary ao me ver sentar ao lado dela.

- Vou ficar, apenas decidi que não vou me meter, já basta os meus problemas. - Dei de ombros enquanto olhava para TV.

- Nem tudo podemos interferir não é? - Comentou me olhando.

- Pois é... - Concordei sem olha-la.

- Quer conversar sobre isso? - Perguntou preocupada.

- Não... Quero conversar sim, mas sobre outro assunto, quando chegarmos à minha casa. - A olhei notando sua expressão ficar mais preocupada.

- Tenho até medo do que Eu possa ouvir. - Indagou comprimindo os lábios.

- Não é nada sobre a gente, fica tranqüila, é sobre mim... - Revelei. - Depois de tudo que vi e ouvi hoje dos meus pais, segredos, mentiras, mistérios... Não quero isso para nós. - Expliquei.