– Kyle, volte aqui! O que está fazendo?! – Gritou uma das professoras da escola primária de Coast City, desesperada, ao avistar o garoto correndo em direção ao portão da escola em chamas.
As labaredas se espalhavam rapidamente, alimentadas por um vazamento de gás no refeitório, ameaçando consumir um dos blocos de ensino por completo. A ordem de evacuação foi dada, e todos os alunos e instrutores se apressavam para sair do prédio em chamas. No meio da confusão, o jovem Kyle Vengeance percebeu que um de seus amigos havia ficado para trás. Ele tentou alertar sua professora sobre o colega em perigo, mas o caos ao seu redor tornou sua voz imperceptível.
Sem enxergar alternativa, o garoto ajustou a pequena lancheira vermelha em suas costas e virou o boné para trás. Em um ato de coragem, pulou a barreira de segurança colocada pelos bombeiros e correu em direção à escola em chamas. Alguns colegas tentaram segui-lo, movidos pelo instinto de solidariedade, mas foram detidos pelos instrutores, que priorizavam a segurança de todos.
Adentrando o bloco em chamas, Kyle encontrou-se imerso em uma nuvem densa de fumaça, que dificultava sua visão e tornava a respiração penosa. Nesse momento, a gravidade da situação tornou-se clara. Sem hesitar, o jovem herói abriu sua lancheira rapidamente, revelando sua garrafa especial do Ben 10, que sempre o acompanhava. Despejando toda a água no interior de sua toalhinha de lanche, ele a posicionou diante do nariz, improvisando um meio de proteger-se temporariamente da fumaça sufocante.
Pouco antes do acidente, o amigo de Kyle o informou que voltaria para a sala de aula a fim de concluir uma tarefa de casa pendente; aquele era o único local onde poderia estar naquele momento. O jovem correu decididamente em direção à escada principal, buscando alcançar o terceiro andar. Contudo, ao subir alguns degraus, seus olhos arregalaram-se ao constatar que a passagem já estava obstruída por destroços da estrutura em chamas. O fogo se alastrava rapidamente, engolindo tudo em seu caminho, e Kyle não teve alternativa senão dar meia volta.
Rapidamente, ele chegou novamente ao térreo e, decidido a encontrar uma rota segura, virou à esquerda, seguindo por um amplo corredor ainda não afetado pelas chamas. O tempo era um inimigo implacável, mas a vontade de salvar seu amigo superava qualquer obstáculo. Após alguns minutos de busca incessante por um caminho livre para o andar superior, Kyle finalmente chegou a uma rampa que dava acesso à área da creche.
Com uma mão apoiada no corrimão e a outra pressionada contra o rosto, Kyle lutava para manter o ritmo dos passos em meio ao caos. Seu corpo estava exausto, e cada passo parecia pesar toneladas. O calor insuportável do incêndio fazia seu suor escorrer como uma cachoeira, enquanto suas pernas tremiam como as engrenagens de um carro velho prestes a quebrar.
Os olhos da criança ardiam, ameaçando se fechar a qualquer momento, mas ele resistia. A determinação em salvar seu amigo impulsionava-o a continuar, mesmo quando suas forças pareciam se esgotar completamente. As vozes ao longe chamando por ele mal conseguiam alcançar seus ouvidos, e Kyle mal tinha energia para responder. Em meio ao cansaço e ao desespero, ele seguia em frente, um passo de cada vez, em direção à sala de aula onde seu amigo havia ficado para trás. Finalmente, após uma jornada que pareceu durar uma eternidade, ele chegou ao destino.
Ao abrir a porta, Kyle se viu imerso em uma densa nuvem de fumaça que parecia engolir tudo ao seu redor. Seus olhos ardiam e sua respiração estava cada vez mais difícil. Desesperado, ele procurou pelo amigo e, no final da sala, avistou Gerald quase inconsciente, escondido debaixo de uma mesa.
Sem hesitar, o jovem herói subiu em uma das mesas, abrindo a janela para permitir a entrada de ar fresco e dissipar parte da fumaça sufocante. Correu até o amigo mais velho, chamando-o desesperadamente para acordar, mas sem sucesso. A frustração e o medo se misturavam em seu peito, mas Kyle não desistiria.
Com os olhos marejados e a garganta ardendo, ele colocou sua toalha úmida no rosto do amigo, buscando amenizar o desconforto. Sentou-se ao lado dele, encostando-se na parede, e virou o boné para frente, determinado a encontrar uma solução.
Olhando para a janela, o garoto esperava que alguém notasse a abertura e viesse em seu auxílio. Mas, no fundo, ele sabia que não podia contar apenas com a ajuda externa. Kyle confiou em seus instintos e crenças, juntando suas mãos em uma prece silenciosa.
Não levou nem um minuto para que um estrondo ecoasse pela sala em chamas. Kyle apertou os olhos, se preparando para o pior. Cobriu o rosto com as mãos, esperando o impacto que nunca veio. Em vez disso, uma repentina queda de temperatura o surpreendeu. Sentiu-se sendo erguido por alguém, e um brilho verde intenso pareceu envolver o local.
Quando abriu os olhos novamente, mal podia acreditar no que via. Estava flutuando sobre a escola em chamas, realizando o sonho de voar que alimentava desde sempre. A excitação tomou conta de seu coração, e a adrenalina o impediu de questionar como chegou até ali, ou se talvez já estivesse morto. Naquele instante, nada disso importava.
Descendo suavemente em direção ao pátio, Kyle percebeu que estava sendo carregado por alguém com uma imponente capa vermelha. Sua visão ainda estava turva, mas não havia dúvidas em sua mente: aquele era seu herói favorito, o Superman.
O kryptoniano desceu suavemente e depositou Kyle, ainda pálido, com cuidado em cima de um capô de carro, próximo à unidade de emergência que prestava socorro às pessoas no local. Logo atrás, John Stewart, o Lanterna Verde, chegou com o amigo desacordado nos braços e o entregou aos paramédicos com urgência.
– Você está bem, garoto? – perguntou Superman, abaixando-se para ficar na altura do pequeno herói.
Kyle, ainda atordoado, retirou o boné e assentiu com um sorriso tímido, incapaz de conter a mistura de emoções que se abatia sobre ele. A presença do herói, ali tão próximo, era quase inacreditável.
Percebendo que o jovem estava em segurança, Superman não resistiu em abraçá-lo afetuosamente. O calor daquele abraço trouxe conforto e esperança ao coração de Kyle.
Em seguida, o heróis levantaram voo novamente, retornando ao local do incêndio para ajudar a combater as chamas e garantir a segurança de todos. Alguns minutos depois, enquanto os paramédicos cuidavam dele, Kyle olhou para o céu, vendo o rastro luminoso do Lanterna Verde e do Superman, símbolos da esperança que o mundo precisava.
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Beyond Heroes: Origins
Science FictionTrailer no primeiro capítulo! Nenhum herói nasce herói. Um herói é construído, moldado, forjado, testado. Um verdadeiro herói renasce das cinzas, da dor, da decepção, da perda. Um verdadeiro herói é aquele que luta para que os outros não passem pel...