Capítulo 4: Esperança dormente (7th Anniversary)

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– Vengeance, visita para você – uma das guardas abriu a porta do quarto de poucos metros quadrados.

Por trás de grossas paredes, Rylai perecia há um ano. Havia recebido pena perpétua pelo ataque à Ace Chemicals.


Flashback on (caso você tenha lido Stellium: Ápeiron, pode pular esse flashback. É uma transcrição do início do primeiro capítulo)

Depois de Luthor ter sido preso, Rylai havia tentado contatar o alto comando da Torre várias vezes. Luthor sabia muito, sabia demais, e era uma vítima do próprio pai. Não era só potencial desperdiçado e nem apenas uma fonte de informação: era uma pessoa facilmente acessível. Tentara seguir os passos do pai e acreditara em tudo que ele havia dito: óbvio, sequer conhecia outra realidade. Outra face da verdade. Quando confrontado, havia deixado a refém ir e se entregado às autoridades. E todo seu conhecimento e potencial iriam se esvair conforme ele apodrecia em alguma prisão. E ele sequer era o verdadeiro vilão... ele apenas espelhava os comportamentos do pai. E, claramente, não queria isso.

Ela havia conseguido contatar Batman. Havia conseguido se encontrar com ele na Torre após dias sondando. Queria que Luthor não fosse desperdiçado. Queria que ela não fosse desperdiçada. Queria fazer mais do que apenas dar o relatório da missão, queria provar que o cárcere não era a melhor opção para ele. O único crime de Luthor havia sido contra ela, e abriria mão da condenação dele se algo bom pudesse vir disso. Queria pelo menos tentar. Ela tinha certeza, e absoluta, que o lampejo de esperança que ela havia visto poderia passar para eles. Não era justo... ele fora um prisioneiro a vida toda. Devia receber uma chance de escolha, pelo menos. Ele era como um menino criado por lobos: não sabia outra coisa senão uivar e estraçalhar. Mas poderiam... poderiam tentar! Poderiam mostrar que ele tinha outra escolha. Não é isso que heróis fazem? Mostram o caminho às pessoas?

Mas Batman havia dito "você já fez demais por nós". Havia dito "descanse, você está confusa". E também "não pense muito sobre isso". Havia até conseguido um atestado psicológico para ela: três semanas de descanso. Não queria descanso! Queria que o sistema judiciário e a Torre levassem tudo isso em conta! Se sentia cercada e amordaçada, porque ninguém a ouvia. Batman tratava as pessoas como réus e vítimas. E ele sequer ouviria outro lado da história. Então ele só podia vê-la como inferior, já que sequer a ouviria. Sua tristeza se transformara em raiva. Ele não a via como companheira, por mais que ela também tivesse poderes. Ele mandava e desmandava e sequer a ouvia. Batman estava errado. E era egoísta. E talvez não devesse ter assim tanto poder na Torre.

O relógio marcava três da manhã. Templarix estava sentada no sofá em frente à lareira "aproveitando" seu atestado psicológico enquanto observava a neve cair pela janela a alguns metros de distância. Como se não bastasse, desde que Jessica fora para Atlantis, as coisas que Rylai fazia haviam se transformado em tons de cinza. O grupo simplesmente não era mais o mesmo e, o fato de ela não ter enviado nenhuma notícia só piorou. Batman também não dava ouvidos a isso... dizia que era uma missão de cunho secreto, que não podia lhe dar informações. Jessica não era só mais um soldado! Era sua amiga! E Batman não via as pessoas como pessoas! E sim soldados, peões, réus, vítimas, 8 ou 80. A insônia, a tristeza, a apreensão: Rylai nem sabia mais o que a mantinha acordada. Mas sabia que precisava tomar o assunto nas próprias mãos. A negligência e desserviço da Torre lhe enchiam o coração de um sentimento amargo. Ódio.

Ouviu alguém bater à porta. Com um espanto, levantou-se e caminhou desconfiada até ela e perguntou, esperançosa e apreensiva:

– É você?

– Você está esperando alguém? – Não era a voz de Jessica, isso era claro. Contudo, Rylai conhecia aquela voz. Estagnou por alguns segundos, antes de abrir a porta num impulso:

Beyond Heroes 3: StelliumOnde histórias criam vida. Descubra agora