Capítulo 3: Oceano de cinzas (7th Anniversary)

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Jessica se encolheu. Estava naquela cela há um ano, desde que a guerra em Atlantis havia acabado.


Flashback on

Quando Circe atacou Atlantis por pura sede de poder e causou uma guerra, Aquaman requisitou a ajuda de vários metahumanos de sua confiança; entre eles Talkie, pois ela já havia o ajudado antes contra Circe. Contudo, daquela vez, ela fora muito mais brutal. Fez com que todos da cidade acreditassem em mentiras e se revoltassem contra o rei e seus aliados.

Após alguns dias de guerra, a feiticeira lançou um feitiço que impedia qualquer um ser de sair ou entrar na cidade. A tal guerra se arrastou ainda por mais alguns meses, acabando somente quando a feiticeira cantou sua vitória.

– Cuidado! – Talkie gritou para Aquaman, que desviou de um ataque de Circe.

– Parece que finalmente chegamos ao final disso – a feiticeira desfilou pela sala até os dois sobreviventes. – Todos os seus aliados já estão mortos, agora só faltam vocês dois.

– Você jamais terá meu lugar, Circe – Arthur preparou-se para atacar.

– Conversar com você me enche de tédio – ela, então, fez levitar todos os objetos da sala e os atirou contra ele antes que Jessica pudesse reagir. – Não acredito que esse feitiço ainda te mantém viva – voltou-se para Talkie, referindo-se ao feitiço que lhe fora dado ainda na Torre de Vigilância, para que pudesse respirar em baixo d'água – Guardas! – Ela gritou para que seus devotos entrassem. – Hoje vocês se curvarão perante mim.

– Não mesmo – Jessica saltou em sua direção com a espada empunhada.

– Mas é muita audácia sua – com um simples abando de mão, fez com que Talkie fosse lançada na direção da parede. – Você, garotinha do fogo, vem lutar em baixo d'água contra mim. Desse jeito você me ofende – Enquanto Jessica tentava se levantar, Circe foi até ela. – Eu sou uma deusa. Curve-se perante mim.

– Por que você não cala a boca? – Com um impulso, Talkie se levantou e empurrou Circe com um ombro.

Quando a feiticeira caiu no chão, Talkie saltou com a espada em sua direção. Estava com a arma apontada para baixo e pronta para ferir gravemente o tórax da mulher que jazia no chão quando, antes de chegar até ela, um Bestiamorph se jogou em sua direção. Empurrou Jessica para longe, que bateu no chão e rolou quatro ou cinco vezes.

– Por isso – Circe se levantou – você vai receber uma eternidade de sofrimento.

Quando a feiticeira conseguiu chegar até ela, espalmou a mão em sua testa e segurou sua cabeça. Empurrou-a contra o chão e manteve sua mão pressionando a testa de Jessica enquanto esta gritava e se debatia para tentar se livrar da mulher.

Aos poucos, tudo ficou embaçado. Quando os sons começaram a se misturar, sentiu a pressão diminuir – Circe havia soltado ela. Rapidamente levantou o tronco, ainda tonta, e tentou se erguer.

Com um dedo, Circe empurrou-a de novo para o chão. Enquanto ouvia risadas e via tudo de forma distorcida, sua visão escureceu.


***


Quando acordou, estava numa cela. Percebeu logo que ainda estava em Atlantis. Olhou em volta para ver apenas paredes, chão e teto de pedras. À sua esquerda, barras de ferro. Correu até as barras, mesmo ainda afetada pelo ataque que havia sofrido.

Gritou e sacudiu as barras desesperadamente, até ouvir alguém gritar para que chamassem Circe. Aparentemente, ela estava aguardando Jessica acordar. Alguns minutos depois, a feiticeira apareceu em seu campo de visão, dizendo:

– Você é uma vergonha.

– Não ouse me deixar aqui – Jessica segurou as barras na altura do rosto.

– Ou...? – Circe ergueu a sobrancelha direita com expressão de desdém. – Você, amazona burra, pode aproveitar o resto da sua vida nesse buraco, que é onde você deveria estar desde que nasceu.

– Eu vou sair daqui – Talkie, rapidamente, enfiou o braço direito pelas barras e segurou o pescoço de Circe. – E quando eu sair, eu vou empalar você com a minha espada.

Quando um guarda aliado a Circe correu para ferir o braço de Talkie, ela rapidamente se recolheu, enquanto Circe deu alguns passos para trás, se recompondo.

– Você vai apodrecer aí – a feiticeira disse com a voz fraca. – Eu vou fazer questão disso.

– Aproveite para fazer merda enquanto o seu intestino ainda está inteiro – Jessica ameaçou enquanto recuava dando passos para trás, sem desviar o olhar de Circe.

– Você acha que eu temo você? – Circe começou a se retirar mesmo antes de terminar a pergunta.

– Quando eu sair daqui, acho bom você temer – sentou-se e encostou na parede.

Flashback off


Talkie ouviu um barulho vindo do corredor. Levantou-se num susto para ver uma garota com uma máscara que cobria todo o seu rosto e a impedia de se afogar.

– Quem é você?

– Lislac – ela procurou a tranca da cela e abriu-a sem muito esforço.

– Como você atravessou o campo de isolamento?

– Sei um pouco de mágica. Vamos, não temos muito tempo antes de perceberem que há algo estranho.

– De que parte do futuro você é? – Ela perguntou assim que passou por ela, saindo da cela.

– Dois mil e cinquenta – ela respondeu sem nem perguntar como ela sabia que ela não era daquela época. Muito provavelmente seus equipamentos a entregaram.

– O que eu deveria saber? – Referiu-se a o que poderia estar de tão anormal para que alguém precisasse viajar no tempo afim de resolver.

– Vamos explicar quando reunirmos todos – elas caminharam juntos pelo corredor de pedras.

– Quem? – Talkie deu um forte puxão no braço dela, fazendo-a se virar para encará-la face a face.

Em seguida, empurrou-a até a parede e apertou seu pescoço contra a parede com o braço. Encarou-a por alguns segundos, esperando por uma resposta.

– Estamos do seu lado, vamos tentar não desperdiçar tempo.

Desconfiada, ela a soltou para que continuassem o caminho para fora de Atlantis.

Beyond Heroes 3: StelliumOnde histórias criam vida. Descubra agora