Capitulo 15. (Ultimo capitulo)

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Queria dizer que essa história é muito importante pra mim, escrever esse capítulo não vai ser fácil, pois carrego cicatrizes ( literalmente ) desse dia ( inspirado ) até hoje, tenham carinho com essa história, me fez bem compartilhar com vocês.

~*~

Os gêmeos estavam de 7 meses, tivemos que comprar um berço a mais. Doritos ganhou um amigo, um pittbulzinho chamado bife. Nossa família estava crescendo, eu não podia estar mais feliz. Fizemos amigos em boraceia, já que Pedro era o novo dono, seu império cresceu e seu salário dobrou. Fiz a mesma tatuagem que ele tinha, no mesmo lugar, em cima do coração. Escrevi o nome dos meus filhos e ele também, tatuamos a frase "Até a eternidade", ele nas costas e eu no pulso. Eu nunca pensei que poderia acontecer o que aconteceu.

Era umas 5 horas quando Pedro recebeu o rádio, estávamos deitados juntos vendo tv. Era Jacaré, desesperado. Estavam invadindo o morro.

Pedro correu atrás da sua R15, me deu um colete a prova de bala, que não serviu por conta da barriga, ele acabou então por vestir-se com aquilo. Ordenou então que Jacaré viesse me buscar. Pedro estava apavorado, passando comando nos rádios sem parar, pouco a pouco um por um, os meninos paravam de responder, barulhos de tiro, motos e gritos desesperados tomavam conta do morro. Eu nunca tinha sentido esse medo antes, medo de morrer.

Jacaré logo chegou com o braço sangarando, levou um tiro de raspão.

- Jacaré, pelo amor de Deus, tira a Gabriela daqui! - Pedro gritava quase chorando.

- Irmão... Se eu descer com ela, ela morre. - Ele chorava como se soubesse que era o fim.

- Meu Deus do céu. MEUS FILHOS JACARÉ!

- EU SEI PEDRO, PORRA! NÃO TEM O QUE FAZER!

- TEM SIM. Gabi, não chora meu amor, a gente vai te tirar daqui, calma, você não pode ficar nervosa... - Ele me abraçou, e acariciou meus cabelos, e por um instante a cachoeira que se formava embaixo dos meus olhos cessaram um pouco.

Ele pegou uma metralhadora e entrgou a jacaré.

- Vamo pra laje, eu quero morrer vendo o por do sol.

Quando ele disse isso, eu parei de rezar pra sair viva dali, e sim para que deus levasse nossas almas direto pro céu. Apesar do pânico, eu senti uma certa paz. Estava com as pessoas que mais amava na vida, minha família.

Subimos na laje, e lá de cima pude ver o caos que estava o morro. Os meninos morriam aos montes. E os encapuzados estravam feito insetos na minha casa. Abracei Pedro com força, enquanto ouvia os passos subindo a escada. Observei o por do sol sob o mar, e agradeci a Deus a vida que tive.

- Te amo, até a eternidade. - Eu disse olhando-o no fundo dos olhos.

- Até a eternidade. - Ele retribuiu com os olhos cheios de lágrimas.

A porta foi chutada com força, e uma rajada de tiros começou. Eu sentia apenas o impacto que a metralhadora fazia no corpo de Pedro quando ele atirava, não desgrudei dele um segundo.

Derrepente todo barulho parou. E eu voltei pro pé do morro. Pedro descia do carro com os meninos, minha cachorra cheirava seu pé. A última coisa que lembro de ter sentido foi o mesmo amor que senti quando nos beijamos, e eu fiquei ali, apenas apreciando a intensidade daqueles olhos verdes enquanto a luz tomava conta de mim.

Na subida da Favela. (Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora