Sinopse: Yasmim e Hillary são colegas de classe, porém nunca foram de sentar e dar início à uma longa conversa que talvez resultaria em uma forte amizade. Depois que se esbarraram pela primeira vez Yasmim vem observando a ruiva de longe, com vergonh...
- Eu cheguei a me afastar das pessoas que Eu amo só para não dar mais explicações sobre os meus cortes. Já não sentia mais dor como na primeira vez, todas as outras vezes Eu queria mais, muito mais. Parei de me mutilar já faz um tempo, mas não porque me machucava, e sim porque machucava a pessoa que Eu mais amava. Aquele que com sua coragem me tirou da escuridão que Eu pensava jamais ter um fim. - Ela deu um leve sorriso.- Às vezes Eu ainda sinto muita vontade de voltar a fazer isso, chega a ser mais forte do que Eu, mas Ele continua segurando minha mão e me lembra que ainda há muitos momentos para serem vividos e aproveitados por mim. Me lembra que Eu não preciso disso na minha vida. Me fazendo sorrir com seu jeito palhaço de ser só para me agradar. Eu sei que uma hora essa abstinência vai passar, e Eu não vou desistir antes que isso aconteça. - Finalizou aos aplausos dos demais ali presentes.
- Ashley! - Exclamou a psicóloga para que a outra desse início ao desabafo.
- O meu caso é diferente, mas por ser diferente não o torna menos delicado que os das demais pessoas aqui presentes. - Começou a garota dos cabelos negros, em seu rosto havia uma cicatriz que seguia de sua têmpora até a maçã de seu rosto.- As meninas do colégio implicavam comigo por ser bonita, Eu nunca me achei tão linda como sempre disseram, para mim era apenas mais uma garota normal como todas as outras. Mas Elas não viam assim, me ameaçavam, diziam que um dia iriam desfigurar meu rosto para que deixasse de ser patricinha, para que deixasse toda essa beleza que atraia tantos garotos. - Ela respirou fundo.- Diziam que iam me deixar cega só porque a cor clara dos meus olhos às incomodavam. Nunca havia contado à ninguém porque achava ser coisa de colégio, briguinha idiota, mas descobri estar enganada quando o pior aconteceu... - Ela fez uma pausa. - Elas me cercaram na rua quando estava saindo do colégio, estava em desvantagem pois minhas amigas já haviam tomado outra rua. Eram três, Eu pedi que me deixassem ir embora, mas Elas não deixariam sem antes cumprir com as ameaças feitas. E o inferno começou, deram início ao espancamento, já nem sabia mais onde minha mochila havia ido parar. Picotaram meus cabelos com tesoura, com a mesma deram um corte em meu rosto que Eu sabia que marcaria pro resto da minha vida. Só não me cegaram porque um rapaz interferiu e me salvou a tempo. - Ela limpou as lágrimas e Hilary apertou minha mão com força enquanto à ouvia.- Demorou para Eu me recuperar do trauma, da depressão que me dominara após o ocorrido. E aqui estou com a cicatriz que me faz lembrar daquele dia toda vez que me olho no espelho. Por esse motivo evito olhar meu reflexo, para talvez apagar da minha cabeça as imagens daquele dia cruel. - Finalizou e todos aplaudiram.
- Parabéns pela coragem em dividir sua história conosco! - Indagou a psicóloga.- Por hoje é só, quem quiser conversar comigo em seguida é só aguardar. E mais uma coisa... - Abordou ela. -Não percam a esperança, a recuperação é possível quando abordada com estratégia e conhecimento, e Eu vou lhes mostrar do que vocês são capazes. - Ouvindo isso todos foram até a psicóloga e a abraçaram em grupo como agradecimento.
Essas visitas ao grupo tem sido de muita serventia, pois Eu vejo um brilho diferente nos olhos de Hillary, é como se Ela estivesse renascendo das cinzas como uma fênix. Tenho visto Ela cantarolando baixinho pelos cantos, às vezes a pego sorrindo como se estivesse se lembrando de um momento bom.
Hoje Ela estava diferente, radiante, havia até arrumado os cabelos, minha Hillary estava voltando, só que mil vezes melhor. Fiquei à observando do batente da porta da sala enquanto ela olhava algo que tinha em mãos, já estávamos na sua casa. Ela se mantinha ali vidrada, voando alto em seus pensamentos sem esboçar nenhuma reação.
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