Mãe?

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LUIZA

O cheiro de rosas ainda estava tão presente como na noite passada, havia algo macio em baixo de mim e quando abri completamente meus olhos, os de Dimitri estavam fixos nos meus. Senti seu aperto e sem que eu esperasse sua boca se fundiu a minha em um beijo quente cheio de ternura. Passei meus braços em volta de seu pescoço e por alguns minutos nós não dissemos uma palavra, apenas nos beijamos e nos acariciamos sobre a grande cama de lençóis macios. Perdidos um no outro como paraíso.

-Trouxe você pra cama depois que caiu de exaustão no chão da sala comigo, nunca em toda minha vida eu tinha tido uma noite tão boa, foi incrível.

-Sim foi incrível, acho que foi um sonho, não dá pra acreditar ainda. -Meus dedos circulavam o seu rosto livremente, ele tinha me mostrado muito na noite passada, foi além de perfeita está em seus braços dando e recebendo amor.

-Teremos muitos momentos como aqueles, até você finalmente se convencer que realmente aconteceu. Que realmente somos reais.

-Eu sei que sim e fico feliz.

-Eu sei que acabamos de acordar, eu não queria tocar no assunto mais eu quero que se sinta a vontade sobre o que eu vou dizer, é algo que envolve nós dois, principalmente você. -Levantei de seus braços e me sentei rapidamente na cama envolvendo o lençol sobre meu corpo.

-Fiz algo errado?

-Não querida! Não, não aconteceu nada errado. -Fui puxada em seu colo e ele segurou meu rosto depositando vários beijos. Eu não estava entendendo sua voz, muito menos o que poderia ter acontecido.

-Então o que foi? Você parece preocupado.

-É que... Não quero preocupar você amor, mais não usamos nenhuma proteção ontem, eu não tenho nenhum problema de saúde e sei que você também não, mais ainda a risco de uma gravidez... desculpe não quero perturbar você, mais... -Toquei sua boca com as mãos o interrompendo, eu sabia que ele gostava de mim, mais um bebê seria demais pra ele e eu via claramente sua inquietação e medo sobre. Tínhamos acabado de nos conhecer.

-Não se preocupe isso não vai acontecer Dimitri, não há chance alguma.

-Você toma pílula? Eu só queria me certificar de que você não correria nenhum risco, nossa relação é recente e eu sei que não é um começo convencional para nós. Quero que tudo saia da sua maneira.

-Está tudo bem Dimitri, não há com o que se preocupar... eu não posso mais ter filhos, não vai acontecer nada. -Não tinha como falar aquilo sem um peso martelar dentro de mim, fechei meus olhos e levantei de seu colo indo ao banheiro sem que ele me parasse. Doía muito ainda, mais do que eu podia suportar. Tentei fechar a porta quando sua mão segurou e me pegou pelo braço, eu só queria ficar sozinha naquele momento.

-Luiza... desculpe-me, eu não fazia ideia.

-Está tudo bem, eu não contei a você... eu só fico emotiva quando me lembro do bebê... -Engoli o no que se formou dentro de mim quando ele me olhou, eu não o tinha contado sobre meu filho.

-Que bebê? - Eu não queria mentiras e uma hora ou outra, ele saberia da verdade. Senti sua mão segurar a minha quando finalmente vi em seu jeito assustado, que eu precisava falar.

-Eu estava com três meses quando perdi meu filho... Fui ao encontro do meu ex, e o peguei na cama com a amante como eu te falei, eu o perdi na noite trágica da minha vida. Ainda é duro lembrar-se dele, e pior é saber que não existirá nenhum bebê na minha vida, desculpa. -Seus braços me rodearam quando chorei ainda com mais força, mesmo sentindo a dor da perda, ali era o melhor lugar para se estar porque eu sabia e sentia bem todo seu apresso por mim.

-Eu não fazia ideia... desculpe-me. Sinto muito por você, eu te conheço suficiente para saber que esse bebê teria muita sorte de tê-la como mãe, eu sinto muito por tudo, e se um dia encontrar o filho da Puta que você teima a não me dizer o nome, eu vou matar ele com minhas mãos, por tudo que ele te causou, ele e a piranha maldita dele.

-Não diga isso, ele não vale nada, não te quero sujando as mãos com aquele homem, ele não faz mais parte da minha vida e nem chegar a ser da sua.

