Se passaram um mês des de que eu me mudei pra favela. Ir pra escola era digamos que divertido, já que todas as meninas me odiavam, e todos os meninos queriam uma chance comigo. Eu não tinha muitos amigos, mas a favela toda já me conhecia.
Eu ainda era uma menina fresca, não havia me adaptado com a pobreza, nem percebido a beleza que todos diziam ver naquele lugar.
Cheguei em casa ao meio dia. Minha cachorra me esperava no pé do morro como sempre pra subirmos juntas, me abaixei pra comprimenra-la já que ela com certeza era minha melhor amiga ali. Vi um Vera Cruz estacionado. De dentro dele desceram 5 pessoas. Uma mulher um tanto quato gorda usando roupas de homem. Um menino de aproximadamente minha idade, negro, com trancinhas no cabelo, correntes de prata e um tênis chamativo. Um moço alto, pardo, porem com os cabelos loiros e olhos verdes, magro, feições fortes e maxilar marcado, tinha um olhar forte, tanto que me hipnotizei e nem sequer prestei atenção nos outros dois. Ele usava correntes grossas de ouro, bermuda e tênis de marca. Usava também um colete escuro, e tinha um fuzil pendurado nas costas. Em meus 15 anos de vida eu nunca havia visto uma arma de perto, então fiquei assustada. O pânico percorreu meu corpo assim que percebi que ele me encarava também, com um tom debochado, e pela primeira vez na vida eu fui seduzida.
- De koé morena. - Ele disse, e eu olhei para os lados pra ter certeza que era comigo. - É tu mesmo, a dos cabelão. - Ele disse abrindo um sorriso maravilhoso.
- Sim? - Eu transbordava medo.
- Qual teu nome? - Ele perguntou se aproximando, eu recuei, minha cachorra foi na direção dele e cheirou seu pé, ele se abaixou e acariciou-a, e por esse pequeno ato me simpatizei com ele.
- Gabriela.
- Satisfação, PH ao seu dispor, novo dono do morro. - Ele segurou minha mão e a beijou, eu sorri e me perguntei quem teria dado o morro a ele, já que não era de ninguém. - Você mora onde princesa ?
- No topo do morro. - Apontei pra casa branca.
- Olha, vamo ser vizinhos então.- Ele sorriu, e mais uma vez eu quase desmaiei. - Nós estamos mudando pra aquela casa vermelha. - Ele apontou pra casa do lado da minha. As casas eram praticamente grudadas, o que separava era um pequeno cercado de madeira. Minha mãe havia me dito que teriamos vizinhos novos. Mas não que teriam armas, nem que um deles seria tão gato. - Tu nasceu aqui ?
- Não, moro aqui a um mês.
- Entendi. A gente se tromba por ai princesa. - Eu acenti e ele se despediu com um beijo em meu rosto.
Continuei a subir o morro. Enquanto subia, pude ouvir uma movimentação lá em baixo.
- Já ta no papo chefinho! Malandro mal chegou já descolou uma novinha, esse é meu chefe! - Um deles disse alto suficiente para que eu ouvisse. Me senti desafiada, e por mais que PH fosse sedutor, prometi a mim mesma que resistiria ao seus encantos.
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Na subida da Favela. (Revisando)
Teen Fiction" A nossa realidade é outra, a nossa verdade é outra. No meio da contradição, o certo agindo errado e o que era pra ser errado agindo certo. No meio da morte, No meio da fé, da entrega da coisa mais preciosa que se tem pra honrar o lugar da onde se...