Azar no Jogo

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  Seguimos toda a viagem sem dizermos uma palavra. Vincent está concentrado na direção e parece ou fingi  nem notar minha presença, para minha decepção na verdade. Ver meu chefe tão maravilhosamente lindo naquele smoking me ignorar daquele jeito tão frívolo e impassível – não que eu já não estive acostumada - me deixa um pouco insatisfeita e aborrecida já que não estou nada mal naquela roupa, afinal o que eu estava querendo? Ele estava cumprindo o prometido. Sem perguntas, sem contato lembre-se Christine. Você não quer isso. 

  Sinto o carro desacelerar aos poucos em frente ao que parece ser uma casa de jogos. Pela primeira vez meu chefe se volta para mim.

  - Chegamos. – diz quando olha para mim.

  Seus olhos estão de uma cor azulada na escuridão do carro, são lacinantes e fazem os pelos dos braços se arrepiarem como se houvessem tomado um choque. Passo a mão pelo vestido, porque estou sentindo um pouco molhadas. Ficamos nos encarando por questão de segundos e em um ato ele se inclina e retira meu cinto de segurança, sua proximidade repentina me faz prender o ar.

  - Espere aqui. – ele diz, saindo do carro.

   O vejo ir em direção à entrada da grande casa onde dois homens de preto permanecem parados, ele fala com eles descontraidamente como se já os conhecesse e em menos de um minuto retorna em direção ao carro, abre a porta ao meu lado e se abaixa para mim.

   - Venha, podemos entrar.

   E então entramos os dois na casa.

***

  Há mesmo um salão jogos a minha frente.

  Há homens arrumados, fumando cigarros em mesas enquanto suas mãos seguram cartas, mulheres devidamente arrumadas acompanhantes ou não, apostando fichas, roletas que não param de girar. Fico olhando um casal em uma mesa que parecem apostar juntos enquanto se servem de duas bebidas, a mulher é nova e bela o homem tem em torno de setenta anos. Grandes telas avisam de minuto em minutos nomes de ganhadores e novas apostas sendo feitas. Claro, há muitos garçons também, talvez dois para cada mesa ali. Há mais de duzentas mesas no salão. Deixo um suspiro de espanto escapar pela minha boca. Quem era dono de tudo aquilo?

   - Por aqui. – escuto meu chefe dizer enquanto toca a minha mão levemente. - Fique perto de mim.

   Seu toque me faz despertar do meu vislumbre e encara-lo. A pegada dele é forte.

   Seguimos entre as varias mesas, passamos por um corredor largo e começo a escutar as vozes dos jogadores e das roletas cada vez mais longes e abafadas, nos deparamos com uma grande lona vermelha e passamos por dentro dela e entramos em outro salão. Um salão interno. Esse é bem diferente do outro, não há mesas de jogos nem telonas de apostas, é tranquilo e no centro dele um homem toca um piano de calda de forma magistral. Há casais dançando, logo abaixo dos grandes lustres que pendem do teto. Fico maravilhada com aquilo.

   - Senhor Vincent, é um prazer recebê-lo.

   Um homem de uniforme preto com voz arrastada diz logo quando entramos, sorri para mim de forma educada quando me vê. Estou prestes a retribuir o sorriso para o homem simpático a minha frente, quando o escuto dizer em francês:

   - Monsieur James Colleman O'Connor, seu pai, já está a sua espera.

***

PAI?

  - Perdão, como?

  Monsieur James Colleman? Pai do meu chefe? Era aquilo mesmo que eu havia escutado? Um dos homens mais ricos e mais procurados de Atlanta estava ali a nossa espera?

   Acorde você está tendo um pesadelo Christine! Isso não é real!

   Aquele homem não poderia ser o pai do meu chefe! Aquele homem era uma lenda do mercado no que se referia a jogos de azar! Ai meu Deus...

   Olho para meu chefe e para o garçom sentindo o desespero crescer dentro de mim. Eu havia trabalho três longos anos da minha vida para o filho de um criminoso! Agora tudo fazia sentido. A jogatina. As mesas de jogos. As coisas que eu havia visto quando entrei. Tudo. Tudo aquilo pertencia à família O'Connor, há James Colleman O'Connor um homem que ninguém nunca havia visto, nem sequer em fotos, em outras palavras um cara que eu deveria temer. Puta que pariu.

   - Não posso fazer isso. – digo baixinho, para que só Vincent escute.

   Vejo seus olhos me fitarem e depois sinto uma mão tocar de leve as minhas costas, graças a Deus porque sinto que vou desmaiar!

   - Respire Christine.

    O escuto dizer, mais meus pulmões parecem dois tanques fechados e inúteis para a saída de oxigênio. Não sei como consigo, mas começo a andar ou melhor ser levada pela mão forte do meu chefe para uma mesa próxima.

   - Você está bem?

   Ele está parado na minha frente, sua expressão está com uma ruga de preocupação, segurando minhas mãos nas dele. E se meu desespero não fosse tão enormemente grande eu poderia dizer que gosto do seu toque.

   - Mais é claro que não. – respondo sinceramente. Minha cabeça está girando.

   Ele franze o cenho para mim e se volta para o homem francês que permanece em pé a certa distancia.

   - Traga uma água para a moça, agora. – rugi.

   E depois se volta para mim novamente.

   - Olha, não é tão ruim quanto você está pesando. – ele diz sério.

   Olho para ele sentindo raiva crescer dentro de mim, em cada pedaço do meu corpo. Vou mata-lo! Definitivamente mata-lo. Não estou nem aí se vou presa, vou matar o filho de um homem que pode me condenar à morte só com o seu dinheiro.

   Então sinto alguém me oferecer um copo d'água que aceito sem pestanejar. Tomo tudo em um só gole. Acalme-se Christine, acalme-se. Você precisa, por mais que não deva, por mais que não queria deixa-lo se explicar. Você merece uma explicação, droga! Então apenas se acalme e coloque seus miolos para esfriar...

   - Você tem exatamente dois minutos, a partir de agora para me dizer como isso não pode ser considerado uma coisa ruim. – digo, encarando o rosto do meu chefe escroto.

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Quem poderia imaginar????? Pois é meus leitores, surpresa! Já podem imaginar que essa semana não será nada fácil para nossa querida Christine Clarck se ela decidir por ficar com esse gostosão repleto de segredos. O que vocês acham? Comentem e digam o que vocês esperam dessa semana e desses dois.   *.....*

Contrato Perigoso - || Livro 1 - Completo ✔ ( Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora