Capítulo 7: Alvorada (7th Anniversary)

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Lislac e Jessica entraram em um galpão abandonado. Lislac deixou a porta atrás de si aberta. Jessica, ao não ver uma pessoa sequer, virou-se para ela, irada:

– Eu sabia que isso era um truque!

– Jessica? – Uma voz baixa soou de dentro do galpão.

De trás de uma estante metálica cheia de caixas, Jay Philip apareceu no campo de visão dela. Estava surrado, cheio de hematomas de variadas cores, com expressão abatida e barba por fazer.

– Jay... – Jessica olhou-o de cima a baixo, com expressão de dúvida. – O que diabos aconteceu com você enquanto eu estava fora?

– Ah... – Jay levou a mão ao rosto, esfregando o olho em sinal de nervosismo. Suas mãos estavam cortadas, seus ossos estavam esfolados no local o qual usava para dar socos, suas unhas estavam sujas. – Aconteceu muita coisa.

Orion entrou pela porta do galpão carregando uma caixa grande. Jessica acompanhou-o com os olhos. Ao perceber, ele disse:

– Ah, eu sou um dos mocinhos – sorriu. – TalkieWarrior – analisou-a. – É um prazer conhece-la, finalmente.

Alguns tensos minutos de silêncio depois, Kyle entrou pela porta do galpão, atraindo a atenção de todos.

– Kyle... – Jay disse, em um sussurro. – Você desapareceu.

Kyle teve vontade de retrucar que o desaparecido tinha sido ele. Todavia, estava sem força e paciência para sequer abrir a boca e se desgastar por tão pouco. Em vez disso, então, caminhou até Orion e bateu com a ficha em seu peito.

Em seguida, Kyle sentou-se no chão, respirando fundo:

– Eu pensei que você estivesse morto.

Jay abaixou a cabeça, encarando o chão. De fato, estava morto por dentro. Jay Philip deixou o Lanterna Verde dentro dele morrer quando deixou todas aquelas pessoas morrerem porque foi consumido pelo medo. Talvez fosse melhor morto, ele pensava. Dessa forma, ninguém colocaria expectativas em um perdedor.

Kyle havia se sentado próximo à porta propositalmente. Não tinha a mesma confiança de Jessica e, por isso, estava pronto para fugir caso qualquer coisa desse errado. Justamente por estar próximo à porta, foi o primeiro que Rylai viu quando entrou no galpão.

– Kyle – ela chamou, num fio de voz.

Em um segundo, Kyle fixou os olhos nela. Levantou-se lentamente, para perceber que ela usava um macacão branco sujo. Estava extremamente magra e pálida, seus olhos estavam fundos e cercados por olheiras... não muito diferente dele.

Andou até ele quase correndo e abraçou-o. Estremeceu ao sentir o forte cheiro de álcool emanando do primo. Trêmula, encostou o rosto em seu ombro, molhando a roupa dali com lágrimas.

– Eu sinto muito – disse entre um soluço e outro.

Estava paralisado. Sua maior suspeita – a de que Rylai estava morta – se tornara certa com o tempo, chegando a se tornar sua verdade pessoal. Tremendo, levou a mão direita à cabeça dela, pousando-a ali. Ele parecia encarar o vazio a sua frente, sem piscar. De repente, algumas lágrimas saltaram de seus olhos abertos.

Abaixou o rosto para encostar a parte frontal do queixo no topo da cabeça dela e, enfim, fechar os olhos. Respirou fundo algumas vezes e deu um tempo a si mesmo, antes de dizer:

– Está tudo bem.

Finalmente, Rylai afrouxou o abraço e endireitou o corpo, afastando-se dele. A movimentação no fundo do galpão chamou sua atenção e então ela, finalmente, viu Jay Philip encostado em uma mesa e ao lado de Orion.

Beyond Heroes 3: StelliumOnde histórias criam vida. Descubra agora