Capitulo 4.

288 24 1
                                    

Hoje não teria aula, a mandato de PH, por causa da invasão todos deveriam ficar em casa. O tiroteio começou logo cedo. Era possivel ver as pequenas rajadas cortando o céu que as cápsulas das armas faziam. Eu só rezava para que Pedro Henrique voltasse vivo e inteiro pra mim, como prometeu.

O tiroteio acabou cerca de 5 da tarde. Fogos de artificio abrilhantavam mais ainda o pôr do sol, anunciando a vitoria de PH. Logo ele apareceu, sendo carregado pelos seus soldados em meio a algazarra do povo. Eu suspirei de alívio e assim que seus olhos encontraram os meus, ele abriu um sorriso magnífico e não os tirou de mim.

No mesmo dia foi o velório dos vapores que morreram na invasão. Era triste ver aqueles jovens com toda vida pela frente, deitados em um sono infinito. Mães aos prantos com o coração despadaçado, lamentando a morte de seu filho. Era triste saber que não veria mais aqueles rostos jogando bola, empinando pipa. Mesmo assim, houveram novos recrutamentos, muitos outros.

PH montou uma boca em um deck na subida do morro, do lado de nossas casas. Tudo isso em um dia só. Eu clamei pra que ele tivesse forças para me ver no fim do dia, já que estava proibida de falar com ele.

No fim do dia, já de banho tomado, estava deitada na cama esperando pelo sono, decepcionada por não ter o visto, até que duas batidas na parede me tomam a atenção.

- Gabi! - Escuto-o sussurrando por de tras da parede.

- Oi?

- Vem pra varanda, tenho uma coisa pra você.

- Ta bom.

Sorri animada, e fui correndo pra sacada. Ele estava sentado, me esperando, com uma rosa na mão.

- Que bom que cumpriu sua promessa. - Eu disse.

- Eu sempre cumpro. - Ele segurou meu queixo e me puxou pra um beijo, que se desfez em selinhos. - Pensei nesse beijo o dia todo. - Sorrimos, e ele me entregou a rosa. - Uma rosa pra mais bela flor.

- Obrigada. - Eu nunca havia recebido uma flor antes, fiquei surpresa com o gesto singelo. - Eu nunca pensei que seria romantico assim...

- As pessoas dizem que bandido não deve amar, não deve sentir e os caralho a quatro. Mas eu não sei quem inventou essa regra. E eu não acredito nisso. Amar é tão bom! Amar você é tão bom...

Eu só conseguia sorrir. Pedro me impressionava cada dia mais. Ele era a contradição em pessoa. Representava a morte, mas pra mim representava também o amor.

- Eu queria poder passar todas as horas do meu dia com você. - Eu disse me entregando a um beijo apaixonado.

- Tua mãe brecou né? Mas isso não é problema, amanhã tu vai passar a noite comigo, e ela nem vai saber. - Ele me prendeu em seus braços, e eu aproveitei pra me ambreagar com seu cheiro.

- Vai me levar pra onde ?

- Pra um lugar bonito.

- Mais bonito que esse ? - Eu perguntei olhando para o mar de luzes.

- Sim. - Ele depositou um beijo na minha testa, e eu fiquei ali por um bom tempo, apenas apreciando a intensidade daqueles olhos verdes.

Na subida da Favela. (Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora