Acorde, Cindy, Acorde!

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-Acooordee, Cindy, acooorrdeee!

-Não, já não posso esfregar esse chão... Está abrindo-se um buraco nele...

-Acooordeee!

Cindy se despertou em sobressalto. Diante dela, estava uma senhora vestida em brilhante vestido azul. Ela segurava uma vara com estrela na ponta. Em seu rosto resplandecia um sorriso de boa aventurança. Seu olhar, junto ao tique nervoso expresso por tremores no pescoço, lhe dava a imagem de alguém prestes a passar para o lado de lá da sanidade. Ainda que tomada por leve temor, Cindy preferiu acreditar que, não estando em meio a um transtornado sonho, algo fantástico iria ocorrer. Chegou a duvidar da própria lucidez.

-Oh, quem és tu? Como entraste aqui?

-Deixemos as ladainhas de lado. Apressa-te, pois noite como essa não se desperdiça.

-A que te referes?

-Veja o que trago para que vaias ao baile.

-Não me olhes tão desconfiada... considere-me tua Fada Madrinha, e preste atenção: Afora, está uma abóbora adaptada, que te servirá de carruagem. O vestido que usarás é uma antiga peça customizada. Lembrança dos bons tempos!... Sorria aos que te sorrirem. Deixa-te levar pela fluidez da dança, mas não percas a firmeza do chão. Todo este encanto tem hora para acabar. E a hora será marcada pelas doze batidas no relógio, à meia noite.

Meia-noite: àquela hora em que um dia passa a ser outro, a lua apresenta seu apogeu, e o penteado, juntamente à maquiagem, entra em processo de descomposição.


Pelo Andar da Carruagem - O Lado Oculto dos Contos de FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora