Capítulo 2: Conheça TalkieWarrior (7th Anniversary)

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Jessica, entre todos, era a mais inacreditável. "Havia sido em um dia ensolarado", elas diziam.

Pois bem. Em um dia ensolarado, há vinte e cinco anos, uma cesta encostou-se à areia da praia de Themyscera. Veio boiando calmamente pelas ondas até ser avistada pela rainha Hipólita. A história conta que, quando ela abriu a cesta, viu duas meninas recém-nascidas. Ali mesmo, na praia, ela batizou as meninas como Jessica e Patsy. Que elas eram extraordinárias, disso não havia dúvidas. Afinal, que criança quebraria o feitiço para entrar na ilha encantada? Só poderia haver uma promessa, um destino, ou, no mínimo, uma benção – isso era o que diziam.

Fosse benção, promessa, destino ou as variantes das especulações, as meninas se destacaram de forma inquestionável durante toda a vida. Sempre atuando em dupla apoiando uma à outra, Jessica e Patsy tiveram desempenho muito acima da média em todas as tarefas que lhe foram impostas, principalmente no que tangia à arte da guerra, em geral. Logo, ambas alcançaram o tão reverenciado cargo de general.

Não havia o que temer e não havia o que quebrasse o relacionamento das irmãs. Contudo, Jessica não teria chegado aonde chegou se tudo tivesse sido flores.

Dizem que ninguém nunca soube o que aconteceu. Jessica, pelo menos, não descobriu. Tudo que ela sabia é que havia sido por causa de Circe.

Themyscera, onde as garotas moravam, era uma ilha habitada apenas por amazonas e protegida por um feitiço concedido pelos deuses do Olimpo. Que Jessica soubesse, o feitiço nunca havia sido quebrado antes ou depois delas. Mas de alguma forma, um dia, Circe se comunicou com Patsy. Ela disse ou fez algo, o que Jessica também não sabia. Tudo que sabia é que Circe, de alguma forma, conseguira implantar o mal no coração de sua irmã. Ela a corrompeu, a fez acreditar em algo que, com certeza, não era verdade. "Como" ou "porque" permaneceram dúvidas latentes e dolorosas em seu coração e em sua mente por muito tempo.

Em uma noite, Patsy entrou no quarto da rainha Hipólita com uma espada e atentou contra sua vida. A rainha, no entanto, acordou com os movimentos de Patsy e pôde desviar-se do ataque a tempo – e deu um grito tão alto, que várias amazonas correram para socorrê-la.

Naquela noite, Jessica estava de vigia no castelo. Levantou a cabeça quando ouviu alguém chamá-la pelo apelido:

– Talkie, temos problemas!

Talkie. Ela ganhara o apelido ainda na infância, por não falar muito. Fora dado por sua irmã, de forma irônica apenas como uma brincadeira de criança e acabou se espalhando por todos os conhecidos. Jessica se levantou e correu, seguindo o grupo de amazonas até o quarto da rainha.

– Minha rainha! – Jessica disse, nervosa. – O que houve?!

– Patsy... estava aqui. Com uma espada. – disse a rainha em clara relutância, contudo, firme. – Encontrem-na. E já!

Depois da notícia e da ordem da rainha Hipólita, Jessica, acompanhada por um esquadrão, pôs-se a procurar por Patsy. Contudo, enquanto Talkie, junto a outras amazonas, procuravam por Patsy em Themyscera, essa conseguiu despistá-las. Procuraram por ela em vão durante todo o dia e, ao chegar da noite, Talkie retornou ao palácio para informar à rainha que não obteve êxito em sua missão. Encontrou-a sentada numa cadeira dourada virada para a janela, observando o céu noturno.

– Minha rainha, eu não encontrei Patsy – Jessica deu uma curta pausa, para continuar: – E não vejo razão no ato de Patsy ao tentar lhe atacar. Não acredito que ela tenha feito isso em condições normais.

A rainha, de costas, suspirou com ar pensativo. Logo concordou com sua afirmação com um maneio de cabeça, visto que a dedicação e lealdade das duas irmãs eram conhecidas por toda Themyscera.

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