-Você o viu? -Raiva emanava se sua voz, até meus olhos se arregalaram com seu tom, mais mesmo assim eu pretendia ser clara.

-Ele me procurou para pedir perdão, e contei sobre meu filho e terminei de uma vez a história que eu tinha com ele. Mesmo doendo eu precisava acabar com o ciclo que existia entre nós e eu fiz isso. Era para meu próprio bem.

-Você deixou aquele Filho da Puta te ver? Ficou louca? -Suas mãos me empurraram com delicadeza de seu corpo e eu pus toda a força que tinha para me segurar nele, sua raiva que eu conheci no início estava claramente em minha frente, e eu não o queria como o homem odioso que conheci.

-Não! Ele me procurou e de uma vez eu terminei tudo! Eu precisava fazer isso se quisesse ter uma chance de ser feliz Dimitri! Foi minha escolha e eu não me arrependo.

-Por quê? Em Luiza? Diga-me o por quê?

-Porque eu te amo... amo você e queria ser toda sua sem uma bagagem me atrapalhando. -As lágrimas ardiam em meus olhos quando o soltei e corri fora do banheiro em busca das minhas roupas. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, meu corpo foi arremessado sobre a cama e suas mãos forçaram minhas pernas abertas quando sobre mim seu corpo nu ficou.

-Diz... fala que me ama de novo! Fala enquanto eu amo seu corpo, fala!.
-Seu membro me invadiu fazendo-me suspirar e me entregar ainda mais a ele, eu sentia sua necessidade misturada ao desejo de me possuir sem limites naquele momento. Não havia nenhuma gota de vergonha em mim, eu o amava e o pouco que recebi dele, foi o necessário para meu coração ser tomado. Não éramos pessoas perfeitas, mais nossos corações pareciam se conhecer a muito tempo. Desde o primeiro olhar.

-Eu te amo, amo tanto que chega a doer. -Um grito saiu do fundo da minha alma quando seus movimentos me rasgavam de um jeito sem explicação, senti sua mordida forte na minha garganta e sem pensar eu o puxei ainda mais para dentro.

-Você... mudou minha vida Porra! Mudou! Não maneiras de esconder que eu sou o mais apaixonado por Você meu amor! Eu te amo... eu te amo Luiza! -Entrelacei nossas línguas enquanto as lágrimas saiam de meus olhos, não lágrimas de tristeza ou dor, mais sim de pura felicidade e amor, o verdadeiro e conturbado que a vida havia mandado para mim, eu so tinha o que agradecer.

DIMITRI

-Abra a boca. -Instruí e ela fez como pedi abocanhando um pedaço grande de bolo. Estávamos em minha sala de jantar tomando um café da manhã atrasado, Luiza permanência em meu colo enquanto eu a alimentava. Meu rosto ainda estava dolorido por tanto sorrir, não dava pra acreditar que alguém além de Max, conseguia sentir amor por mim, era tão bom, que até chegava a dar medo. Enfiei meu rosto em seu pescoço sentindo meu cheiro misturado ao dela, mesmo depois de um banho juntos, o perfume natural continuava o mesmo.

-Pare com isso... não posso voltar pro quarto, eu preciso estar em casa, amanhã trabalho cedo.

-Trabalhar? Com outros homens assim como você cuidava de mim?

-Sim, eu trabalho com homens e mulheres, o que tem nisso? É meu trabalho Dimitri.

-Não sei se gosto disso!

-É meu trabalho, aliás, o que pretende fazer agora? Você abriu mão da empresa pro seu pai, o que vai fazer da vida? Todos precisam de um rumo, até mesmo você.

-Aquilo me fazia mal, tenho dinheiro pra viver bem o resto da vida, mais estou pensando em começar um novo negócio, com você do lado e Max.

-Isso é muito bom, claro que eu vou te ajudar querido, no que eu puder. -Sorrindo beijei seu rosto, essa mulher era minha luz. O som da campainha nos alertou e ela saiu do meu colo. Eu não fazia ideia de quem seria já que Max estava fora da cidade a trabalho.

-Vou atender, fique aqui. -Caminhei e abri a porta vendo uma mulher com os olhos surpresos em mim, e estava pronto pra perguntar seu nome quando de repente ela pulou e se jogou em meus braços chorando e me abraçando em descontrole.

-Esperei tanto tempo, tantos anos meu filho. -Mãe?

TRAÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora