Cena extra: Havoc (2/3)

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Não passava do meio dia quando Zenith e Ririo avistaram o aeroporto abandonado. Ririo fez sinal para Zenith, sinalizando para que o seguisse. Ambos pousaram na parte de trás de um dos prédios, esgueirando-se pelas carcaças abandonadas e enferrujadas dos aviões.

Rondaram o local duas ou três vezes antes de decidirem entrar em algo que mais parecia um enorme galpão.

– Oracle, não vimos ninguém do lado de fora – Zenith atualizou Oracle pelo comunicador.

Após Zenith dar sinal para Ririo, este projetou uma enorme esfera maciça com o anel. Jogando-a na direção da porta de duas folhas, arrancou-a, fazendo ambas deslizarem pelo chão em diferentes direções e soltarem faíscas. Imediatamente, entraram no local. Aparentemente, nenhum sinal dos metahumanos.

Após a missão de Kahndaq, Zenith e Ririo haviam se voluntariado para procurar metahumanos remanescentes por toda a face do planeta, afim de reestabelecer a força de resistência contra os vilões – e ajudar aqueles que pensavam ainda estar sob perigo.

De repente, um barulho de algo ou alguém se esgueirando à direita deles. Ambos se entreolharam e Ririo começou a preparar um novo construto – afinal, não sabiam se o que havia ali era hostil. Caminhando lentamente, Zenith andou até atrás dos barris que cobriam a visão deles.

Encolhida, tremendo, chorando, com roupas rasgadas, extremamente magra e assustada, uma garota disse:

Ne me faites pas de mal, s'il vous plaît. Je m'appelle Fleurea. – "não me machuque, por favor. Eu sou a Fleurea", Ririo entendeu e repetiu para que Zenith entendesse.

– Está tudo bem, Fleurea – Zenith disse, mostrando as palmas das mãos para ela, esperando que ela entendesse. – Eu vim ajudar.

Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela estendeu suas mãos na direção dele. Ele viu, perplexo, saírem das palmas das mãos dela finas linhas verdes. O impacto o fez cair para trás e as linhas se envolveram em torno dele, aderindo-o ao chão amarrado. Instantaneamente, ela se levantou e pôs-se a correr desesperada.

Ririo foi até Zenith, segurando as linhas e puxando, fazendo com que se despedaçassem. Zenith se levantou, observando as linhas e pegando uma ou duas para analisar. Após tocá-las, levou dois dedos úmidos até o nariz para sentir cheiro de seiva. Eram minúsculos cipós.

Plantas. Essa era nova.

Zenith e Ririo sabiam que não importa o quanto ela tentasse, não seria páreo para eles, então deixaram que ela corresse e os guiasse para seu local seguro – qualquer que fosse. Seguiram de longe, tomando cuidado para não assustá-la ainda mais.

Quando ela parou e arrastou uma tampa de bueiro no meio da grama, pouco longe da pista de pouso, Zenith e Ririo aceleraram, não demorando para chegar. Arrancando a tampa sem dificuldade, saltaram dentro para dar de cara com dezenas de matahumanos mal-encarados e em condições não muito diferentes das dela. Todos os encaravam, prontos para atacar.

Zenith? – Ouviram uma voz baixa e fina soar.

Como que por mágica, os metahumanos se afastaram, abrindo um corredor entre Zenith e uma garota atrás de pelo menos dez filas de pessoas.

Nova – Zenith murmurou, pouco acreditando no que via. Quando ela acelerou na direção dele quase correndo, ele abriu os braços preparando-se para um abraço com o qual sonhara por muito tempo. Então, ela chegou.

E deu um tapa nele.

– Ai – Ririo disse. Quando Zenith se ergueu e olhou para ele, a garota bravejou:

Como você pôde?!

Ele pode explicar! – Ririo se prontificou, mais assustado com o olhar de "me ajuda" de Zenith do que com os metahumanos em volta. Quando a garota olhou para ele com os olhos cheios de raiva, Ririo se diminuiu, dizendo mais baixo: – acho que ele não pode explicar.

Zenith se virou para Nova, tocando a própria face levemente enquanto sentia o ardor em sua pele. Deu um longo suspiro.

– Nova, estamos em missão – Estranhamente controlado, Zenith disse. Ririo olhou para ele, quase suando frio quando os metahumanos começaram a se aproximar muito. – Precisamos levar esses metahumanos para a Torre para serem... tratados.

– Como sei que posso confiar em você?

– Mulher, olha o buraco em que vocês estão – Ririo disse. – Agora não é hora de uma cena de romance e você provavelmente não pode confiar no Zenith, mas precisamos que você confie no seu próprio bom senso – Ririo terminou um tanto quanto ofegante por ter dito todas as palavras sem respirar.

– Você sabe que eles ficarão bem... como você... ficou... – Zenith foi dizendo enquanto abaixava cada vez mais o tom de voz.

– Depois do que você fez comigo – Nova completou um tanto quanto impaciente.

É... – Quase se podia ver a estatura de Zenith diminuindo enquanto ele implorava por socorro e gritava em pânico como uma garotinha (internamente).

– Vão na frente – ela terminou e deu as costas para ambos, irredutível. – Alcançaremos vocês.

Zenith fez sinal para Ririo e eles saíram pela passagem disfarçada de bueiro. Esperaram alguns poucos segundos e alçaram voo, olhando para trás o tempo todo para saberem se eles já haviam saído.

– Kyle, o que você fez? – Ririo olhou para ele enquanto voavam.

– Não importa – Zenith olhou para trás, sentindo alívio por ver os primeiros metahumanos que saíam para segui-los. – Isso é outra história.

Beyond Heroes 3: StelliumOnde histórias criam vida. Descubra agora