Templários. Rylai nunca soube, ao certo, o motivo de tamanha admiração a eles por parte de seu pai. Ezra Vengeance, professor de história na Universidade de Gotham, encheu seu escritório em casa com imagens dos templários pelas paredes. Era poético, ela admitia, mas a Ordem do Templo estava morta há séculos – não havia motivos para tamanha adoração.
Sua mãe não era diferente. A professora de astronomia Alura Vengeance também encheu sua sala com imagens do céu. Em cada imagem que estava sendo trabalhada, ela fazia um grande "x" de caneta vermelha no ponto onde as atenções deveriam se focar.
Os livros abarrotados nos cantos e as paredes cheias a fizeram ter aversão a muitos objetos juntos, por isso acabou desenvolvendo gosto pelo minimalismo. Rylai cresceu vendo fotos de cavaleiros destemidos e estrelas longínquas pelas paredes da casa e esperava que seria assim até que alcançasse a idade adulta e saísse de casa.
Como percebe-se, não foi.
Era só mais uma das comuns noites chuvosas em Gotham. Bem, deveria ser. Rylai estava em casa, mas seus pais haviam ido a um evento na Universidade. Após muita conversa e fotos, os professores tomaram rumo ao seu lar. A escuridão, a chuva, o cansaço. Nunca descobriram, ao certo, o que ocorreu a Ezra.
Em uma curva, o carro saiu da pista e caiu no mar. Não havia vilão para culpar. Era só mais um acidente do tipo que acontece todos os dias e ninguém nunca presta muita atenção. Pelo o que foi constatado, Alura e Ezra Vengeance morreram ainda dentro do carro submerso.
O que aconteceu a seguir, já pode se deduzir. Rylai chorou o que pôde, visitou o local do acidente quantas vezes pôde e se culpou de jamais ter perguntado a seu pai o motivo da adoração pela Ordem do Templo ou a sua mãe sobre as estrelas.
Quando tudo aconteceu, ela tinha quinze anos. Após alguns dias, foi-se dito que ela precisaria morar com um parente maior de idade. Arrumou suas coisas, pegou algumas imagens das paredes e se mudou para o apartamento do primo Kyle em Metrópolis.
Era um apartamento pequeno no centro. Talvez por culpa, talvez por saudosismo, Rylai fez questão de comprar um telescópio e pôr na sacada para observar as estrelas. Isso acabou virando um hábito; todas as noites, antes de dormir, mapeava e estudava o céu que podia ver de formas diferentes. Dois anos se passaram e esse hábito nunca esvaneceu.
Depois desses dois anos, foi em mais uma noite incomum que algo diferente aconteceu. Ela estava observando, como de costume. Então, de repente, um projétil azul cruzou sua visão. Espantou-se por um segundo e rapidamente seguiu-o com o telescópio até ver onde ele havia caído.
Atônita, ergueu-se. Sem pensar duas vezes, disparou pelo apartamento e saiu correndo para a rua. No térreo do prédio, pegou sua bicicleta e pedalou para onde pensava ter visto a luz azul ir. Pedalou incansavelmente por cerca de vinte minutos até chegar ao píer.
Finalmente, percebeu que havia caído no mar. A cerca de duzentos metros adentro, pôde ver a iluminação saindo do fundo da água. Engoliu em seco quando pensou em mergulhar, pensando em seus pais.
Deu alguns passos para trás com os punhos cerrados. Ela deveria estar viva por um motivo, certo? Sua vida tinha que ter um motivo. Talvez esse fosse o motivo, talvez fosse o momento de demonstrar sua virtù.
Pegou impulso com os passos dados para trás e pulou no mar. Deu braçadas até chegar ao local de onde a luz irradiava. Respirou fundo duas ou oito vezes, prendeu a respiração e mergulhou na direção da luz.
Ao chegar ao fundo, percebeu que era como uma bola de luz que irradiava várias cores, mas principalmente azul claro. Esticou seu braço na direção do objeto e percebeu que quanto mais se aproximava, mais gelado ficava. Parou por um segundo, mas em seguida voltou a mover a mão na direção da luz.
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Beyond Heroes: Origins
Science FictionTrailer no primeiro capítulo! Nenhum herói nasce herói. Um herói é construído, moldado, forjado, testado. Um verdadeiro herói renasce das cinzas, da dor, da decepção, da perda. Um verdadeiro herói é aquele que luta para que os outros não passem pel...